Paulo Leite - MÍDIA SEM MÁSCARAPor trás do pacifismo de ocasião
Eles se escondem atrás de uma retórica anti-guerra. Querem apenas evitar a morte de iraquianos inocentes. Mas, por trás dos protestos pela paz, se esconde uma agenda bastante clara: trazer de volta o que muita gente julgava uma ideologia fracassada desde a queda da União Soviética, empurrada à bancarrota pelo ex-presidente Ronald Reagan.
O movimento, na verdade, é anti-livre iniciativa, anti-democracia, anti-liberdade. Poucas pessoas são mais ativas nesse movimento que Ramsey Clark, fundador do Centro para a Ação Internacional (AIC), e Attorney-General (equivalente ao Ministro da Justiça) dos Estados Unidos na administração Lyndon Johnson. Um norte-americano que odeia os Estados Unidos, é descrito por um ex-colega como "um homem bom, que perdeu os parafusos há pelo menos uns 28 anos.
O Centro para a Ação Internacional de Ramsey Clark é, na verdade, um pouco menos suspeita para o Partido Mundial dos Trabalhadores, organização trotskista que - segundo seu na "luta por uma sociedade socialista, onde a riqueza é propriedade social e a produção é planejada para satisfazer as necessidades humanas. Isto é também o que trabalhadores ao redor do mundo, de Cuba à China, se esforçam por alcançar. A organização ANSWER (sigla que significa "Agir agora para parar a guerra e acabar com o racismo"), promotora de vários protestos contra a guerra, também é uma frente não só para o Centro para a Ação Internacional e o Partido Mundial dos Trabalhadores, mas para uma longa lista de organizações de extrema-esquerda em todo o mundo.
Só como parêntese, é interessante notar que o pai do Ramsey Clark hoje denuncia o interesse pelo petróleo iraquiano como o motivo para a guerra fazia "lobby" para produtores de petróleo do Texas, antes de ser nomeado Attorney-General pelo presidente Truman. Tom Clark enfrentou escândalo após escândalo, sendo inclusive acusado de receber dinheiro da Máfia. Truman admitiu que nomear Clark "foi provavelmente meu maior erro. Não é que ele seja má pessoa, é que ele é um filho da puta ignorante.
Outra curiosidade: quando Ramsey Clark era Ministro da Justiça, em 1968, mandou processar o médico Benjamin por defender a queima dos cartões de convocação militar por parte dos jovens que eram contra a guerra do Vietnã. Na revista New Republic, em 1991, o jornalista John B. Judis contou que durante a campanha presidencial de 1968, Clark gritou para um bando de manifestantes anti-guerra que eles deveriam ir se queixar em Hanói, e não em Washington.
Talvez por ter sido apontado (justa ou injustamente) como um dos responsáveis pela derrota dos Democratas para Richard Nixon, Ramsey Clark deu uma guinada total para a esquerda. Como advogado, começou a defender desertores das Forças Armadas, Panteras Negras e ooutros radicais. Em 1980, no auge da crise gerada pelo sequestro de um grupo de americanos em Teerã (mantidos como reféns por 444 dias), Clark foi a Teerã para promover um debate chamado "Os Crimes da América". Ele se encontrou com ditadores como Muamar Kadafi e Slobodan Milosevic, e defendeu inclusive o Pastor Elizaphan Mtakirutimana, acusado de genocídio em Rwanda. Com um currículo desses, não é de estranhar que Ramsey Clark esteja agora defendendo o "impeachment" de George W. Bush, um presidente cuja visão para os Estados Unidos é a de um país forte econômica e politicamente.
Numa entrevista à obscura revista The Sun, Clark observou: "Veja as pessoas que admiramos neste país, os Rockefellers, Bill Gates e Donald Trumps. Como pode uma pessoa moral acumular um bilhão de dólares quando há 10 milhões de crianças morrendo de fome a cada ano? Isso é o melhor que você pode arranjar para fazer com o seu tempo?
O mundo continua cheio de gente que acredita poder guiar nossas vidas melhor que nós mesmos. Essa gente sabe que hoje em dia teria poucaschances políticas se revelasse abertamente a ideologia que defende. Por isso é preciso examinar com cuidado os cordeiros que nos aparecem pela frente, porque sempre pode haver um lobo por baixo.