A Sabedoria da Alma de um Mestre
Um sábio japonês e seu discípulo, em uma de suas andanças, encontraram um casebre de extrema pobreza, onde vivia um homem, sua mulher e muitos filhos pequenos. Com fome e sede, os dois pediram abrigo e foram recebidos com amor e amizade naquele local. O sábio perguntou a seu anfitrião como é que eles conseguiam viver naquela pobreza e o homem falou:
- O senhor vê aquela vaca? – disse apontando para um animal magro que pastava o pouco verde que encontrava, entre a grande quantidade de ervas daninhas que dominava o solo. Ela nos dá o leite que bebemos, e do qual fazemos o queijo e a coalhada que trocamos por outros alimentos. É assim que nós vivemos.
O sábio passou aquela noite naquele casebre, acordado e meditando, e pela manhã agradeceu ao homem que os havia hospedado, antes de partir. Quando de lá saiu, ao fazer a primeira curva da estrada em que caminhavam, falou para o discípulo:
- Volte lá e jogue aquela vaca no precipício que há ali perto.
- Não mestre, eu não posso fazer isso! – o discípulo respondeu indignado. Aquela vaca é tudo o que eles possuem e se ela morrer eles também morrerão.
O sábio respirou fundo, pensou alguns segundos e ordenou ao discípulo que fizesse o que havia mandado:
- Vá até lá e empurre a vaquinha no precipício, é uma ordem.
Indignado, mas resignado por ser seu dever acatar e respeitar as ordens de seu mestre, ele fez o que lhe havia sido ordenado.
Anos se passaram e o discípulo viveu a eles cheio de dor na consciência. Um dia, após a morte de seu mestre, ele resolveu voltar a aquele lugar e quando lá chegou, ao fazer a mesma curva da estrada na qual tinha recebido a ordem de cometer um ato que o faria sofrer um grande remorso por todos aqueles anos, deparou com um sítio maravilhoso que tinha uma bela casa, onde vários jovens adolescentes deleitavam-se a beira de uma piscina. Pensou nessa hora:
“As pessoas que aqui moravam estão mortas ou tiveram que abandonar sua terra e mendigam por ai. Vencidos pela fome devem ter ido embora, caso estejam vivas!”.
Aproximo-se então do homem, a quem ele julgou ser o caseiro, daquela propriedade próspera, e indagou:
- E aqueles que eram os donos desta terra, onde eles estão?
Ouviu como resposta daquele homem, a quem reconheceu imediatamente como o anfitrião que o tinha recebido há anos atrás!
- Os donos da terra! Somos nós, eu minha doce mulher e meus filhos. Nascemos e vivemos sempre aqui!
- Mas eu estive aqui há alguns anos e o dono da casa era uma pessoa muito pobre que subsistia com o leite que uma vaca magra lhe sustentava!
- Sim, me lembro de você, disse então o homem. A vaquinha morreu e era tudo o que possuíamos, mas para sobrevivermos tivemos que fazer outras coisas e desenvolver habilidades que nem sabíamos possuir. Depois de buscarmos novas soluções estamos muito melhor que há anos atrás. Quando o senhor esteve aqui, havia miséria nesta terra, mas agora... Bem, vamos conversar ali na sombra, enquanto tomamos um bom vinho, e eu lhe explico as mudanças que aconteceram...
CARLOS CUNHA : produção visual
a.d. ft/NET
Este lindo conto é encontrado em várias páginas da NET como sendo de autor desconhecido. Se alguém souber quem é o mesmo, peço que me comunique para que eu possa lhe dar o devido crédito.