Vejo a folha, aumento a bolha, tiro a rolha. Malho em casa crio asa me acolho,
É nas migalhas, que espalhas e mostras brechas, nas mechas que flechas;
Suas brincadeiras, cirandeiras, dá bandeira, vem pela beira, és a primeira a amar.
Emprestas tua gostosura, vem na gula, o tempo pula, me anula, quebro minha jura.
Na maldade: tens liberdade, tens vaidade, tens a saudade, tens tudo, mas me deixas mudo. Na tua beleza pura, se entrega me fatura, me arrasta me segura, cozinha na minha fervura, me apresentas o céu. Nas palavras enigmáticas, labirintas e temáticas, alegres e antipáticas, tão sutis e sistemáticas, meu fico eu em você, meu querer em se perder, meu ser em ti, te lamber, nesse bom benfazejo, mesmo entre tapas e beijos.
Se te maltrato, te cato, eu te auto-retrato, me fazes de gato e sapato, mas te guardo na emoção, para preencher teu vão, vou invadir teu coração. No verbo maluco, caduco, abirobado, que segue firme calado, mas grita no teu ouvido, te alisa atrevido, perturbando teu sentido, te traspassa com a lança, aceita tua confiança, sobe na tua trança, faz a dança... Aceita tua sedução. Tua respiração ofegante, tua decisão excitante, tua resposta escaldante, tua sede elegante, me lembrando que és minha! Tomo posse da rainha, sou o dono do teu corpo, do teu gosto, sou teu oposto e sempre te terei, eu sou teu rei.