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Contos-->Conversas com o predador -- 15/11/2000 - 22:46 (Mauro de Oliveira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Conversas com um "predador"



Mozart almoçava enquanto aguardava o Altino, seu colega de infância que sempre foi um mulherengo impedernido desde a adolescência. Embora casado tem mania doentia por qualquer mulher que apareça em sua frente. Um simples trocar de olhar e ele já se imagina na cama em um motel qualquer do caminho. Como franco atirador, de hora em vez consegue suas vítimas e paga um alto preço por isso. Recentemente havia se enroscado com uma zinha, que lhe deu muito trabalho para se largar dela. Além do dinheiro gasto, a dita cuja afrontou sua esposa pessoalmente e alem de perturbar pela madrugada com telefonemas injuriosos.
Mozart embora não seja nenhum santo, procurou conciliar o casal, dando conselhos, fazendo sugestões até que chegaram a um meio termo e se reconciliaram com reservas.
Não fora a primeira vez, e não seria a última presepada de Altino. Ele tem uma filosofia que da vida nada se leva e portanto tem que aproveitar. Aproveitar a vida para ele é sexo em primeiro lugar. Depois cultura, fala três idiomas e ler muito sobre todos assuntos. Em terceiro lugar é viajar. Já correu o mundo todo e anualmente faz uma viagem para o exterior. Como tem um negócio que lhe rende o suficiente e só tem uma filha, já formada e casada vivendo no exterior, vive a boa vida contando o tempo que lhe resta para acertar as contas com o criador.
Volta e meia, ele fala para Mozart o seguinte: Você já pensou se quando a gente morrer acabar tudo e não existir outra vida. Já pensou quanto eu vou me arrepender de não ter aproveitado mais ! e você Mozart ? - Sempre fostes muito certinho, embora eu saiba que quando eras mais moço, volta e meia entrava na gandaia e faturava alguma. - Mozart respondia - Altino, qual é a mulher que olha mais para mim. Na nossa idade desgastado pelo tempo não somos mais nem aperitivo para mulher nenhuma. Se alguma olhar, está querendo nosso dinheiro, ou é escritora e esta gravando nossa cara para servir de um velho qualquer ou um monstro em suas histórias. Não temos mais lugar para mocinho nem herói. Faz muito tempo que uma mulher não olha para mim nem por curiosidade. Engano seu - replicou Altino. Você precisa é tomar um banho de loja. Comprar uma camisas de marca, pintar esse resto de cabelo, fazer umas ginásticas na praia de manhã e umas massagens à noite. Em um mês tua carcaça vai virar um monumento para mulheres de 30 a quarenta anos. Abaixo disso você paga, mas lhe garanto que sai satisfeito.
Mozart estava retido nesses pensamentos enquanto aguardava o "predador". Havia chegado mais cedo por conta do que seria uma tarde puxada de trabalho no escritório. No restaurante três ou quatro pessoas e uma tranqüilidade silenciosa. De repente entra uma mulher que antigamente se chamava de violão de carne e osso e hoje os meninos costumam chamar de filezinho. Uma morena de 1,70 m, rosto lindo e perfeito, cabelos compridos e um corpo perfeito. Pernas torneadas e proporcionais, ancas fartas e na medida, vestida com uma saia justa preta com um lascão lateral onde se podia ver claramente uma coxa rija e bronzeada. Subindo aquela montanha humana, vestia uma blusa vermelha, sem soutien, que diga-se de passagem não tinha a menor necessidade de guarnecer aqueles dois ativos fixos do monumental patrimônio líquido.
Ela entrou com um rebolado natural, e quando passou pela mesa do Mozart disse sorrindo: Oi ! - Perplexo Mozart respondeu: Oi ! Ela continuou sorrindo enquanto retirava dos pratos do balcão a comida para a pesagem. Mozart já havia almoçado mais ainda esperava o Altino na mesa. O sangue lhe fervia nas veias e já começara a pecar igual a seu amigo Altino, só que em pensamentos libidinosos. A princípio pensara ser uma "pegadinha" do Altino ou de algum outro velho da turma. Estava sem jeito e ao mesmo tempo tramando o que iria acontecer se aquele monumento continuasse com sua investida. O que faria ? Deixava seus princípios ou investia pesado na matéria. E se o Altino chegasse ? A pressão se alterou e seu coração começou a bater mais forte. Controlou-se um pouco e pediu um cafezinho para ir embora.
Neste momento, uma voz suave disse: Posso sentar na sua mesa ? - Claro respondeu Mozart. - Em seus rápidos pensamentos disse consigo mesmo. E hoje que o cão me leva para o inferno com roupa e tudo ! O monumento feminino senta-se a sua frente e diz: - Pela sua cara vejo que o senhor não está me reconhecendo. Eu sou filha de Luiz Carlos de Itambé, onde o senhor foi Gerente de Banco. Fez muitos negócios com o senhor. Conheço o seu sogro, sua mulher e seu filho Ronaldo. Ele ainda é namorador ? - Mozart caiu na real. Foi como um avião freiando após a aterrissagem, uma sensação de alívio e uma saudade danada porque a viagem acabou. Ficou cheio de dedos e embora não recordasse dela nem do pai, pois dera-lhe um branco total, fingiu se lembrar mas evitou fazer perguntas para não se trair. Planejou a retirada e pediu desculpas dizendo não poder se demorar por ter compromissos inadiáveis, retirando-se em seguida.
No meio do caminho para o escritório, pensava o que o "predador" lhe diria se encarasse uma parada daquela. Aliviado por não ter avançado o sinal disse consigo mesmo: desta vez eu escapei.

Mauro de Oliveira
26/10/2000
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