Isto só acontece aqui, em Uberlândia:
Um cidadão, de carro, para na esquina da Nicomedes com a Rondon e, o que não é novidade, é abordado por uma criança:
— Moço me dá um real.
O cidadão, mão fechada, diz logo:
— Não tenho um real, meu filho.
Para sua grande surpresa, a criança diz:
— Obrigado por não, me dar dinheiro. Participo da campanha contra a esmola para criança.
O cidadão ficou perplexo com aquela situação. Era de praxe responder “não”e o agradecimento pelo “não” pareceu-lhe gozação. Só acreditou quando a criança entregou-lhe um encarte de propaganda da Prefeitura.
Seguiu pensativo até o sinaleiro da Rondon com a João Naves. Quando lá parou, um cara meteu-lhe o trinta-e-oito na orelha e disse:
— É um assalto, passa a grana...
O cidadão, disse sorrindo.
— Rá! Nessa eu não caio mais, o seu revolver é de brinquedo.
Ouvi-se dois estampidos. Morreu. Certamente pensou que era uma campanha contra o desarmamento.
03/03/2002