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Contos-->SEXO COM ANJOS -- 06/04/2005 - 12:35 (LISE MARIE UPJAT) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Ainda bem que a noite chegou, eu estava cansada, muito trabalho, rotinas e rotinas.
O bichão da fome se arrastou até a geladeira, sórdida e vazia, seu recheio era um sanduíche de peru com alface e tomate.
Que se vá, disse eu enquanto o enterrava na lata de lixo.
Achei leite e umas bolachas, a última ceia pensei, amanhã o mercado ou a fome.
Uma maçã triste “me olhou” do canto da pia e dei um fim digno a ela.
Pronto, agora o chuveiro e a TV me esperam para mais uma mais emocionante noite de solteiro.
Tomei banho correndo, antes que acabasse dormindo naquela água quentinha com cheiro de sabonete e xampu de algas.
Vapt, vupt, a TV. - Ver o que? Pensei.
Corri ao túmulo do sanduíche, o jornal estava lá todo amassado, mas muito servível ainda.
Olhei ligeiramente a programação e fiz as escolhas por hora e filme.
Até parece pensei, 22 horas um programa de tv do tal de Mouse, as 22,40h entrevista do político, às 23,30 horas Jornal e 23,50 horas o filme - deixa eu ver qual é hoje, e para minha surpresa, um filme “mais ou menos na minha apurada critica cinematográfica” - A cidade dos Anjos.
C’est La vie.
Eu olhava a TV e dormia e claro o filme não começava nunca, lá entre muitos dormir e acordar, O filme começava.
Sentei na cama, dei uns beliscões na cara para acordar e fiquei ali uns 15 minutos até dormir de novo.
De repente senti algo esquisito, uma luz, uma presença e acordei assustada, para minha surpresa um homem muito alto e brilhante estava segurando minhas mãos, mas não consegui me mover de tanto medo.
Olhei o rosto impassível que me fitou, me transfigurando com aqueles olhos verdes esmeralda. Eu gelei e incendiei ao mesmo tempo. Senti uma calma de morte e a própria casa sumiu de minha volta.
Ele me elevou aos ares e fiquei frente a frente com ele e senti uma vontade louca de me abraçar a ele, quando vi que asas saiam de suas costas.
Assustei-me e quis fugir, mas ele apenas me olhou com aqueles olhos profundos e meu medo sumiu para sempre.
Ele não me disse uma palavra sequer, mas senti que colocava seus pensamentos dentro de minha mente e entendi que ele queria que eu o acariciasse.
Levantei meus braços e rocei com os dedos, de modo muito leve em suas asas, elas eram macias, muito macias, eram brancas e azuladas, muito grandes, deslizei agora meus dedos pelos ombros dele, seu corpo era rígido, de um tom de bronze, puxando para ouro velho, cabelos claros e encaracolados emolduravam aquele lindo rosto.
Seu peito era largo e muito masculino, ele me abraçou como que não resistindo as minhas pobres carícias mortais, imediatamente senti que eu mergulhava no infinito, meu coração quase parou, arrepios correram pelo meu corpo e vi luzes resplandecentes correrem pelas paredes do quarto.
Meu lindo anjo me levantou em seus braços, como um bebê e de repente estamos no chuveiro.
A água deslizava mansamente sobre nós, nem sei se estava quente ou fria, sentia as gotas pularem em nós, suas asas continuavam sequíssimas e seus cabelos muito molhados, ele cheirava jasmins, eu não conseguia fixar meus olhos endiabrados em seu corpo, eu queria ver seu sexo, pois as sensações de seu toque macio e suas mãos mornas e muito macias me dominavam inteiramente.
Ele me beijou ternamente e um outro momento passou, rápido como um piscar de olhos e estávamos deitados juntos na minha cama que agora parecia flutuar, os lençóis pareciam feitos de luz, eu estava nua e meu anjo se descobriu para mim.
Meu quarto estava vazio, estávamos num lugar de espaço e tempo onde toda a bagunça de meu quarto sumirá. Só havia luzes, névoa e o cheiro dele.
Ele era lindo, nada de demais ou de menos, um corpo masculino perfeito como eu nunca virá em minha vida muito humana. Minhas mãos procuravam seu corpo, como um afogado busca a salvação, eu sentia prazer com todas as sensações tácteis funcionando no máximo, suas asas macias afogavam meus dedos naquela brancura azulada celestial.
Seu sexo era macio e senti medo que não pudesse me amar do modo humano. Porém, minha mente não teve tempo de mais nenhum pensamento, pois virei luz e chama junto dele e ele me amou da maneira humana, e na hora máxima do amor senti como se eu tivesse estourado em lavas de fogo e tive vontade de gritar como um tigre, senti que meus olhos brilhavam com uma luz intensa, olhei para meu amante celestial e seu rosto de inexpugnável beleza de anjo brilhava em ondas durante nossa posse, seu corpo havia se transfigurado, com luzes violáceas e douradas pulsantes na escuridão do quarto. Tive vergonha da minha reação humana.Nada dos prazeres baratos humanos, um beijinho mal dado, uma caricia rápida e a mamãe natureza fazia o resto, rápido e sem graça, só pela procriação, e segundos depois os macacos dormiam.
Novamente senti seu corpo atravessar o meu e senti como se uma supernova estourasse dentro de mim e não fugindo a minha índole de Lilith, pensei comigo, veja só, euzinha fazendo amor com um anjo, estou amando meu primeiro anjo-homem, um súcubo ou um íncubo, eu não me lembrava mais.
Ah, se os doutos que discutem o sexo dos anjos vissem o sexo de meu anjo agora, acho que calariam a boca para sempre, pensei maldosamente com o diabinho que existia dentro de mim.
Esqueci-me que ele podia ler meus pensamentos, pois apenas me olhava com os olhos verdejantes de fogo e eu sabia o que ele queria, e ele havia lido meus pensamentos muito humanos de posse sexual e religião, pecado e gênesis, Adão, Eva e Lilith, rapidamente ele elevou a cabeça de fogo e luz que me sufocava de prazer e me olhou com aqueles olhos que resplandeciam como um sol e pela primeira vez me deu um sorriso que nunca mais esquecerei.
Minha alma se inundou com aquele sorriso.
Amamos até eu me esgotar de cansaço, pois ele não parecia cansar nunca, novamente me elevou aos ares e beijou-me ternamente, como no início de nosso encontro. Meu corpo ficou impregnado com seu perfume de jasmins.
Ele deitou abraçado ao meu corpo, encostando seu corpo de luz ao meu, de pobre macaquinha, e vi sua luz brilhar como que me atravessando, me iluminando.
Eu gostaria de nunca mais dormir para poder para sempre estar junto dele, para sempre e sempre, mas acabei dormindo sentindo sua respiração e suas mãos de anjo em meus seios...
Acordei num susto com o barulho da rua, olhei em volta procurando ele e nada. Eu havia dormido enrolada no edredom.
Olhei até debaixo da cama, na minha ânsia por meu amante celeste e aqueles olhos de fogo fátuo, porém só descobri que o chinelo de dedo azul, perdido a muito estava lá..
Meu anjo-homem, meu homem-anjo havia sumido com a noite.
Já passava das 6,30 horas corri para o chuveiro e vi meus olhos em fogo num instante e os olhos verdes de fogo fátuo dele no espelho, mas foi só um flash que sumiu tão rápido como surgiu.
Aquele dia foi longo, e senti o dia inteiro uma presença ao meu redor.
Eu ansiava a noite e ela veio, mas vazia como todas as noites dos meus dias.
Na madrugada vendo o Gordo e o Magro acabei admitindo, a mim mesma que havia sido só um sonho.
A sexta feira chegou e a faxineira muito alegre começou a fazer a limpeza da minha habitual bagunça, quando me disse:
- A senhora ta demais!
-Porque, eu perguntei?
-Pelo amor de Deus, a senhora tá com o estrado da cama cheio de penas, parece que a senhora arrebentou o travesseiro, vou ter de passar o aspirador.
E agora, sonho ou realidade. As lembranças eu guardei.

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