Sem ela, a magnífica díptera, o internético espaço usinal perderia magnitude e dimensionar-se-ia a um ridículo anão sem movimento, depenado de fada que lhe extinguiria toda a graciosa dinâmica. Perdê-la, envená-la, esmagá-la, colá-la a uma ratoeira pendente e enfim matá-la, seria imperdoável suicídio, espécie de lesa auto-corpo dos sonhadores inveterados. Eu... Oh... Eu matá-la-ia, sim, mas apenas para os outros e guardá-la-ia integral só para mim. Deliciar-me-ia com ela nos mais ajuízados e loucos volteios da vida. Se me finasse na função, o meu último suspiro enfunar-lhe-ia decerto o asado impulso para que lograsse ainda ir mais além. Ela... Ela, sim, como nenhum outro díptero - por mais astuto que seja - sabe e conhece de olhos fechados a paisagem das mosquidões da vida, aquela vida que impulsiona os insectos para o voo e os impele, aqui como em qualquer outro lado, à procura de felicidade e, pasme-se com o paradoxo, vêm para aqui disfarçados de voejantes felizes como se andassem apenas a sacudir o pó das asas, quiçá provávelmente a libertarem-se da merda mental absorvida nas aterragens infelizes. A díptera que concebo, segundo o enlevante e disneyco conceito que resumiu a humanidade ao rato-gato, terá também algo de einsteiniano e radical objectivo, fórmula ideal para fazer desaparecer os resíduos do insuportável odor que nós, dípteros da usínica atracção, vamos largando em cima uns dos outros. Neste azado lance, ocorre-me uma celebrada aleixada que o povo lusofalante ainda não absorveu a contento, apesar de o facto gestual estar bem demonstrado no pino da evidência e tocar-lhe os cegos olhos abertos a cada minuto que passa.. Pois que ainda prefere matar a mosca... Uma mosca sem valor Pousa co a mesma alegria Na careca de um doutor Como em qualquer porcaria!António Aleixo "Nada se perde, tudo se transforma". Quem foi o fundamental díptero que assim pensou? Arre... Era mesmo gigantesco o moscão! Voa... Voa... Díptera Voa imensa sem ter fim Do Outono à Primavera E pousa em cima de mim! Torre da Guia Pensamento: Se me falta engenho e arteQue culpa tenho de amar-te?!... Hoje chego e passo de díptero lindo... Quiçá seja do licor dos dias!Bem... Cuidado... Há sempre um dipterozinho à espreita... Ah... Ah... Ah...Um Dipterozinho... Esse! Vou Kapá-lo... Ah... Ah... Ah... |