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Contos-->PROCURA-SE UM CAMINHO ENTRE - O AZUL DO MAR E O AZUL DO CÉU -- 08/09/2005 - 10:44 (Eduardo Meneghelli junior) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
PROCURA-SE UM CAMINHO ENTRE - O AZUL DO MAR E O AZUL DO CÉU

Em uma pedra, onde as ondas do mar esbarram, modificando o próprio som, eu estava sentado tentando encontrar soluções para perguntas que se formavam naquele instante. Observava o azul do mar e ao mesmo tempo o azul do céu: mais perguntas então eram encontradas nos antigos arquivos do subconsciente.
Procurei, baguncei, revirei tanto os meus pensamentos, que em um borbulho mental, encontrei um raríssimo pergaminho dentro de minha cachola, escondido atrás de um dos meus miolos do cérebro, e nele havia apenas uma pequeníssima frase escrita: “Procura-se um caminho entre o azul do mar e o azul do céu; onde se unem os dois paraísos: o Terral e o Celestial!”
Tal pensamento deixou uma parte do superanterior do encéfalo trabalhando tanto, que quase explodiu meu crânio; os miolos ferviam de meditar, tentando encontrar uma explicação para o surgimento de tal pensamento.
Refleti: (será que um ser humano como eu, que não possui muitos conhecimentos, é capaz de encontrar um caminho desse gênero, que une os dois paraísos? - Acho que não tenho nem condição para usar a criatividade cerebral para poder querer imaginar como seria ou é esse caminho, é impossível querer imaginar!).
Um certo embaciamento toma conta de meus olhos; como se estivesse saindo fumaça de minha cabeça, talvez irá fundir de pensar tentando encontrar...
... onde poderia estar tal caminho, tais paraísos?
... onde encontro este caminho?
... será além das estrelas?
... em outra galáxia?
... na fronteira do desconhecido?
... no portal da morte?
... só após o abandono da carcaça carnal, eu avistarei este caminho?
... ou talvez ele só esteja na minha imaginação...?
Essas perguntas pensalóticas que se formaram instintivamente, me deixaram cada vez mais pensativo. Enquanto o Dr. Cérbero meu continuava a agir, eu acomodava o corpo cansado sobre a dura pedra. Começava a ficar sonolentos, meus olhos entreabertos, naquela seqüência de abre e fecha quando se está mais adormecido do que acordado. Por alguns segundos fiquei lutando contra o sono, e não fechar os olhos definitivamente, até que começou acontecer algo de estranho: os olhos abertos ou fechados, não sei! Da linha do horizonte aparecia como se fosse um ponto preto perdido na longitude, mas quando esse ponto se aproximava mais perto da margem, o não identificado se tornava cada vez mais visível aos meus olhos...
A cada segundo eu definia algo naquele fenômeno...
Era uma canoa daquelas de tronco de árvore, inteira, entalhada à mão. Um velho parecia trazer as marcas de sofrimento em sua face, e um sorriso surpreendente, de olhar de mestre, desses mestres chineses cheios de mistérios, sabedoria, mas vibrantes, infinitos e penetrantes...
Em pé remava em minha direção: de calça arregaçada até os joelhos, de pés descalços, sem camisa e de chapéu de palha destes mais desfiados do que inteiros, de cabelos e barbas longos e brancos, um típico pescador.
A cada remada parecia mexer mais com os meus pensamentos, pois cada uma delas estava abrindo um caminho especial no mar. Continuava a remar em minha direção, mas por incrível que pareça quanto mais se aproximava das ondas, menos elas o atrapalhavam, porque a cada remada as próprias ondas se afastavam da canoa, se desviando em uma harmonia natural. Poderia jurar que era um fenômeno da natureza; as ondas se desviando da embarcação e batendo só nas pedras à margem.
O barco foi se chegando bem perto e foi parando, até que parou...
... o pescador num gesto muito comum puxou a calça, preparando-se para sentar-se no banco da canoa; tirou o chapéu, em seguida, ergueu uma das mãos passando-a no rosto, sentando, me observando, engoliu a saliva e falou:
- Que o caminho azul do mar e o azul do céu estejam consigo!
Não consegui falar mais nada, uma tremedeira tomou conta de meu corpo, o coração disparou, medo...
- Tudo o que se vem fazer para o bem ou para o mal, realizar ou sonhar, não pode ser interferido. Nós nascemos com muitas chances, não sabemos como usá-las, ou nós não nos esforçamos o necessário para entendermos nossa vida, como uma alternativa...
Tudo o que eu ouvia me deixava mais... continuava a tremer, pensamentos perturbadores, onde cheguei a pensar que já havia partido “para uma melhor...”
- Não... Você não morreu! Tudo o que quer é compreender, saber, entender, definir o que os olhos observam e a mente não identifica; porque quando se está sentado, olhando o horizonte ao longe, em direção ao mar, os dois tons de azul se encontram ao fim deste horizonte, proporcionando uma energia cerebral tão linda, que se é capaz de querer saber onde se encontra o caminho entre o azul do mar e o azul do céu. Só que você às vezes também, se faz muitas perguntas! Como: “como foi criado o mundo, os planetas e as galáxias? Será que existiram dinossauros? Existem outras vidas em outros lugares? Ou após a morte? Alienígenas, extraterrestres, existem? Será que Adão e Eva pecaram tanto assim, para que o mundo esteja tão bagunçado? Hitler, Gandy, personagens tão diferentes, por quê? A cor verde tem esse nome porque alguém colocou; ora! Poderia ser chamado de amarelo? Ou não?” você ainda se pergunta, viver é duvidoso?
Mas ao mesmo tempo se questiona! Duvidar do quê? Mas uma coisa você não se pergunta, tem certeza de que existe, que é superior a qualquer um. Qual o seu nome, não lhe interessa, mas sim o seu sentido essencial, como costuma escrever em seus escritos, não é mesmo?
Aquela voz doce e meiga, uma afeição de uma..., foi me deixando mais calmo, mais preocupado. Como poderia ele, saber tanto de meus pensamentos? Fui tomando coragem e tomando fôlego, aí perguntei em bom tom:
- O que você quer, o que fiz, quem é você, morri, estou delirando, ou estou ficando louco de tanto pensar, imaginar, até fantasiar pensamento? Você é real?
- Não quero nada, você quer muito mais do que eu; não fiz nada a mais do que ser um Ser Humano com o sentido de curiosidade bastante avançado, capaz de satisfazer seus próprios propósitos pensalóticos; através de suas perguntas, de sua aspereza, de seu pensamento, de seu comportamento e de sua maneira de encarar a vida e de vivê-la; deixando assim muita gente preocupada, pensando, meditando sobre o que seria se não fosse...! Quem sou eu! ...sou aquele que pode estar dentro das vastidões de seu cérebro ou até no seu labirinto, como costuma escrever. Falando nisso, faço parte de seus poemas, de seus escritos, de seus sonhos, de suas fantasias. Por isso também sou real, porque você acredita em sonhos irreais e sabe como transformá-los em realidade através da criatividade cerebral. Não precisa se preocupar, como já frisei, você não morreu, não está delirando, nem louco de tanto pensar, porque é assim que se chega aonde nos é permitido chegar...
- Acho que ainda não consegui compreender ou você não quer, ou quer me deixar mais confuso que já estou!
- Reafirmando tudo o que disse antes, e mais, eu lhe pergunto: Acredita em outros mundos? Outras galáxias? Outros seres? Em algo energético, fluídico...?
- Vai me dizer que você é um espírito?
- Você acha que pode ser mesmo?
- Não tem outra explicação, a não ser que seja uma alucinação!
- Meu amigo, você sabe que todo sonhador não tem limites ou fronteiras que não conheça ou que não consiga imaginar... Pense...!
- Mas por que não entendi? Por que eu?
- Por nada mais ou nada menos, simplesmente porque você sempre se lembrou dele..., em todos os seus sonhos, seus questionamentos, você nunca deixou de lembrar dele, nem em seus pensamentos, como está fazendo!
- Mas fazendo o quê?
- Procurando o caminho entre o azul do mar e o azul do céu!
- Mas isso só é um pensamento louco, desses que se esquece logo após em que se acorda. Mas o que estou fazendo, falando com quem? Não sei se estou adormecido ou acordado, nem mais se existo. O que apenas queria era conseguir alcançar os mistérios dos pensamentos e transferi-los para o papel, para satisfazer não só a minha curiosidade, mas também a das pessoas que gostam de se imaginar em outros mundos, viver aventuras irreais e bem diferenciadas, como esta, a de procurar este caminho; este que sabemos não existir!
- Será que não mesmo?
- Como é? De novo não.
Será que ele não pode existir? Você acha que está só no seu pensamento? Em seu subconsciente? Na sua energia pensalótica ou em seu fluído...? Te foi permitido vir e satisfazer este mistério pensante, para que você possa entendê-lo, compreendê-lo e transferi-lo para o papel, onde outras pessoas também irão entender alguma coisa e meditarão mais freqüentemente sobre tudo e todos...
- De todos os questionamentos que fiz durante a minha existência, por que só a essa me foi permitida uma explicação?
- É, amigo, acho que você não percebeu nada, nem de onde vim e nem porque vim.
- Não compreendi!
- Quero dizer que há mistérios que são melhores, porém adormecidos... Porque o homem já está no seu limite e não percebeu.
- Acho que agora entendi, sei lá, na verdade não sei o que está acontecendo comigo mesmo, não sei...!
- Nada de mais ou de menos, como já havia frisado anteriormente. Estou aqui para lhe explicar onde encontrar esse caminho, mas antes disso quero dizer que não duvide da sua capacidade intelectual; só não consegue perceber de onde vim e quem sou eu! Na verdade acho que você tem medo de perceber.
- Não! Realmente não!
- Como costuma dizer: viaja tanto pelas estradas de seu cérebro, esbarrando pelos seus coágulos mentais como obstáculos, que você nem percebeu que você questiona a si mesmo porque você imagina ou formula uma pergunta; e quem responde é o seu próprio SUBCONSCIENTE. É isso mesmo, chegou a esse estágio de ter dúvidas e de serem respondidas por você mesmo! Observe, analise, filosofe, pense, medite sobre esse azul esverdeado do mar e o azul celestial do céu, mas observe com a alma, não com os olhos de poeta, mas de ser humano. Vê algum caminho?
- Não!
- Não percebeu que este caminho existe, e que vocês, todos, são a chave, ou melhor, para abrir esse segredo basta saber que este caminho existe, e que a chave está no seu interior, no seu íntimo, na sua, alma, no seu espírito, e mais, não precisa morrer para descobrir o verdadeiro sentido... Observe bem lá no horizonte o azul do mar e o azul do céu. São como se fossem as palmas das mãos dos Deuses; e quanto mais no infinito do horizonte se olha, percebe-se que as mãos ou as palmas unem-se, nos permitindo imaginar ou fantasiar uma seqüência de batidas de palmas.
Onde poderia ser o último segredo para abrir a porta para esse caminho, que você já tem certeza de existir? Você tem esse prazer desse lado do mundo, de observar as palmas dos Deuses se unindo; mas do outro lado do mundo, outros também se questionam, sem conseguirem respostas, porque eles não têm o privilégio de conversar com o próprio SUBCONSCIENTE. É isso mesmo. Também sou fruto de sua imaginação. Não esqueça de nada, coloque tudo o que lembrar no papel, e deixe outros se satisfazerem com sua curiosidade.
Colocou o chapéu, se levantou e começou a remar, indo em direção às palmas dos Deuses, ao horizonte. De repente surge um arco-íris à sua frente, e ele continua remando mesmo subindo no arco-íris, e a cada remada vai mudando de cor, até desaparecer entre o azul do mar e o azul de céu...
E eu acordei sobre aquela pedra, com as batidas das ondas do mar.
E eu aqui tentei deixar tudo aquilo que meu SUBCONSCIENTE quis tentar nos explicar a respeito de nossas mentes.
Eduardo Torto Meneghelli
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