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Contos-->Tarde demais... -- 22/05/2004 - 06:57 (CARLOS CUNHA / o poeta sem limites) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos





Tarde demais...


Toca o telefone. Uma voz mansa e suave responde do outro lado da linha.

-Alô?

-Ola!

- Quem é?

- Sou eu, a felicidade iludida!

- Que você quer?

- Dizer que te amo...

- De novo! Eu já ouvi isso umas quinze vezes. Você não cansa?

- Quem ama não cansa...

- Mas eu canso. Eu não a amo!!!


Neste exato momento, uma lagrima de sangue corre a face da menina, até o momento de desabar no chão.


- Como você pode dizer isso!

- Dizendo ora... Não devo nada a ninguém!

- Não deve nada?

- Claro que não.

- Deve sim, me deve o seu amor

- Amor?

- Sim, pois te dei a minha vida. Você me fez voar tão alto e agora diz que não me ama?


E as lagrimas insistentemente não paravam de rolar.


- Você deve estar ficando louca!

- Estou louca mesmo, pois acreditei em você!

- Você sabia que era só amizade, não é?

- Claro que não! Você veio falando coisas românticas, me fascinando com palavras e ainda me deu um beijo!

- Um beijo?

- Sim...

- Aquilo nem foi beijo!

- Não foi! O que foi então?

- Foi um selinho

- E selinho não é beijo?

- Não!

- Mas eu pensei que...

- Pois pensou errado... Tchau.

- Não... Por favor, não!

- Por que?

- Porque eu te amo!

- Qual o valor que seu amor vai me dar?

- Felicidade...

- Eu espero coisas materiais!

- Eu vou ser sua...

- Isso não vale, quanto você custa?

- Por que essa pergunta?

- Se eu me enjoar posso te colocar na bolsa de valores?

- O que fiz para você me tratar assim?

- Me amar... Tchau...!

- Não, por favor não desligue...

- Quer parar com isso não enche...

- Por favor, não... Fala comigo! Pelo amor de Deus responda, eu te amo!

- Olha aqui menina, eu estou farto de você. Agora vê e me esquece.

- Eu prefiro morrer que te esquecer...

- Então se mata!

- Não, por favor... Não faça isso comigo... Eu te amo... Eu te amo...


No dia seguinte...


- Do que morreu esta garota? Perguntou um curioso!

- De intoxicação provavelmente... Tomou vários remédios em muitas quantidades, respondeu a enfermeira

- Coitada. Ela tinha algum problema?

- Sim, sofria de amor!


No dia do enterro da menina o garoto o qual ela amava compareceu no local e, prestando sua ultima homenagem, jogou uma rosa vermelha e falou baixinho:

- Eu te amo!


Lá em cima ela, olhando tudo, respondeu para si e para os quatro ventos que sopravam:

- Tarde demais, meu amor...



ft-NET/a.d.






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CARLOS CUNHA/o poeta sem limites

dacunha_jp@hotmail.com






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