Muitas coisas aconteceram este ano, mas eu preciso te falar sobre uma em especial...
Eu sei que deveria te contar isso pessoalmente, mas não consegui, vontade não faltou, o que faltou mesmo foi coragem. Como agora nos formamos e a escola acabou, com certeza iremos nos ver bem menos vezes do que estávamos acostumados, e mesmo que tentemos não vamos conseguir manter essa forte amizade que se formou entre nós... Aos poucos o vento levará as folhas, e sobrarão apenas galhos, apenas lembranças...
O que eu preciso te contar, mas agora já nem sei se devo, é realmente mais forte que o vento, é mais forte que o próprio tempo que passou, mas não conseguiu apagar essa chama que se acendeu lá no fundo. Chama essa que tantas alegrias me trouxe, me esquentou, me iluminou, mas infelizmente também me queimou...
Talvez o que mais me fez chorar, não foram as magoas de um amor não correspondido, mas sim a sensação daquele amor não entendido... Não devemos chorar pelo leite que derramou, mas devemos sim chorar por termos esquecido de por a tampa, e termos nós deixado ele derramar.
Mas estou vivo, logo ainda tenho esperança, consigo achar lá no fundo uma gota de água para regar esse jardim, que eu julgava morto... Então eu gostaria de abrir para você esse baú que tanto tentei fechar, mas não consegui. Não quero que você me veja como apenas mais um que se encantou com teu sorriso, com teus olhos enfim, também não quero ser comparado com certo amigo nosso que jurou amor eterno, mas que na verdade buscava apenas uma realização pessoal. Eu não sou assim. Tudo o que eu falei, tudo que escrevi foi verdadeiro, às vezes podia parecer que não, mas também do coração a realidade há um longo caminho a percorrer e muitas vezes as palavras acabam se perdendo...
Não sei se já falei tudo ou se já falei o que queria, mas vou continuar...
Não quero que penses também que estou tentando arrancar de ti pena, ou remorso eu apenas quero que você saiba que um dia houve alguém que chorou, que quis alcançar a lua, mas se viu amarrado ao chão que quis conquistar o mar mas acabou enterrado na areia...
Está surpresa? Talvez sim, talvez não como posso eu saber? Quem sou eu pra saber o que os outros sentem às vezes nem mesmo o que eu sinto consigo decifrar... Quando pensei que estava no caminho certo a ponte que eu cruzava desabou e eu, sendo levado pela correnteza, vi a felicidade lá longe, cada vez mais longe, cada vez mais distante, cada vez mais impossível...
Impossível... Terrível essa palavra, não? Será que existe sensação pior do que aquela de querer plantar num solo que não é fértil, de querer pescar em lago sem peixes, de querer escrever sem amor...
O amor, esse combustível que me faz viver, me faz sonhar, mas também quase me matou, não nunca pensei em suicídio! A vida é um bem que não posso jogar fora de uma hora para outra, mas mesmo assim eu quase morri... Quase morri quando descobri que minhas lágrimas tinham sido em vão, quando me dei conta que este mundo não era meu, pois se não o consigo entender como posso então a ele pertencer?
Não é estranho? Eu disposto a entregar minha vida, meu coração e o que você fazia? Resolvia correr para quem não te amava nem um quinto do que eu amei, corria para aqueles que apenas precisavam de um corpo pra se vangloriar, e deixavam de lado o que você tem de melhor: Tua aura, teu poder de fazer um réles sonhador voar...
Bom, preciso acabar este depoimento, como? Não sei, é difícil passar os sentimentos para o papel, mas eu tentei, se serei compreendido não sei, mas ao menos poderei dormir mais leve, sem aquele peso que tanto tempo carreguei...
E será que vou dormir feliz? Bem, Isso já não depende de mim...