Era uma manhã de primavera e não bastavam os lírios brancos no quintal, a casa de campo estava repleta de rosas e azaléias.
Depois de brigas com suas famílias, de amizades desfeitas e preconceito, finalmente poderiam ficar juntos.
Conheciam-se há dois anos atrás, em uma festa de um amigo em comum. Conversaram, dançaram, beberam, sentiram uma afinidade entre eles, trocaram idéias, trocaram telefones. A partir desse mero encontro, tiveram tantos outros. Eram passeios no parque, caminhadas por ruas distantes, boates à noite. Até que, um mês depois, em uma outra festa, na cozinha solitária, um beijo aconteceu.
Agora tornaram-se confidentes, íntimos, porém ambas famílias quando souberam do namoro, repugnaram a idéia de estarem juntos. Uma família tão tradicional não aceitaria aquilo, enquanto a outra, que só lhe restavam a mãe e a irmã, apesar de não concordar muito, acabara aos poucos cedendo a sua felicidade.
Assim também foram os amigos; enquanto uma minoria aceitara passivamente, outros nunca mais olharam para seus rostos.
Eram mais que namorados, era uma alma em dois corpos. Juntaram economias e com o apoio de apenas da mãe e da irmã de um deles, conseguiram comprar um modesto apartamento no centro da cidade que aos poucos, além dos encontros marcados lá, passaram a viver juntos.
Entretanto, não sairia nada da família regida por preceitos religiosos e principalmente tradicionais nem dinheiro tampouco apoio. Eles não precisariam, com ambos salários, nada faltaria.
Tudo corria bem, mas o grande sonho ainda era a união dos papéis. Escolheram um dia, conversaram com seus advogados e numa cerimônia simples de uma sexta-feira de setembro, estavam felizmente casados.
E no dia seguinte, na casa de campo de campo de um mesmo amigo – e padrinho – que lhes apresentou, uma festa com a mãe e a irmã que tinham lhes apoiado e alguns amigos que restavam e poucos familiares. As notas musicais de um saxofone e violino se confundiam entre risos e dizeres de felicidade. Entre as mesas espalhadas sobre o tapete verde vivo, garçons desfilavam com bebidas e petiscos. E delicados arranjos enfeitavam a brancura das toalhas de renda sobre as mesmas.
Era o dia mais feliz da vida deles, Carlos e Felipe finalmente estavam casados.