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Contos-->Rosinha Nas Alturas -- 20/03/2005 - 01:37 (Luiz Hudson) |
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“ Rosinha saiu da roça
e foi na cidade grande morar;
Quando lá chegou disse: “Nossa!”,
foi ela residir no último andar.
Debruçada na janela
não ouviria os acordes de João;
De nada adiantaria ser tão bela
se não alcançaria as flores de Tião.
Rosinha sentia falta do campo,
seu coração estava desconsolado;
Não havia como encontra-la
seu endereço era muito complicado.
Ninguém elogiava seu penteado
ou dizia como estava cheirosa;
Ela olhava para a calçada
ao invés de cimento, lembrava das rosas.
Ela estava longe também
das cartas oriundas da sua cidade;
O carteiro nunca olhava pra cima,
isso aumentava a sua saudade.
Ela via tudo em miniatura:
a juventude, a esperança, a vontade de cantar;
Rosinha estava tanto nas alturas
que só lhe restava o consolo de rezar.
Ela achava uma tortura
sentir-se uma solitária Rapunzel;
Rosinha estava alcançando a loucura
quase tocando as mãos no céu.
Ela sentia falta até mesmo
de lavar roupa no rio;
Não era por causa da altura
que Rosinha sentia tanto frio.
Batom ela deixou de usar
porque não ouvia mais serestas;
Nem viu a banda passar
por isso perdeu a festa.
Rosinha tentava se acostumar
a ter amigos diferentes:
Passarinhos como companhia,
a lua como confidente.
Foi tão grande o seu tédio
que ela pôs em tudo um fim:
Atirou-se do alto do prédio,
caiu no concreto onde ela
só via um lindo jardim.”
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