Você foi muito pontual nas suas divagações
sobre o ponto, porém ninguém consegue numa
única obra abordar todos os pontos.
Há sempre um ponto onde alguém pode meter o
bedelho e dizer:
-Este ponto não foi contemplado no seu exercício.
E se você encontrar nesta crítica um ponto de
discórdia, alguém sempre poderá exclamar:
- Há que ponto chegamos!
Sou adepto da culinária e alguns dos pontos que me fascinam são os pontos do açúcar:
No ponto de pasta o açúcar deve escorrer pela colher, deixando uma leve camada aderente.
No ponto de fio ou ponto de cabelo, ele deve escorregar da colher em fios finíssimos.
No ponto de pérola formam-se umas bolinhas nas pontas do fio que escorre pela colher.
No ponto de espadana a calda deve cair da colher em fios grossos.
No ponto de areia o açúcar começa a secar e agarra-se às paredes da caçarola, tornando-se saliente.
No ponto de rebuçado, uma colher da calda escorrida numa tigela de água fria deve formar bolhas.
Já o ponto de caramelo é quando o açúcar começa
a escurecer.
Existem também os pontos da carne grelhada
que são "mal passada", "bem passada" e "ao ponto",
mas estes são pontos relativos, já que na França
quando se quer comer um grelhado "ao ponto" deve-se pedir "bien cuit", ou seja, "bem passado", isto porque os franceses comem a carne quase crua.
Deduzimos portanto que a análise do ponto não é
uma ciência exata, pois dá margem a interpretações
subjetivas, que divergem em diversos pontos.
Por exemplo, em qualquer ponto de um programa de
computador (disto eu entendo) o programador pode
incluir um desvio para outro ponto qualquer. Existem milhares de maneiras de se fazer um programa, para se chegar ao mesmo ponto: a satsifação de quem o utiliza.
Meu caro Domingos, se tentássemos esgotar o assunto gastaríamos muitas laudas e talvez chegássemos a ponto de enlouquecer, por isso não esticarei mais esta carta, parando neste ponto e mencionando para finalizar o ponto que mais gosto e que muito me interessa: o ponto G.