Certo dia, um cachorro mordeu a bunda de um rapaz. Antes de ir ao médico, o mordido queria ter certeza de que aquele bicho era realmente um cachorro. Começou a mostrar a bunda a todos os amigos e conhecidos da rua onde morava, perguntando o que tinha ocorrido com seu lindo bumbum.
Um disse que devia ser mordida de cachorro, os caninos foram fundo naquela geléia macilenta, não havia dúvida que era um cachorro. Outro, porém, disse que era um cão, pelo tipo de mordida, só podia ser um cão. Um terceiro disse que a mordida devia ser de um cusco gaúcho preconceituso, mordeu o lindo bumbum achando que era de um habitante de Pelotas.
Assim são muitos dos rapazes que ultimamente apareceram em Usina de Letras, para colocar seu bumbum de fora. Como não têm opinião própria, buscam sempre checar suas certezas e suas verdades com a patota que os envolve e asfixia. Autoproclamando-se de autênticos, lúcidos, puros, democratas, debochados, mordazes, os melhores escritores do mundo, na verdade não sabem nada, apenas macaqueiam em reflexo condicionado o que aprenderam (?) nas universidades, hoje comandadas pela libélulas da USP, pelas mariposas da UNICAMP, pelas borboletas da UnB.
Se aparece alguém em Usina, por exemplo, e escreve algo que não é visto como sendo um "conhecimento coletivo" dessa macacada, um bando todo é chamado para sacolejar as árvores onde habitam, emitindo seus grunhidos em protesto contra a audácia do invasor.
Não tardará, alguém vai meter a naba no rabo de um destes rapazes. Aí ele irá mostrar seu lindo bumbum a todo mundo, perguntando se aquilo é uma cenoura, um nabo ou um consolo-de-viúva.
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Obs.: Não perca amanhã "Os embaladores de peido", nesta Usina.