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Contos-->A Gata Borralheira -- 19/07/2004 - 17:05 ( Alberto Amoêdo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Não era dezembro, tão pouco festa de aniversário ou casamento de alguém famoso, simplesmente era a formatura da moça.Melhor dizendo mocinha, a menina pobre e órfão de mãe, que morava no centro da capital da linha do equador.Dona um temperamento bastante incomum, e que naquele dia iria colar grau de Secretariado na Universidade Pública.
Ela estava tão contente, que era olhar para ela e ver o céu azul; o rio na sua mais perfeita dádiva.Como era magra e morena de cabelos lisos...uma flor em mulher.
Por menores de lado e a segunda correria começava, ou seja... a escolha de um vestido, um penteado esplêndido, unhas e tantas outras regularidade da vaidade feminina e dos costumes sociais, daquela localidade.
Neste dia, os nervos estavam à flor da pele, a menina estava quase louca, porque o relógio parecia não ajudar, além das coisas não saírem como planejado, tudo ia muito rápido e às vezes muito devagar.
Sua avó, suas irmãs e suas amigas eram as fanáticas na tentativa de fazer qualquer coisa para contribuir.Tanto que às vezes se atrapalhavam. E mais e mais a aflição aumentava.
Contudo, ia se vencendo os obstáculos e quase concluída a missão, só faltava ir pegar o sapato, que tinha que combinar com o azul escuro do vestido de gala.E este já havia sido escolhido na semana anterior. E só faltava ir à loja e comprá-lo.
Zenilda a sua segunda irmã mais velha, que trabalhava numa fábrica dia e noite e não tinha tempo para ir ao comércio, disse e não mandou dizer para comprar o sapato que ela pagava.
Deixou umas economias e foi trabalhar.Então Mocinha, Dézinha e Nicinha, as duas e meia da tarde saíram para pegar o tão falado sapato, mas quando lá chegaram, a surpresa foi geral. A loja ainda estava fechada e até as três tiveram que esperar abrir.
Lá pelas 16:00(dezeseis)horas a gerente chega e a loja, enfim abre.Sem muito medir conversa foram direto ao sapato, que custava a mera bagatela de R$ 198,98(cento e noventa e oito reais e noventa e oito centavos).Dezinha e Nicinha entreolharam-se com a expressão no rosto de: ”caramba”. Afinal era mais da metade do salário de Zenilda.
Respiraram fundo e perguntaram a vendedora se dando entrada poderiam parcela em duas vezes pelo menos.
Sem demora a vendedora respondeu que sim.
Fizeram o cadastro, Mocinha experimentou o sapato, acertou no pé e foi só colocar na caixa e ir pagar.
O riso de Mocinha vinha enfileirado a uma satisfação contagiante.Apenas Nicinha vinha preocupada, afinal era um valor acima da realidade de todas as irmãs.Um sapato de quase duzentos reais.Mas a sua irmã caçula iria colar grau.Tudo era alegria, embora não fosse carnaval.
Em casa mais quem pediu para ver o sapato tão caro.
Não tinha ouro ao redor, tão pouco era confeitado com brilhantes.Era meio prateado, coberto sim de carestia, que a pobre da Zenilda, como a mãe do povo acatou com felicidade, pois não é todos os dias que uma pessoa humilde se forma.
Todos foram à missa de benção dos anéis e ao recebimento do diploma, agora era só esperar mais tarde pelo baile.
Lá pelas dez e meia da noite, todos estavam impecáveis e na expectativa, pois naquele instante, Mocinha iria aparecer com o tão caro sapato, que seria enfim usado só naquele instante.
Pontualmente as onze Agnaldo, um amigo da família chegou à casa de Zenilda para transportar todos que iriam participar da festa.Tudo era só uma alegria, uma agonia, umas garfes, que vez, por outra aconteciam involuntariamente. Nada que os vizinhos da redondeza, em suas habilidades costumeiras não pudesse afagar.E quem não podia ir, pela seleção natural dos convites, queriam ao menos fotografar e serem fotografados ao lado daquela moça, agora importante na sociedade.
Essa meia festa durou uns quarenta minutos, pois vieram os outros parentes, vieram os aderentes...todos queriam abraçar, beijar e desejar boa sorte.
A menina já emperreada começou a dar patada e a empurrar, empurrando entrou no carro e disse:
- Mestre vamos embora daqui, pois se não vou chegar mais atrasada.
Quem tinha que entrar entrou e Agnaldo sem dizer nada seguiu, logo depois que começou a chover.
No meio do caminho o pneu furou, e Agnaldo teve que se ajeitar na chuva para trocá-lo. Agora o relógio não teimava com o tempo e corria, e corria até enervar a todos por conta da moça.
Uma hora da manhã e todos estavam angustiados...Agnaldo ensopado.Mas continuava calado.
Entrou no carro e seguiram viagem.E lá chegando viram gente se movimentando na direção deles com câmeras e máquinas fotográficas, afinal era um evento social e quase toda a cidade estava ali.
Todos saindo do carro, quando a pequena estrela foi sair: Ploft.
O salto do sapato novinho quebrou.Um alvoroço se formou em torno da moça, que mais que chateada arrancou do pé o sapato e deu uma sapecada para o alto.No meio da confusão o sapato atingiu uma senhora que de imediato foi ao chão.
Corre, corre... a moça chorava para um lado, pessoas acudiam à senhora para o outro.Empurra, empurra com a chegada do governador e lá no malocão esperando com fome, a mais de uma hora e meia, para servirem a comida do jantar que seria a meia noite, o povão se insurgia contra os organizadores.
No meio de tanta confusão, Agnaldo compadecido tomou uma decisão e voltou a casa da moça pegou um outro sapato, trocou a sua roupa e chegou por lá, por voltas das duas e meia, quando enfim começou o jantar e as comemorações.
Sem muito o que dizer, de rosas nas mãos a moça, com a maquiagem borrada, com a consciência pesada por ofender alguns e atingir uma senhora com um sapato, que no mundo dela dava para fazer leilão.Tocou a todos quando fez o seu discurso de gratidão.
Acabou a noite e o dia seguinte se fez com preocupações, pois de canudo nas mãos não sabia ainda aonde iria conseguir emprego.

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