IMPRÓPRIO PARA MENORES
Hora da Coruja
É noite, hora em que a coruja abre os olhos para permanecer com eles abertos enquanto a escuridão domina. Nessa hora a vida fica agitada, tem mais sentido e é muito mais bonita para muita gente.
Pessoas que quando o sol está ardente dormem um sono pesado que as revigora. Com ele eliminam o cansaço e recuperam as energias para movimentarem e dar alegria ao silêncio, quando a lua nascer novamente e o tempo for dominado pelas horas escuras.
São muitos os que vivem dessa maneira. Garçons, seguranças, cozinheiros, gerentes e mais um número imenso de trabalhadores que tem o seu campo de trabalho nas casas que alimentam a vida noturna. Muitos músicos e artistas tem na noite um espaço farto para apresentarem e desenvolverem o seu trabalho. Nela as pessoas que pertencem a uma minoria marginalizada - os gays, as lésbicas e as prostitutas - se sentem com mais liberdade para viverem de acordo com a posição que assumiram.
O relógio do quarto despertou. Uma música estridente e irritante invadiu o ar e fez com que Cristiane acordasse e abrisse seus, lindos e suaves, olhos castanhos. Eles piscaram inúmeras vezes antes que a sua mente percebesse que aquele barulho era um chamado para que saísse da cama. Virou-se e olhou para o criado mudo, esticou os braços com muita raiva para apertar o botão que travava o seu despertador.
Ela permaneceu deitada e sonolenta, por um longo tempo, mas não voltou a pegar no sono. Era três e meia da tarde e tinha pouco tempo e muita coisa para fazer antes que a noite caísse.
Acabou criando coragem, levantando e indo para o banheiro onde tomou um banho gelado bem demorado. Quando dele ela saiu estava totalmente desperta e cheia de vida.
Enxugou o seu corpo com uma toalha grossa e macia. Colocou uma calcinha rendada, de cor negra, e foi até a cozinha. Ela era uma mulher belíssima que gostava de ficar nua, na intimidade de seu apartamento, nos dias quentes de verão.
Gostas de água, que escorriam de sua cabeleira negra, longa e ondulada, caíram no chão marcando o caminho que ela percorreu para ir até a cozinha. Lá ela colocou água em uma cafeteira para fazer um café forte e passou muita manteiga em várias fatias de pão. Só depois de saborear calmamente o que havia preparado, para si, ela voltou a seu quarto para escolher suas roupas e as jóias que usaria naquela noite cheia que teria pela frente.
Algumas horas depois ela saiu pela porta do prédio de apartamentos em que morava. O sol já tinha ido embora e as pessoas voltavam para casa, cansadas do dia exaustivo que tiveram em seu trabalho. Todos que por ali passavam tiveram a sua atenção atraída pela beleza daquela mulher elegante que trajava um belíssimo vestido, de seda branca, com um decote generoso que colocava em destaque os seus seios fartos. Ele tinha uma abertura, do lado esquerdo, que permitia que fosse vista a coxa lisa e grossa que ela tinha em suas longas e belas pernas.
Atravessou a rua em direção de um lindo automóvel amarelo, que teve a sua porta aberta assim que ela se aproximou. Quando ela entrou nele, ele saiu rodando pelo asfalto levando-a para mil prazeres, emoções e alegrias.
Ela sentou-se ao lado da pessoa que estava na direção, encostou os seus lábios nos dela e deu-lhe um beijo rápido e carinhoso, e ela lhe disse:
- Oi Cris, conseguiu dormir bem. Está pronta para começar tudo de novo?
- Só to, meu bem. Dormi que nem um anjo e acordei me sentindo um verdadeiro demônio.
Deram uma gargalhada gostosa do dito irônico que Cristiane dissera e sentiram que aquela noite começara bem e que prometia muito mais. A outra pessoa voltou a falar:
- Eu dormi pra caramba. Também, depois da noitada agitada que tivemos ontem foi fechar os olhos e apagar.
- É, foi uma noite esplendida. A "farinha" que aquele seu amigo boliviano apresentou era de primeira.
- Era sim. Pena que todos os meus amigos não são como ele. Bonitos, bons de cama e que sempre tenham alguma coisa pra fazer a cabeça da gente.
E voltaram a gargalhar ao se lembrarem das horas maravilhosas que tinham passado na noite anterior, cheirando muito e participando de uma orgia espetacular junto a pessoas deliciosas e belas. Rodaram pelas ruas, já iluminadas, para atravessar a cidade. Como o trânsito naquela hora estava congestionado, levaram mais de duas horas para chegar ao seu destino. Quando finalmente chegaram na frente de um luxuoso e sofisticado restaurante, a outra pessoa falou para Cristiane:
- Daqui a pouco estaremos lá. Vamos parar aqui para comermos alguma coisa, pois estou morrendo de fome.
- Vamos sim. Ainda é muito cedo para chegarmos e eu também estou com muita fome.
Entraram no restaurante e se dirigiram para uma mesa bem retirada, aonde um garçom veio imediatamente atender:
- Boa noite senhorita Cristiane, sempre acompanhada de uma pessoa bonita. O que vão comer hoje?
O garçom perguntou tratando Cristiane com muito respeito, mas falando com certa intimidade como se a conhecesse há muito tempo. E de fato acontecia, pois a casa noturna que ela trabalhava ficava na mesma rua, a apenas algumas quadras acima, e ela costumava fazer sempre uma refeição ali, todas as noites, antes de ir para lá.
- O que você vai querer meu amor? Cristiane perguntou para a pessoa que a acompanhava.
- Eu quero só um bife, algumas batatas e uma salada de alface. Preciso comer algo leve pra manter o meu regime.
- Vou comer a mesma coisa. José Carlos traga o mesmo para mim, só que o meu bife eu quero mal passado, ela respondeu ao garçom, tratando-o pelo nome e mostrando assim a simplicidade que existia dentro daquela mulher sofisticada e elegante.
- Vai ser servido tudo no ponto que vocês gostam. Vou pessoalmente até a cozinha recomendar para que nada saia errado.
O jantar foi servido e saboreado com calma. Durante ele conversaram sobre banalidades e levaram muito tempo para terminá-lo. Quando resolveram finalmente dali se retirar Cristiane pagou a conta ao garçom, que as atendera, e deu a ele uma nota de cinqüenta reais junto com as chaves do carro e lhe disse:
- Por favor, José Carlos, encontre um lugar para estacionar o carro amarelo que está ali em frente e depois leve as chaves para mim, ta?
- Tudo bem. Daqui a pouco eu as levo para a senhorita.
Saíram do restaurante e, de mãos dadas, foram caminhando com calma para a casa noturna que trabalhavam. Estavam quase na porta dela quando Cristiane comentou:
- Espero que hoje a noite seja como a de ontem. Que apareça algum homem bonito e rico afim da gente. Vamos ter a nossa noite estragada se tivermos de agüentar algum velho nojento só por causa do seu dinheiro.
- Que nada querida, não precisa se preocupar com isso. Lembra daquela "farinha" que a gente cheirou ontem? O meu amigo, antes de ir embora, me deu um montão dela de presente. Depois do show a gente não vai ter de aturar homem nenhum, vamos até o seu apartamento que eu vou encher o meu corpo dela pra você cheirar. Hoje você vai chupar uma buceta branquinha, cheia de "brilho".
- Minha grande amiga Marilda. Só com você do lado pra se ter uma noite mais incrível do que a outra. Vamos, vamos logo fazer esse show que eu estou louca pra fazer a cabeça e morrendo de tesão.
E dando gargalhadas elas entraram na casa noturna para se prepararem para o show de strip do qual participavam.
CARLOS CUNHA : produções visuais
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