Era uma reunião de suma importância aquela no Olimpo. Homens chegavam sisudos, preocupados, nervosos.Mulheres não eram permitidas no local.
Os primeiros oradores se fizeram ouvir. O discurso era violento e invariável: A mulher foi uma criação infeliz do Senhor. A partir dela, inegavelmente, começaram os problemas dos seres humanos. Eva não tentou Adão? Fê-lo decair, arrastou a humanidade inteira para a morte, enodoando-a com o pecado original.
E assim, no mesmo tom, os outros oradores iam desfilando o tom magoado e rancoroso. E os outros vociferavam, aderiam aos queixumes...
De repente, numa das extremidades do imenso salão onde aquela multidão se acotovelava, surgiu um belíssimo vulto de mulher. Era deslumbrante. Seu porte era divino. Inspirava pureza. Caminhava firme, mas era como se flutuasse.
Os homens gritraram:
- Quem deixou entrar esta intrusa?! Fora, fora, fora!
Mas ela não se perturbava, caminhou firme até o centro onde os oradores se sucediam. Falou mansamente:
Atire a primeira pedra aquele não nasceu de uma mulher!
Foi uma tremenda ducha de água fria no calor daqueles debates. Sem saber o que dizer, homens rudes se entreolhavam, abaixavam a cabeça e saiam em silêncio...até que o auditório esvaziou.
E foi assim que a mulher continuou reinando no coração e na vida dos homens.
P.S. reprodução de meória de uma radiofonizaçãop de Genolino Amado na Rádio Nacional do Rio de Janeiro na década de 50.