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Contos-->O depoimento -- 13/11/2004 - 21:33 (CARLOS CUNHA / o poeta sem limites) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos







O DEPOIMENTO





- “Quando a conheci ela já não era mais uma menina, já conhecia e tinha feito de tudo na vida. E eu sabia que ela gostava da vida que levava.
Não me importava com isso. Eu tinha consciência do que eu sentia por ela e ela por mim. Importava para mim como era quando estávamos juntos, só eu e ela.
Aí ela desligava o celular, se desligava de tudo, e a gente namorava como dois adolescentes. Eu enxergava nela toda a pureza e inocência de menina, a sensualidade e companheirismo da mulher e sentia a proteção e admiração que só as mães podem dar e merecer.
Muitas vezes ela se recusava a transar comigo porque estava cansada do "trabalho". Eu compreendia e dormia agarradinho com ela. Para mim ficar junto era o mais importante.
Meus amigos... Amigos não! "Conhecidos" (aprendi com o tempo que só tenho conhecidos e que nem sequer conheço direito), eles diziam que eu era louco de viver com esta situação.
Eu nem sequer respondia. Pensava comigo: pior e quem têm uma mulher só para ele na cama porque ela não conhece ninguém, ou porque ela não tem outra opção. E mais, às vezes o sujeito tem uma mulher exclusiva, mas ela vive sonhando e tendo paixão por qualquer ator de novela, ou outro qualquer.
O que é pior, dividir o corpo da mulher amada?... Ou ela ter o coração e os sonhos com outro?... Para mim, vale mais o que a gente carrega dentro do peito.
Por isso eu não dou bola pra conversa fiada. Mas isso não impedia de eu virar motivo de piadinha, que eu também não dou bola.
No começo ainda dava um sopapo ou outro e até quebrei um taco de sinuca na cabeça de um infeliz uma vez. Nesse dia a gente tava jogando eu já tava com a bola sete na boca da caçapa! O taco escorregou dentre os dedos e eu errei a jogada. O maldito falou. "Até o seu taco ta te traindo heim"! Minha outra tacada foi bem no meio da cabeça chata dele! O coitado baixou no pronto socorro minando tanto sangue pela testa que a camiseta listada de vermelho e branco ficou é, toda vermelha. Depois me arrependi e jurei não ligar mais pra nada que ouvisse, me distanciei também de gente intrometida que fica cuidando da vida dos outros, vendo o que um faz, o outro faz, ou deixa de fazer.
Teve uma vez que ela me ligou dizendo que tinha uma viagem à "trabalho" de um mês para outro país. Não perguntei nem pra onde e disse que eu não queria. Ela insistiu que a grana era alta, que era uma oportunidade de ajeitar as contas. Eu senti muito mais aceitei, até cuidei do cachorro dela enquanto ela tava fora. Quando voltou, eu fui buscar ela no aeroporto. A gente se viu de longe, ela correu ao meu encontro e me abraçou forte! E eu percebi que ela continuava minha como sempre foi o tempo todo que estivemos juntos.
Eu nunca quis entrar em detalhe do que acontecia longe de mim, isso era besteira e só ia fazer sofrer a toa. De vez em quando ela me contava que tinha tido um programa mais fácil ou mais difícil, mas era só.
Também vi muitas vezes ela chegar com cliente dentro de carrão importado na esquina de baixo. Eu sabia que às vezes ela jantava em restaurante fino, tomava café da manhã com suco, queijo, presunto, frutas, desses que tem em hotel de luxo. Mas eu sabia também que ela não trocava a sopa de cebola que tomava comigo de madrugada no Mercado Municipal do Ceasa ou o pingado com pão com manteiga no boteco da esquina por nada disso. E só porque era comigo!
Ela também adorava quando eu pegava meu carrinho velho e descia a serra com ela pra passar o dia na praia, me dizia olhando bem dentro dos meus olhos que a Praia Grande comigo era melhor que Paris. Acho que foi pra lá que ela foi quando ficou fora um mês.
Vivemos assim juntos uns quatro ou cinco anos. Até que eu comecei a perceber ela com o olhar distante, distraída, como se tivesse comigo e a cabeça bem longe. Também me beijava com a boca que mal abria direito. Isso foi logo depois que o cachorro dela morreu e eu fazia força pra acreditar que era por causa disso. Diz que o homem é o último a acreditar que a mulher não quer mais saber dele, e é verdade.
Uma noite, já bem tarde, eu esperava ela olhando pela janela do apartamento quando vi um carro chegar na esquina, desci imaginando encontra-la como sempre, com um abraço apertado e vi ela ainda dentro do carro beijando a boca do outro. Via, mas ainda não acreditava. Na bochecha dela se via a língua dele mexendo e fazendo volume por dentro! Parecia os beijos que a gente dava antes do cachorro dela morrer, ou nosso amor morrer... Mas só que pra mim aquele beijo dela em outro era nojento, era a obscenidade maior que ela podia fazer.
É, mas como eu já disse, eu não queria acreditar e continuei me enganando, pensado que não tinha visto direito. Era só mais um cliente - continuei a me enganar para não sofrer.
Ela desceu do carro e quando me encontrou no hall do prédio me deu um beijo no rosto sem olhar nos meus olhos nem me abraçar e subimos no elevador como dois estranhos.
Antes de entrar no apartamento, enquanto eu procurava as chaves perguntei quem tinha trazido ela. E ela respondeu que não interessava. E chamou o elevador de novo apertando o botão. Perguntei aonde ela ia. E ela falou que também não interessava.
Enquanto ela falava virada pra mim, a campainha do elevador tocou anunciando a porta abrir e eu ainda pude ver o buraco escuro porque o elevador não estava lá! Tentei segura-la pelo braço para ela não ir e cair no buraco que ela não tinha visto. E ela ainda sem ver soltou-se de mim com força, virou-se e foi de encontro ao poço escuro. Quase cai junto tentando pegar ela Doutor. Eu juro fiz o que pude Doutor, fiz o que pude”.
O delegado com a voz forte e em tom irônico falou.

- Bela estória! Estou até com lágrimas nos olhos de tanta emoção! Só falta você explicar porque o corpo estava sem o coração?

- Ora Doutor, o coração é meu! Peguei o coração porque o coração é meu!

texto de a.d. ft/NET
produção visual: CARLOS CUNHA






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CARLOS CUNHA/o poeta sem limites

dacunha10@hotmail.com




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