“Pode sim, mas você não foi forjado, foi concebido. Veio para fazer o bem”.
Levando as mãos ao rosto, lavou com a água límpida do riacho a face suada. Também bebeu desta água e ainda com as mãos molhadas, pegou um tufo de terra para sentir a mãe terra. Mais do que isto, viu fagulhas brilhando na ponta dos dedos. Quase caiu de costas, de tão maravilhado, de tão assustado, de tão surpreendido. “Esta é apenas outra de suas faculdades. Voar e iluminar é só o começo. Poderá você fazer muito mais”.
Levando as mãos à cabeça, finalmente se deu conta que a voz não era um sonho. Ficou olhando para o alto, para os lados. Só via a copa das árvores e ouvia o melancólico buralho do riacho.
Sem saber exatamente o que era, o que ouvia ou o que presentia, chorou amargamente. “Você ainda não sabe o que fazer, mas saberá. Voe sem rastejar até as rochas inverossímeis e insodáveis, respire o ar que nunca ninguém respirou, veja o mundo como nunca ninguém viu, converta-se numa rocha inverossímel e insodável”. Vá.