Meu trenzinho, PIUÌ, PIUÌ....PIUÌ
Todo ano,na època da colheita do café, meses de Junho e Julho, íamos de São Paulo para Jacarézinho, cidade situada ao norte do Estado do Paraná.
Embarcávamos na estação ferroviària Sorocabana e a duração desta viagem era cerca de catorze(14) horas tempo este que nos obrigava a ir de leito.
O trem rodava em trilhos de bitola estreita e sua tração era efetuada por uma máquina a vapor vulgarmente chamada de Maria Fumaça. Apreciando a paisagem olhávamos pela janela do vagão, e, os fagulhos de carvão penetravam em nossos olhos causando ardores e lágrimas. Mas não importava porque ao lado do trem as ervas cidreiras, plantadas junto aos dormentes, balançavam suas folhas causando um barulho estridente.Nas curvas , ao chegar ou sair de uma estação, o trem emitia seus curtos ou longos PIUÌS...PÌUÌ...PIÙI. Seu arranque era devagar mas tinha uma sonoridade especial:TCHAM...TCHAMTCHAM...TCHAMTCHAMTCHAM.A viagem demorava tanto tempo porque muitas das estações ficavam dentro das respectivas fazendas de café. Estas estações até recebiam o nome próprio das fazendas e se mantinham como armazem do "ouro negro".Nas propriedades rurais não havia luz elétrica, asfalto nas estradas ou, àgua encanada. Aos sábados íamos montados, eu e meu pai, nos burros para fazer compra na cidade carregando os bornéis de saca e andávamos o dia inteiro.Todas as noites mamãe tinha que tirar os "bichos de pé".O barro era tão vermelho que encardia nossas roupas de "rosa".Ajudávamos a tirar àgua do poço com o auxílio de uma corda, a secar o café no terreiro e pulávamos dentro da tulha para ajeitar o café.Tocávamos o sino para avisar a todos sobre a hora do almoço.
Êta infância "marvada" que os tempos não trazem mais.