A voz, do outro lado do fio, pergunta:
Você soube da novidade?
Ela indaga, curiosa:
Qual ?
O ano morreu, melhor dizendo, está agonizante.
Bonitinho!
Não, é verdade, passou tão ligeiro, nós nem nos encontramos uma vez sequer, e moramos na mesma cidade.
Você não se esforçou.
Eu? Quantas vezes convidei para sairmos, para almoçarmos, para irmos a um cinema, à praia, mas sempre havia uma escusa de sua parte...
Que pena! Você nunca insistia, desistia sempre na primeira vez. Eu queria que você demonstrasse uma vontade firme, nunca aquela falta de firmeza.
Aí, ele caiu na real. Realmente, por causa da timidez, nunca insistira, ficava frustrado, mas não se sentia a vontade para repetir o convite.
Ela, por seu turno, ansiava por uma nova investida, mas ele jamais tornava a convidar, parava na primeira tentativa.
E assim, voando, o ano passou, chegou novembro e o desencontro deles permaneceu, por conta da timidez dele e do orgulho desmedido dela.