Sou do tipo que ainda busca em uma companheira a segurança, a força, a proteção que todos nós, os românticos, precisamos para superar as malícias e as maldades do mundo.
Para mim, a pessoa com quem nos propomos a compartilhar (na essência da palavra ) as nossas experiências, é alguém em que podemos confiar os nossos mais embaraçosos defeitos, os nossos desejos mais extravagantes, é alguém a quem podemos abrir os nossos lugares mais recônditos, o nosso âmago, o nosso eu.
É aquela a qual tomamos por local de descanso, em que vemos nosso retiro, nosso porto seguro, nosso ancoradouro.
É aquela para quem olhamos como quem olha o único, o inseparável, irrepartível, o inimputável, algo de mais sólido que trazemos junto ao nosso corpo, mais sólido que nosso caráter, (por isso, às vezes, o mudamos em prol da pessoa escolhida ), e, sem medo de errar, mais importante que nós mesmos.
É quase loucura, é uma atitude quase marginal, é fora dos padrões, fora da moral, fora da lei da sobrevivência, fora da Natureza.
Quem se doa assim acaba sendo incompreendido, não por maldade (até porque pela grandeza ou mediocridade, [hoje já há imprecisão ] dos sentimentos não as vejo, mesmo que sejam tão claras e límpidas que um dia findamos em tropeçar nelas ), não por desamor.
Tanto querer corrompe a amizade. Tudo acaba apenas pelo sentimento mais nobre e puro que alguém pode nutrir, tudo acaba pelo ideal que é destorcido, aleijado, corrompido.
É irônico e causa um sorriso oblíquo, uma dor no peito. É algo que não se adjetiva, não é raiva nem rancor, também não é amor nem desamor, não é normal, também não é extraordinário. É uma dor que faz com que tenhamos momentos de força interna e vontade de dar a volta por cima, que nos faz também, pensar. Pensar profundamente...
Engraçado como tudo é tão cíclico e rotineiro, mas também é espantoso como, mesmo com toda esta ciclicidade a vida é simplesmente imprevisível, imprognosticável .
Eu amo, ou amei. Hoje não consigo saber o que sinto. Mas a vida está aí para mostrar, pelo menos, como tudo se desenrola e desemboca no mar da própria vida.
Afinal existem frases, que podem exprimir o conforto de saber que alguém, em algum lugar já passou por tudo isto:
“Viver é recomeçar quantas vezes for preciso”. Eu diria: “De preferência com a pessoa amada.”
O Poetinha andou escrevendo das suas com: “...Que seja eterno enquanto dure...” , e tenho de assumir, tudo é muito eterno e terno, na verdade.
Sem demagogias ou palavras vazias, posso me considerar o, ou um dos últimos, românticos? Se estes existem...
E.T.: Ainda hoje, me locupleto de dores e tristezas. Tristezas profundas, daquelas que nos fazem suspirar profundamente. Tudo é tão profundo..., mas prometo tentar desenvolver algumas outras páginas, em outros dias, em horas de alegria e momentos que a vida ainda irá me fazer degustar .