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Contos-->A Pantera -- 21/03/2005 - 08:59 (Miguel Viscardi) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


A Pantera

Certo dia tivemos de nos ausentar da nossa residência, assim soltamos nossa cachorra chamada "Pantera" - temos duas, essa é uma negrona toda peluda, dog alemã a outra um verdadeiro monstrengo chamada "Mel", devido sua cor mel, rajada com listras pretas da raça "Fila".

A Pantera é a mais calminha, também a mais traiçoeira. Ela gosta de permanecer deitada num ponto estratégico e assim ninguém consegue vê-la facilmente, se alguém eventualmente avistá-la, logo vai imaginar que ela está desmaiada de sono.

Neste dia uma adepta a seita do Reino das Testemunhas de Jeová, segundo me relataram os vizinhos, começou bater palmas insistentemente no portão da minha residência, estando à casa vazia, sem êxito ela enfiou as mãos entre as grades e continuou a bater palmas.

Imagine só o que aconteceu.

A "Panterinha" veio igual um raio e a presenteou com cinco pontos no braço.

A o chegar em casa vi marcas de sangue espalhadas pelo chão fui até meu vizinho e mal acabara de perguntar sobre o ocorrido quando me chega a fiel com o braço todo enfaixado, reclamando sobre as quantidades de injeções que tivera de tomar.

Disse-me que não tinha avistado a cachorra, assim quando percebeu a Pantera já estava com cabeça totalmente para fora das grades não dando chances a ela de se safar das suas presas.

Sabia que ela mentia, pois, no vão da grade mal cabe a cabeça de um gatinho.

Depois de escutá-la e medir o vão das grades com os dedos, finalmente ela concordou que havia mesmo enfiado os braços.

Queria saber se a nossa "meiguinha" era vacinada, na hora não encontrei a bendita carteirinha, mas a tranqüilizei dizendo que o veterinário as vacinam anualmente em casa e que certamente apresentaria no dia seguinte.

No outro dia cedinho lá estava ela, perguntei se precisava de alguma coisa, mostramos a carteira de vacinação e mesmo assim ela falou que precisava observar a canina durante quinze dias no mínimo. Pedi a ela para que ficasse a vontade.

Todo dia ela passava e ficava parada durante muito tempo em frente da minha casa apreciando a beleza da nossa inofensiva cachorrinha, isso vinha acontecendo havia mais de 20 dias, até que um dia eu me cansei daquela cena, sai e disse a ela em tom de brincadeira:

- Agora eu é que estou preocupado!

Ela assustada me perguntou por que, já que não havia razão para tanta preocupação, o ferimento estava quase cicatrizado e os pontos se soltando...

Eu respondi:

- A carteira de vacinação da cachorra já lhes foi apresentada conforme me pediu, daqui pra frente eu preciso observar à senhora, pois estou muito preocupado com a minha cachorra...

Ela riu muito e nunca mais apareceu...


Autor (Miguel Viscardi)
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