Estavam todos embriagados, riam alto, gesticulavam, discutiam e queriam emoções novas, divertimento.Passaram defronte a igreja. Eurico, barbudo e desgrenhado fez um gesto de alto com as duas mãos e provocou o resto do grupo:
- Que tal se nós arrombássemos a igreja e fizéssemos uma zorra lá dentro!?
Ricardo, o que usava calça e blusão jeans surrado, riu e respondeu:
- É, vamos fazer putaria na casa do seu vigário.
Amélia e Rosário concordaram, afinal, já estavam com muitas cervejas na cabeça e o seu raciocínio já estava bastante comprometido.
Carlos pegou a chave de roda do carro e, como se ela fosse um pé-de-cabra, forçou a porta do templo que não demorou a ceder.
A igreja estava em silêncio e no escuro quase total. Somente duas velas votivas perto das imagens de Nossa Senhora Desatadora dos Nós e do Coração de Jesus, além da luzinha vermelho próxima ao sacrário.
A primeira coisa que fizeram foi colocar as imagens de cabeça para baixo, utilizando muita cêra daas velas para firma-las naquela posição. Depois, ficaram nus e dançaram freneticamente ao som de músicas imaginárias, rindo e fazendo gestos obscenos para o altar, encimado pelo crucifixo.
Forçaram o sacrário e retiraram todas as hóstias, espalhando-as pelo chão, pisando-as em seguida.
Já de madrugada, cansados e entediados, resolveram sair dali, deixando o rastro da desordem e da profanação.
Não andaram mais que dois quilômetros, o carro capotou e morreram todos, coincidência?, de cabeça para baixo.