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Contos-->Jordi Ramón (Um famoso pintor espanhol) -- 26/10/2006 - 21:03 (Paulo Marcio Bernardo da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Jordi Ramón. Esse era o nome de um pintor que nascido na Espanha, viajou para Paris no final da década de trinta para aprimorar sua arte com outros pintores de maior expressão e conhecidos em todo o mundo.

Jordi era moço, tinha apenas vinte e cinco anos de idade, mas já era considerado um dos pintores mais conhecidos na Espanha e parte da Itália. Filho de pai comerciante tinha uma boa situação financeira, mas não era bem entendido por sua família por ter escolhido a arte da pintura como profissão. Achava os pais, que a pintura não lhe garantiria o futuro, e tendo apenas uma irmã, deveria assumir os negócios do pai. Além disso, ele seria com certeza um comerciante próspero, pois havia feito um curso superior o que lhe dava ótimas chances de sucesso.

Entretanto, apaixonado pelo que fazia, Jordi Ramón apesar dos inúmeros atritos familiares mudou-se para Paris, não com o dinheiro do pai, mas com o que havia conseguido pintando retratos de mulheres ilustres de Madri, Barcelona e Roma.

Sua pintura tinha influencia de grandes mestres, mas sua técnica em espatular era própria e única. A luz colocada em suas telas era genial. As cores fortes e as sombras conseguidas eram as marcas do pintor.

Já em Paris e convivendo com os pintores mais famosos do mundo, Jordi começou a pintar flores e Catedrais que impressionavam até os mais talentosos da época. Seus quadros, quando expostos eram vendidos rapidamente e disputados por marchands, que levaram suas telas para a América e conseguiram verdadeiras fortunas.

Mas a segunda guerra mundial fez com que o talentoso pintor voltasse à Espanha onde havia deixado os seus familiares. Conviveu durante seis anos com as conseqüências da guerra e foi forçado a assumir os negócios do pai nesse período, pois era impossível viver de sua arte enquanto a guerra não acabasse. Ele não havia deixado de pintar, mas os quadros se acumulavam em seu atelier. A influencia da guerra também causou mudanças nos temas trabalhados pelo pintor. Soldados baleados e bombas eram pintados com o vermelho do sangue, o cinza e verde dos tanques e dos armamentos. Era a fase militarista e a destruição européia retratada nos quadros grandes e não comercializados.

Com o final da guerra e para a surpresa de todos da família Ramón e Rivas, sua irmã, mais moça do que ele quase sete anos e acompanhando os andamentos dos negócios, tornou-se uma verdadeira administradora comercial. Eles passaram dias difíceis, todavia conseguiram superar o período da guerra. O comércio voltou a prosperar, seus pais não estavam mais apreensivos com o futuro e Jordi no ano de 1947 volta para Paris para reiniciar sua profissão de escolha.

Os anos que se seguiram não foram tão promissores. As dificuldades financeiras em toda a Europa não permitiam grandes negócios em obras de arte, mesmo assim o pintor conseguia viver com certo conforto e podia desfrutar dos bons restaurantes franceses, resultado da venda de alguns quadros pintados durante e depois da guerra.

Em 1950 Jordi encontra Marta em um bistrô, uma moça brasileira, bem mais jovem que ele, que tendo ido estudar música em Paris, se conhecem, apaixona-se e se casam.

Ele continua pintando como nunca, agora então tinha motivos suficientes que lhe davam inspiração para seus melhores quadros. Sua mulher era uma morena alta, bonita, olhos castanhos nascida em Vitória, no Estado do Espírito Santo, filha de fazendeiros do café da região de São Mateus. Tornara-se uma excelente pianista e tinha planos de voltar para o Brasil. Isso não demorou a acontecer. Em 1954 o casal já com o filho Ruan de 2 anos de idade muda-se de vez para o Brasil. Elegem para morar o Rio de Janeiro, mais precisamente Copacabana, local previamente estudado pelo casal para exercer as suas profissões. Em 1955, nasce Clara, uma carioquinha que deixa o casal ainda mais feliz.

Jordi, Marta, Ruan e Clara vivem a época dourada do Rio de Janeiro. No Bairro de Copacabana eram encontrados os maiores artistas de todas as artes. Atores, pintores, escultores, músicos e poetas dividiam o mesmo espaço nas noites de entretenimento.

O pintor expunha suas telas no Copacabana Palace, enquanto Marta tocava em uma orquestra e dirigia sua escola de música. Tudo andava acima daquilo que ambos planejavam. A família de Jordi veio ao Brasil conhecer a família de Marta, que por sua vez retribuiu a visita a Madri.

A felicidade parecia não terminar! Todavia em 1962 Jordi e a família resolveram passar o final de ano em Angra dos Reis e convidaram os parentes espanhóis (pai, mãe, irmã, cunhado e sobrinho) e os brasileiros capixabas (parentes diretos de Marta).

Todos embarcaram em um iate alugado especialmente para aquela viajem de final de ano. Era dia 23 de dezembro quando saíram do Rio com destino a Angra dos Reis. Embarcaram por volta das oito da manha e iam conhecer um pouco da Baia de Guanabara, as Ilhas de Paquetá e outras, e depois seguiriam para Angra. Por volta das cinco horas da tarde o iate já estava seguindo para seu destino final, quando uma forte tempestade alcança o barco. Apesar dos recursos mais modernos na época e dos tripulantes mais experientes a embarcação não consegue chegar, pois vai a pique pouco antes. Morrem no acidente três tripulantes e quinze passageiros. Sobrevivem apenas um tripulante, Jordi, um sobrinho espanhol e o pai de Marta.

Logo após a tragédia, Jordi Ramón volta ao Rio, vende o apartamento, desfaz-se dos quadros que estavam expostos e volta a Paris.

Ele ainda monta um pequeno apartamento em um subúrbio parisiense, leva tintas, cavaletes, espátulas, pincéis e telas, mas só consegue pintar mais duas telas. Uma ele retrata o acidente fatal e na outra ele pinta uma mão e um coração ensangüentado.

Jordi Ramón tornou-se alcoólatra. Viveu nas ruas de Paris longe dos holofotes. Barbudo sujo, maltrapilho e desesperado morre no inverno de 1964, com pouco mais de 50 anos bêbado em uma das principais vielas de Paris.

Seus quadros bem pintados e valiosos hoje ainda embelezam paredes de alguns palacetes de várias cidades da Europa e Américas do Norte e do Sul.

26- 10-2006.
Paulo M.Bernardo

*NOTA: Qualquer semelhança de nomes, locais e fatos ocorridos são mera conscidência, pois o conto é uma simples ficção.





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