Procurar doadores de coração, por cedência própria em vida, santinho, é uma ideia que só em poesia se admite. Mas sinceramente, do meu coração poéticamente doado, se maugrado fosse necessário cedê-lo na realidade para salvar a vida de quem amo, creiam, não hesitaria um segundo.
Entregava-me com a maior calma desta vida à operação. Adormeceria feliz e partiria depois para o espaço neutral onde nunca mais sentiria sensação alguma. Esplêndido!
Por consequência, Rose, num ou noutro caso, não posso oferecer-lhe o meu coração. Posso sim, conceder-lhe a minha simpatia e a provável amizade que possa advir desta relação virtual.
Rose de Castro, a Poeta?!
No Brasil usa-se designar as mulheres que fazem poesia por poetas. Em Portugal, não soa bem, não desliza agradávelmente no nosso tipo e hábito de linguagem e ouvido. Poetisa, quanto a mim, é mais suave e aplica-se com propositada e inteira propriedade a uma mulher, que é sem dúvida, pela parte dos homens, o mais lídimo motivo de poesia.
Só não percebo lá muito bem (não percebo nem que queira) o porquê dos bons e grandes poetas, em maioria, serem homosexuais. Considero estranhíssima que tal condição avassale o mundo da poesia. Enfim... Não se pode saber tudo sobre a pele das pessoas na realidade...