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Contos-->FUSKHOTEL (Hotel WW) -- 16/11/2006 - 17:52 (Paulo Marcio Bernardo da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
“FUSCHOTEL”

Fuscahotel, esse era o nome que os vendedores davam aos WW, do final da década de 60 e inicio 70.

As empresas brasileiras e multinacionais que trabalhavam com frota de automóveis para os trabalhos externos, depois de aposentarem os Jeeps Wiliiams, começaram a adquirir os Fuscas, verdadeiros pés de boi nas suas tarefas. Aliás, pé de boi era o nome de um Volks fabricado sem acessórios que eram vendidos a preços bem econômicos. Os bancos eram de lona jeans, os panos de porta eram de papelão e o marcador de gasolina não existia. Quando acontecia a pane sêca, virávamos uma chave ou torneirinha para acionar a reserva de cinco litros de gasolina e tentar chegar a um pôsto mais próximo.

As viagens eram verdadeiras aventuras, pois esses eram os veículos que tínhamos para viajar de três a quatro mil quilômetros por mês em estradas em sua maioria ainda sem asfalto.

Entretanto, essas dificuldades eram vencidas com satisfação, pois os salários eram compensadores e havia um espírito de união e ajuda por todos que enfrentavam os mesmos problemas. Os assaltos não existiam. Quando quebrávamos um carro ou furávamos um pneu, não faltava ajuda, quer de outro viajante ou caminhoneiro que trafegasse pela mesma rodovia.

Quando não conseguíamos chegar ao destino antes das dez horas da noite, o fusquinha se transformava em Fuschotel. Ali mesmo procurávamos fazer um lanche e dormir no banco traseiro até o dia clarear para continuar a viagem.

Levávamos tudo dentro do veiculo. Alem do terno e gravata indispensáveis para a execução do trabalho, iam também ferramentas, água, alguma coisa para comer e um cobertor (peleja) para a noite, caso precisássemos.

Alguns anos depois a coisa começou a melhorar. Os motores 1200 foram substituídos pelos 1300 e 1500, os bancos eram melhores estofados e algumas estradas de barro passaram a ter asfalto.

O hotel móvel passou também a ter mais conforto, os rádios já pegavam em alguns lugares, sem grandes interferências. Mais tarde, apareceram os primeiros toca-fitas. Lembro que o primeiro que tive era um aparelho que eu trocava os cartuchos, do tamanho de uma fita de vídeo. Esse rádio era invejado por outros viajantes, pois era caro e difícil de ser encontrado. Nele, eu ouvia os lançamentos de Roberto Carlos e escutava os sambas enredo na época do carnaval.

O Fuschotel também era chamado dessa forma, pois era nele que levávamos as meninas de programas. O carro tinha de tudo. No console, chocolate e balas, no porta-luvas, alguma bebida quente e biscoitinhos tira-gosto.

Melhor ainda, quando conseguíamos colocar os bancos reclináveis, pois facilitava a relação sexual dificultada pela falta de espaço, alavanca de marchas e freio de mão.

Essa foi uma época marcada pela revolução, mas inspirada nas aventuras indescritíveis que vivi.

O tempo não volta, e por isso sinto saudades!

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