Foi ali onde corri, brinquei, perdi dentes,
a bola era sempre velha, não era pobre
mas nunca fui mesmo de pedir coisas novas.
Estava feliz em correr e perder dentes, com um pouco de medo.
O chão era meio escorregadio, os sofás me faziam espirrar.
Na cama cobrindo-a uma colcha rosa, sempre,
com fotos de meu avô bailando nos salões com minha avó.
Tinha sim um pequeno jardim, que para nós, crianças
era um mundo a parte, ainda mais que brincávamos com
pessoinhas bem, mas bem menores que a gente.
Sempre aquele cheirinho de café e pão com queijo,
e minha mãe a conversar com minha avó coisas de adultos.
Eram sempre legais os almoços, bem raros diga-se de passagem
que tinham na casa da avó com a família, quanta comida e gritaria,
e nós crianças, corríamos e nossas mães atrás de nós:
_Comem pelo menos um pouco de macarrão, ou frango!!!
Elas gritavam para nós, que tínhamos pouco tempo para aproveitar
pois eu, e minha família morávamos em São Paulo.
Minha mãe sempre tinha ciúmes de minha avó pois éramos grudados,
eu chorava quando tinha que ir embora falando que minha vovózinho era minha mãezinha
De repente um pirralho desses, que bem poderia ser eu vinha chorando:
_Mãe, fulano me bateu!!! _Mãe bati com o olho na quina!!!
Tomávamos uma bronca fenomenal e sentávamos à mesa,
Para aí sim comer macarrão e frango fungando o catarro das narinas...
