O menino-poeta-encanecido da beira do rio sente uma saudade pungente das velhas estórias contadas na sua cidade bucólica. Ele (moleque) está presente nas recordações do poeta comovido que busca nas lembranças da infância um porto seguro para atracar a nave dos seus sonhos.
E imita, como dizia outro poeta, os tormentosos galhos do cajueiro, " um artista torturado a procura de versos".
E enxerga o avô morto longe do rio, no alto da "chapada da distância", cavalgando um alazão multicolorido.
O rio-vida passa diante dos olhos do poeta, mesclando visões, auroras, crepúsculos, canções, aromas, paisagens, arco-iris, brisas e trovões.Tem, de permeio," um caburé com frio, piando, piando e as cantigas de águas claras".
Daqui, relendo o José Maria( como eu lembro as declamações dos poemas de Jader de Carvalho no velho DSP!) envio o meu abraço fraterno, desejando que ele não deixe nunca a pena estancar, assim como o batuqueiro do morro jamais permite que o samba morra.
P.S. É isto, meu caro Barros Pinho, navegamos todos nas águas deste rio-oceano, que banha as praias da nossa infância e leva o barco da nossa existência para os rumos ignotos do porvir.
Abraços do Ronald Soares