João foi entregar uma flor para Maria depois de muito pensar. Pensou sobre as conseqüências, quando o faria, de que maneira. Não sabia mais o que fazer com aquele incontrolável sentimento que o enchia de felicidade, tinha que expressar o gigantismo de suas boas intenções.
Era tudo novo para ele. Uma simples flor o fizera enxergar uma relíquia, um objeto de inestimável valor. Um simples gesto que para ele seria a medida de um universo sem fim de suma importância. Só imaginava Maria, o gesto, o sorriso. Era a primeira vez que sentia algo tão bonito.
Misto de preguiçoso e cansado, João levantou-se da cama para o seu grande dia. Escovou os dentes, vestiu roupa bonita e levou a margarida para Maria. Ela marejou os olhos, sorriso belo que inundou os olhos de João. Depois de muitos anos, Maria passaria a tarde sem tricotar no sofá. Depois de muitos anos, João não jogaria dominó com os últimos amigos na praça.
Descobriram juntos a intensa juventude que um simples gesto pode despertar.