Um homem, pra lá de seus cinqüenta anos, ainda jovem, parecia-me bem disposto, corpo sarado, mas muito calado, sentado num banco de jardim, despertou-me a atenção, quando eu lhe perguntei: -Como vai? E sem nem mesmo me conhecer começou a me dizer: -Sinto-me perdido no espaço. Sinto-me no ar, não sinto meus pés. Sinto que estou perdendo terreno e o espaço entre eu e o meu ego está vazio... Nada me importa mais... Já não sei o que realmente eu quero da vida, desta vida que hoje me mostra sem sentidos e sem motivos para viver, apesar de ter filhos, esposa e uma casa confortável, me sinto só. Eu e meus pensamentos estamos confusos... não encontro sintonia comigo mesmo. Houve época que eu sentia que me bastava estar vivo para ser feliz, hoje, eu sinto que falta alguma coisa para eu estar vivo. Sinto-me morto e nada e ninguém consegue reanimar meus sentidos sofridos e mal sintonizados com a minha verdade. Sinto dó de mim, e esta piedade me espanta, me atormenta e me destrói por dentro. Como sair dela e deixar de ter pena de mim? Ensina-me quem for capaz... Mostra-me como tem feito de sua vida e eu serei um aprendiz muito agradecido. Teria alguém a ousadia desse ensinamento a não ser Jesus? Claro que não, mas não sei onde encontrá-lo, pensava que Ele estava em meu coração, só que não o vejo mais lá, não sei onde Ele foi por que eu me perdi Dele e não sei o que será de mim, agora!.
E assim, como ele, saí dali, calada, sem saber o que dizer, pedi em pensamentos, que Jesus o assistisse em suas necessidades e se lembrasse também de mim.