Parar o tempo, para podermos sentir a verdade nas ações, fazê-las durarem o que for, como for. A agonia dos segundos que passam, “time is money”, já pensei em pedir para o dia absorver mais horas, de maneira que poderia ter espaço para viver e sentir, não adianta, essas horas extras se transformariam em essenciais para o alimento da produção, para a confirmação dos papéis sociais e a manutenção do funcionamento do sistema. Essa prosa é a favor do tempo, ou contra o mesmo, é uma espécie de rogação a não fazer nada, de repente. Um elogio ao ócio, o verdadeiramente necessário. Acho que é isso, não quero fazer nada, e ter o tempo a meu favor, jogando no meu time.
Ficar estática, sem a sensação de que estou “perdendo” tempo, de que estou ficando para trás. Sem o peso na consciência de que o dito cujo “voou”. Quero deixá-lo escorrer entre meus dedos, como areia fina, aos poucos, brincar com ele, moldá-lo à minha maneira. Prolongar a gargalhada, o sorriso dos queridos meus, dos que amo, esticar o sentir como um elástico fino até não poder mais. A vontade de parar, simplesmente deitar, me embriagar do que fui, do que sou e do que serei.
O meu pesar é legítimo, a necessidade de descontinuar, desconstruir as regrinhas do senhor tempo, ignorá-lo solenemente. Experimentar o frio o gelado, o quente, alternadamente, sem pressa. E fazer nada com você, sem o seu relógio rápido demais, incompatível com o meu, deitar na grama ainda molhada e, de olhos, fechados, fingir que não existem datas e horários. Pretender o meu sentimento como absoluto, eterno.