ENQUANTO OS OLHOS VOAM... 
Que bela carta em direcção ao limite até onde meus olhos alcançam, de todos os olhos que aprofundem a visão para dentro, em jeito de solilóquio que asperge ternura que acalma e faz repousar o pensamento entre a doçura da mágoa e a contemporização do inevitável. Aceitar a dor em saudade bem ciente de que outrém se abrandou em definitivo e assim se evitou dor mútua maior. Que belo é pintar o triste com aveludada macieza, sufragando a memória e revitalizando ao mesmo tempo a consciência que nos prepara suavemente para o "tem-que-ser" que a tanta gente enegrece de assombro o resto da vida. Não refiro quem escreveu, tão pouco indico título ou conteúdo abordado. Não se está em momento de apreciações directas em cima de nomes e favorecer a ninhada de interpretações nada afoitas à absorção de sentimentos em lágrima cristalina. Talvez no silêncio de cada qual o vento passe sem deixar mossa em tão agradável momento de escrita, pleno de gosto canarinho sobre galho florido em promessa de saborosos frutos. Como brisa que nos delícia o rosto a sucessão de palavras acariciou-me o espírito, como se de gaivota voasse sobre o mar ao pé do arco-íris Torre da Guia |