Primeiro, a fazer correr os dedos sobre as teclas quanto me é possível, quero esclarecer a Milene que fui eu, em carta aberta ao João, que aludi a seu nome, efusivamente, claro, e a propósito da graciosa intervenção que Ela teve no ápice escrito que debitou: "Não fume... Beba!".
Com risos simpáticos, evidentemente... Recebi a sugestão da Milene, que foi muito graciosa a castigar os fumadores. Pelo menos, deixava-lhes um copinho para consolarem a alma, e assim é que é: quando se retira a chupeta a um bebé deve-se lhe dar em troca um guisinho, se não ele chora!

Ora eu... Eu comecei a fumar, João, ao faz de conta e por volta dos seis anos. Como via meu pai a cigarrar todo consolado, imitava-o, com um bocadinho de papel de jornal enrolado. Arrancava com os dentes ao "cigajornal" pequenos bocadinhos para ter a sensação de que o artefacto diminuia.

Logo que fui para a escola, com sete anos e passados uns dias, já eu andava em regalo com os outros colegas a fazer grande fumarada. Ah... Apanhei uns ricos estaladões dos meus professores e da minha Mãe, mas não adiantou nada.

Fumei... Fumei de tudo... Folha de videira, barba de milho, beatas apanhadas na rua. Tive até peripécias que davam bem para escrever um grosso volume.

Ora... Certinho... Certinho... Fumo exactamente sem cessar há 55/56 anos e sempre a aumentar. O cigarro hoje funciona comigo como se fosse um alimento cerebral. Sem um cigarro não valho nada.

Fumo actualmente em média cerca de 50 cigarros diários e já andei pelos 80 e pico.

Em lugar de deixar de fumar, tenciono em breve enviar um requerimento à Tabaqueira a pedir-lhes a reforma tabagística: cerca de 1.000 macinhos por ano. Como serei o primeiro no mundo a solicitar tal, é provável que a título de publicidade seja atendido.

Fica aqui pois, com um beijo para a Milene e um abraço para o João, o meu esclarecimento fumegante... Antes que dê fumaça!

Bem hajam.