Estavam lá mais uma vez.
Fazia tempo.
Dividida entre ficar e ir embora, ela se perguntava do que falariam, por que estavam ali mais uma vez. Tinham alguma coisa em comum como alguns gostos:deles poderiam falar. Poderiam também perguntar sobre pessoas, lugares familiares, falar sobre o tempo. Ela contando do seu dia a dia, coisa aqui, coisa ali, contava um pouco dos dias atuais.
Ele ouvia. Vez ou outra perguntava algo não tão bem explicado, até ficar satisfeito.
Contava de si também, pedia algum comentário aqui e ali. Falava do seutrabalho, seus sonhos. Falavam de músicas também.
O tempo ia passando. Algumas vezes baixava um silêncio, mas dessa vez ela não se incomodava com isso.
Ela continuou conversando. Optou por não ir embora, queria saber como tudo seguiria.
Fazia frio.
Outros chegavam e a cumprimentavam, puxavam assunto, ela respondia, pedia umtempinho, se justificava por não poder dispensar sua atenção, pois ele aindapermanecia.
Enquanto o tempo passava e conversavam, ia absorvendo a situação e, entre lacunas de conversa, se admirava por estar serena. Fosse tempos atrás,certamente se sentiria mal diante da distância que se formou. Fossem outros tempos faria de tudo para se manter presente, se fazer querida. E meteria os pés pelas mãos tamanha ansiedade. E se machucaria mais um pouco. E choraria, se perturbaria.
Mas estavam lá apenas, um encontro casual de duas pessoas que um dia olharam namesma direção, que sonharam um mesmo sonho, perguntando um do outro, mas não falando tão diretamente de seus sentimentos, de amores. O assunto foi morrendo e ele se retirou.
Ela ficou lá, parada, depois sacudiu a cabeça, respirou fundo, carinho presente. Deixaria para pensar depois.
Já se fazia tarde.