Sim, porquê e para quê vai Você "falar com o autor"? Percentualmente assustador, o acto de abrir o dispositivo de comunicação e, sob vil e covarde anonimato, insultar e provocar asperamente alguém que tão somente apresentou uma ideia?
Ao cabo de 15 meses de Usina, medidos no interespaço de 3 anos, careço de remorder a revolta para apresentar calmamente meu parecer, opinião pessoal experimentada aqui hora a hora, dia a dia, mês a mês.
Consabe-se que os irresponsáveis que nada têm para perder, têm por outro lado a hipotese de ganharem alguma coisa entre os escombros da destruíção que provocam. São anónimos que depois se descobrem e vão com cara de anjinhos beneficiar da benesse surripiada. Desses espécimes há-os na Usina aos montes. E não só: convivo com eles face a face todos os dias, polícias, ladrões, prostituas, juízes, padres, donas de casa ditas modernas... E achega, aqui, é de facto para todos e para nenhuns, quiçá também e até para mim.
Sim, que quererá Você do autor?! Comigo, raridades foram aquelas e aqueles que pretendiam deveras cultura. Alguns ensaiaram inclusive imporem-me o inverso. Queriam tudo, menos cultura. Isso têm todos de sobra. Espectacular!
O que quererei eu então porventura do autor... Neste caso que intento, da autora?
Assim e aqui, montra aberta onde todos podemos livremente "falar" escrevendo uns para os outros?
Dona Milene Arder:
Propo-lhe que usemos o insulto adocicado, bem vestidinho, com coerência minimamente intelectual, mas evitando ao limite a exibição snob, vazia, oca de conteúdo útil, do tipo blindado de papel que acabou por provocar tremendo desgaste à maior das raposas do deserto.
A Senhora preconcebe, fácil, que não é de forma alguma a raposa da Usina, nem eu sou o lobo mau da avózinha... Ou somos?!
Decerto, ainda depreende íntima que não se deve lançar anátemas sobre as coisas do espírito. É perigoso, Amiga. O vento leva isso e cedo ou tarde pespega-nos com a trama no rosto.
Preocupa-me que hoje em dia se queira cada vez mais intimidade. Para quê? Para se fingir que existe algo que não se possui? Sou por aqueles que mostrando tudo logram o perfeito domínio do íntimo. Afinal queremos ou não mostrar o que de belo temos.
Adoras Freud, Amiga. Atira-lo a todos como se fosse defeito a obsecada procura de florir a vida pelo sexo. Daí, a pouco e pouco, foste desiludindo o ilusório altar que fui sonhando ao redor de ti...
Vês porque quero eu "falar com a autora" aqui?!
Agora, se quiseres doar algum tempo aos teus usinais concidadãos, aqueles que não entendem o que escrevo, traduz e logra-lhes no meu defeito a fresta de luz... Toma, por exemplo, Platão e glosa-lhes, sofre as insuficiências de meu texto, o magnífico trespasse da antiguidade à hodiernidade.
E sim, então, valerá a pena que o valoroso Waldomiro nos exponha todos à metralha inconsequente do "Fale com o Autor".
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