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Contos-->Um dia muito quente -- 02/09/2005 - 12:54 (Hull de la Fuente) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Este conto faz parte da série "A Menina da Chácara", composta por 23 episódios. Neles conto parte da minha infância passada na chácara do meu pai, às margens do Rio Araguaia, em Aragarças, fronteira com Barra do Garças, Mato grosso. As pessoas citadas nos episódios são todas reais. Evidentemente, alguns nomes foram mudados para preservar a privacidade da pessoa. Chamo a atenção para o modo como meu irmão caçula me tratava: "moço". A razão é explicada no primeiro episódio, "A Charrete". No início, escrevi para meu filho e meus sobrinhos, que gostavam de ouvir o relato das minhas aventuras com o gato "Paizinho". Mais tarde, algumas pessoas leram e me incentivaram a publicá-los.






UM DIA MUITO QUENTE





A ensolarada manhã não parecia em nada diferente das outras manhãs na chácara. Os animais se moviam preguiçosos. Pareciam hipnotizados pela brisa morna que chegava da serra. De seu posto de observação, Menina conferia cada ângulo do terreno que rodeava o casarão. Estava tudo igual, cada bicho em seu espaço. Os cabritos que não paravam de mastigar, estavam tranqüilos no cercado. No terreiro, galinhas e cocás ciscavam o chão a procura de insetos e minhocas. Dois galos vaidosos passeavam exibindo a bela plumagem em tons de castanho preto e dourado. Pela pose, lembravam militares em dia de parada, exibindo suas medalhas. De vez em quando, um deles cumpria a humilhante tarefa de baixar a cabeça para bicar alguma coisa que valesse a pena. Na gaiola, o Louro, de pescoço arrepiado, catava piolhos imaginários no próprio pé. Para provocá-lo, Menina assobiou forte. O papagaio corrigiu a postura, limpou a goela e falou:

_ “O que você tem meu Louro?”

_ Você é tão sem graça, Louro. Nunca muda a fala! Nem dá pra brincar com a gente... – disse desanimada. O papagaio, encorajado pela fala dela, continuou falando:
_ “Quer um pedaço de café, meu louro?”

_ Papagaio bobo! – protestou a garota – Quantas vezes eu vou ter de ensinar a frase certa? Eu já disse mais de cem vezes: “quer um pedaço de pão com café, meu louro?”

Mas até o louro estava incomodado com o mormaço matinal. Deu as costas pra Menina e meteu a cabeça sob a asa, para um cochilo merecido.

Menina olhou para os gatos que dormiam no banco da varanda e pensou: “que chato! Hoje todo mundo tá com preguiça. Se pelo menos o Zico chegasse logo do hospital... Eu não posso brincar com o Louro. Ele só sabe repetir o que a gente diz. O que vou fazer?”

Mas a resposta ela encontrou na gaiola do papagaio. Aproximando-se mais viu várias pimentas redondas e verdes, pareciam pequenos pimentões, algumas já bicadas pelo papagaio. Com um graveto ela tocou num pedaço de pimenta e imediatamente o Louro o agarrou com o bico. Interessada, falou com ele:

_ Louro! Essa pimenta não está ardendo no seu bico? Por que você come isso?

Com o passo bamboleante ele subiu para o poleiro e repetiu:

_ “Você come isso, meu louro, você come isso, meu louro”.

Impaciente Menina mandou o Louro calar-se, mas isso só serviu para que ele continuasse a repetir o que ela dizia. “Cala a boca! Cala a boca...” A garota afastou-se da gaiola, mas de repente, parou. E se ela desse mais pimenta pra ele? Não daquela pimenta suave que ele estava comendo. Seria melhor uma pimenta igual a que os adultos choravam quando comiam. Do pensamento à ação foi só um segundo. Ela correu para as pimenteiras que Siá Doninha plantara no caminho da horta, lá na beira do rio. Enquanto colhia as mais vermelhas, Menina se perguntava:

_ “Será que é a pimenta que faz as pessoas falarem? Será que é por isso que o Louro fala? Se for assim, eu vou fazer com que todos os bichos aqui da chácara falem. Só pode ser por causa da pimenta, é sim, só pode ser a pimenta”.

Entusiasmada, pegou um galão que Siá Doninha abandonara ali perto e praticamente o encheu com pimenta malagueta. Enquanto se encaminhava para o paiol de milho, ela pensava em como seria divertido “conversar” com os animais depois do que ela acabara de “descobrir”. Muita gente viria ver o resultado de sua descoberta. Sua avó poderia perguntar e obter resposta dos próprios bichos, quando eles estivessem doentes. Pensando bem, até que fora providencial a ida do irmão ao médico. Assim ela o surpreenderia quando ele voltasse e encontrasse os animais falando.

Lá no paiol, pegou do milho socado, reservado aos pintinhos, despejou uma boa quantidade no pilão, depois juntou todas as pimentas e socou até obter uma pasta avermelhada. O nariz e os olhos dela ardiam e as lágrimas escorriam-lhe pelo rosto, mas não era momento de reclamar, sua experiência era mais importante do que a ardência que sentia. Com uma colher de pedreiro retirou a pasta do pilão, colocando-a numa bateia de garimpeiro que encontrara no canto do paiol. A bateia cheia da maçaroca apimentada foi levada para o quintal. Menina aproximou-se do poleiro suspenso, onde sua avó cevava as aves destinadas ao abate. Ali, galinhas, patos e cocás, viviam em harmonia, seus últimos dias. Com a pá, colocou uma porção da pasta na gamela onde eles comiam. Depois, afastou-se um pouco e olhando os frangos que devoravam a mistura, disse quase num lamento:

_ Não sei se vocês vão ter tempo de aprender a falar, mas pelos menos vocês já vão ficar temperados por dentro. – Depois, pensativa, acrescentou - Tomara que vocês não fiquem muito ardidos, porque eu e o Zico não agüentamos pimenta...

Os galos posudos haviam conduzido as galinhas e os pintinhos para perto do cercado dos cabritos. Menina se encaminhou pra lá e, fazendo o mesmo rumor que avó fazia para atrair a atenção das aves, jogou uma quantidade do milho apimentado no chão. As aves correram todas naquela direção e gulosas bicavam com velocidade. Ao vê-las com tanto apetite, Menina jogou mais uma porção no terreiro. Como estava próxima ao cercado dos cabritos, decidiu que eles também podiam se beneficiar de sua descoberta. Big, o bode que substituiu o perigoso pai, Bolero, ao vê-la, aproximou-se da cerca para brincar. A cabra Beth, mãe de Big olhou-a com doçura e a garota sorriu pra ela. A seguir, levantando a bateia até a abertura da cerca e mostrando-a para os animais falou animada:

_ Olha, Big! Eu trouxe uma comida diferente pra vocês. Se vocês comerem tudo, vão poder falar como gente. Vocês querem? Eu vou deixar um tanto aqui no cocho, tá?

Pela mesma abertura, depositou um tanto da pasta no cocho. Quando ia se afastando do cercado, voltou e falou com a cabra Beth:

_ Essa comida não serve pra você, viu Beth? Eu gosto de você assim mesmo, muda. Você não precisa falar.

Os cabritos mais novos vieram correndo e começaram a comer. Menina afastou-se dali e foi até a gaiola do Louro. Encontrou-o novamente dormindo, com a cabeça escondida sob uma das asas. Sem se importar com isso ela o chamou em voz alta:

_ Louro! Louro! Olha! Esta comida que eu trouxe pra você é melhor do que essa que a vovó lhe deu. Pode comer, você vai ficar mais sabido. Você nem vai precisar roer com o bico, eu já pisei no pilão pra você. Experimenta, vai!

O papagaio desceu do poleiro soltando beijinhos estalados, ao mesmo tempo em que dizia:

_ “Me dá o pé meu louro, você é tão cheiroooso”.

Ele espichava o “c.h.e.i.r.o.s.o” e carregava no erre, lembrava o sotaque do polonês. Como se tivesse entendido o que a garota havia dito, ele começou comer da pasta de pimenta malagueta. Menina ficou observando o papagaio e dali a pouco um alvoroço nunca visto teve início no poleiro da ceva. O alvoroço se repetiu no terreiro e a seguir, no cercado dos cabritos. Sem compreender tanto barulho e o porquê dos animais reagirem daquela forma, decidiu procurar a empregada.

_ Maria! Maria! Cadê você? Tem alguma coisa acontecendo com as galinhas e com os cabritos.

A moça veio até o terreiro e viu a aflição da bicharada. As aves, de cabeças levantadas e bicos abertos, corriam cacarejando pelo terreiro, desesperadas. Parecia que alguma coisa as perseguia. Os cabritos saltavam e berravam alto. Sem entender o que se passava, Maria falou:

_ Uai gente! Qui será qui deu na bicharada? Será qui é o coisa ruim qui tá pirsiguindo eles? Pareci as arti do Saci. Será arguma cobra qui eles viu?

Menina bem que ensaiou dizer a verdade pra empregada, mas, algo lhe dizia que os animais estavam sofrendo os efeitos de sua descoberta e, logo, eles mesmos diriam o que estava acontecendo. Assustada, Maria aproximou-se do poleiro e viu na gamela os restos de milho com pimenta. Suspeitando da garota ela disse:

_ Foi ocê qui feiz isso cum us bichim? Ocê pode inté matá eles. A vó doceis vai batê nocê. Isso é malagueta mermo? Pru modi qui ocê feiz isso? Inté pareci qui ocê gosta de apenhá...

Maria falava e ao mesmo tempo procurava uma solução para os bichos. Mas foi a própria Menina quem sugeriu uma saída:

¬_ Quando a minha boca arde, eu tomo água com açúcar. Será que com os bichos também é assim? Eu só queria que eles falassem como o Louro da vovó.

Em sua simplicidade, Maria olhou pra Menina e sacudindo a cabeça em sinal de entendimento, falou:

_ Ocê é muito sabida. Mais ocê percisa de tomá tento. Pru modi qui ocê num mi preguntô premero? Si us bicho morri, cumé qui fica?

Naquele momento Siá Doninha se aproximou da casa, vindo da horta. Ao ver os animais enlouquecidos, pelo terreiro, perguntou o que estava acontecendo. Tentando proteger Menina, Maria disse que os bichos podiam estar com sede e que ia providenciar água pra todos eles. Siá Doninha aproximou-se do poleiro e viu o resto do milho apimentado. Nessa altura Menina já estava longe. A mulher não teve dúvidas, pegou um punhado de ramos de malva e saiu à procura da neta.

Enquanto isso, na cozinha, Maria misturava água com açúcar pra bicharada. Ao sair em direção do cercado dos bodes, encontrou Siá Doninha examinando os cochos dos animais. A causa da inquietação deles estava por toda parte. Do alto de uma paineira, ao lado da casa, Menina seguia os movimentos da avó. Viu quando Maria colocou água açucarada pra cada um deles. Os cabritos que nunca recusavam qualquer alimento, agora pareciam não se dar conta de nada. Apenas berravam e davam pulos. Os galos posudos, que jamais baixavam as cristas, bicavam furiosamente o capim rasteiro, como se quisessem limpar os bicos. As galinhas de angola corriam e olhavam para os lados, procurando algo que só elas viam. O coro de piu, piu, cacarejos, tô fraco, tô fraco e qüa, qüa, podia-se ouvir de longe. Foi essa sinfonia que Josefa e Zico ouviram, além da porteira. Quando chegaram ao pátio da casa, Menina viu do alto da paineira, a expressão de curiosidade do irmão. Animada, gritou lá de cima:

_ Zico! Venha aqui, eu não posso descer. A vovó está me procurando pra bater em mim.

Maria e Siá Doninha corriam por todos os lados tentando socorrer os bichos. Josefa, ouvindo o que a filha disse ao irmão, aproximou-se da árvore e falou com ela:

_ Que confusão é essa? De longe se escuta o barulho desses bichos. O que foi que aconteceu aqui?

Menina era arteira, mas não escondia nada do que fazia.

_ Eu dei pimenta malagueta pra eles comerem. Eu queria que eles conversassem como o Louro da vovó. Até agora eles não falaram nada, mas já estão abrindo a boca. A vovó ficou impaciente e pegou os cipós de malva pra me bater. Agora eu não posso descer daqui, só se a senhora falar com ela...

Zico olhava divertido ora pra irmã, ora pra mãe. Josefa ouvindo as explicações da filha ficou imaginando de onde a garota tirava aquelas idéias tão absurdas. Por que Menina era tão diferente das outras filhas e até mesmo de Zico? Com um longo suspiro de resignação e olhando mais uma vez o vai-e-vem de Siá Doninha pelo terreiro, ela apenas disse:

_ Desça daí! Vamos! Só me falta você cair e se machucar...

Josefa foi ao encontro da mãe e Zico aproveitou para falar com a irmã:

_ Moço, pimenta malagueta faz os bichos falarem, faz? Como é que você descobriu?

Do seu alto refúgio Menina respondeu:

_ Eu vi o Louro comendo pimenta verde. Deve ser por isso que ele fala. Então eu pensei que se os outros comessem pimenta mais forte, eles podiam falar também. Mas agora eu acho que eles não vão falar nada porque a Maria deu água com açúcar pra eles e a vovó deu mamão doce... Isto atrapalha tudo...

Menina tinha um ar realmente pesaroso pelo fracasso da experiência. Zico ouvia e olhava a irmã com admiração. Depois, pediu:

_ Você não vai descer daí não, é? Vamos brincar com os gatos...

_ Não posso. Eu vou esperar o papai chegar para o almoço. Ele não vai deixar a vovó me bater. A vovó ainda está com aqueles cipós, eu não vou descer.

No mesmo momento Siá Doninha e Josefa vieram em direção da árvore. Zico olhou as duas se aproximando e recomendou que a irmã ficasse onde estava:

_ Moço, é melhor você não descer mesmo. A vovó tá com cara de zangada – falou baixando a voz.

Siá Doninha foi chegando e dizendo:

_ Vou chamar o primeiro padre que aparecer em Aragarças, pra benzer você. Suas atentações parecem que são copiadas do “Romãozinho”. Onde já se viu dar pimenta malagueta pra criação, por que você fez isso?

Menina ouviu em silêncio, mas não demorou responder:

_ A senhora também deu pimenta pro Louro. Tá lá na gaiola, eu vi. Eu só queria que ele falasse melhor e que os outros bichos também falassem...

Siá Doninha olhou na direção da gaiola do papagaio. Pondo as mãos na cabeça com ar de desespero, correu pra lá. Encontrou o papagaio que andava pra lá e pra cá, no seu passo bamboleante. Estendendo o dedo pra ele, falou:

_ Oi, meu Louro, você está bem? Fala comigo, meu Louro!

Ignorando a mão de sua dona, ele continuava a balançar-se e não respondia. Desesperada, ela gritou para a filha Josefa, que se protegia à sombra da árvore.

_ Josefa, olha o que a peste de sua filha fez com o meu papagaio. O pobrezinho nem responde. Nem quis me dar o pé! Vem aqui falar com ele, talvez ele responda pra você.

Josefa olhou com desaprovação pra filha e encaminhou-se para lá. Zico, que não se afastava de perto da irmã, resolveu também subir na árvore. Lá de cima os dois viram a mãe dar beijocas estaladas pra o papagaio que, imediatamente, começou a cantarolar e assobiar forte, como nunca fizera antes. Admirada, Menina gritou pra avó:

_ Tá vendo, vovó! A minha pimenta é melhor do que a sua. O Louro nunca cantou assim antes... Ele só queria ser beijado por minha mãe...

As duas olharam pra cima da árvore e disseram ao mesmo tempo:

_ Você não perde por esperar! Deixa seu pai chegar...

Menina olhou pra o irmão e preocupada disse:

_ Será que o papai vai ficar do lado delas? Eu não queria judiar dos bichos... Acho melhor ficar aqui mesmo esperando por ele e por meu tio Antônio. Se você quiser, pode descer Zico...

Enquanto isso, o Louro não parava de falar. Siá Doninha até deixara de lado os ramos de malva e, junto com a filha, exploravam as gracinhas que ele dizia. Em determinado momento, ela sussurrou para Josefa, dizendo que era obrigada a reconhecer que o papagaio estava mais desembaraçado.

A bicharada finalmente se acalmou. Os cabritos encheram a barriga de tanto mamão doce e não pulavam tanto. Os patos, que antes disputavam o cocho de água a bicadas, agora passeavam por entre as outras aves, deixando seus vestígios por toda parte. As cocás continuavam olhando desconfiadas para os lados, porém não corriam mais pelo terreiro. Os dois galos, as galinhas e os pintinhos ainda bicavam os pedaços de mamão espalhados pelo terreiro. Parecia que tudo estava voltando à normalidade, só a euforia do Louro destoava do contexto. Mais tranqüilas, as duas mulheres foram pra cozinha. Não demorou muito e Zico avistou o pai e o tio que chegavam para o almoço. Aos gritos, os dois guris chamavam por eles:

_ Papai! Titio! Papai!!!

Ao ouvi-los, Dom Mozart e o cunhado apressaram os passos e se aproximaram da paineira. Menina foi logo falando:

_ Papai, não deixa a vovó me bater. O senhor também, tio! Eu quero descer, mas não posso...

Os dois homens se entreolharam e Antônio falou:

_ Não pode por quê? O que você andou fazendo?

Zico apressou-se a responder pela irmã:

_ O moço deu pimenta malagueta pra criação da vovó. Agora a vovó quer bater nele. Mas o moço só ia fazer as galinhas conversarem, como o papagaio. O senhor tá escutando? O louro tá falando melhor depois que comeu a pimenta, o moço tava certo...

Os dois homens sorriram e pediram pra que eles descessem da paineira, no que foram prontamente obedecidos. Rapidamente, Menina e o irmão contaram o que havia acontecido naquela manhã. Os quatro foram diretos pra sala de refeições e ali Josefa e Siá Doninha relataram a arte de Menina. Siá Doninha insistiu em dizer que Menina devia ser castigada pelo que fizera. O pai não concordou. Disse que o que estava faltando era conversar com a pequena. Ela era diferente das outras sim, e, por isso mesmo, suas idéias precisavam ser ouvidas. Depois, voltando-se para a filha aconselhou-a:

_ Minha Menina de imaginação fértil, de hoje em diante, quando essas idéias aparecerem em sua cabecinha, não faça nada antes de falar comigo ou com um adulto daqui de casa, tá certo?

Ainda acreditando na eficiência da pimenta, Menina olhou para o pai e pesarosa respondeu:

_ Sabe, papai? O Louro cantou a marcha do Zé Pereira inteirinha. Antes ele cantava tudo errado... Acho que foi a pimenta. Pena que a Maria deu água com açúcar para os bichos...

Dom Mozart balançou a cabeça em sinal de resignação. E Antônio que assistia o diálogo, sorrindo falou com os sobrinhos:

_ Pelo que estou ouvindo, hoje foi o dia mais “quente” da chácara. Graças a você, Lagartinha de fogo. Que tal, provar do seu próprio remédio, hein?

_ Eu não preciso, titio! Eu já sei falar. – Depois, com ar pensativo acrescentou – Tio! Será que quando a vovó cozinhar essas galinhas elas vão ficar apimentadas?

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