Há quem goste dos meus versos e a eles escrevo.
Também há os que se emocionam, os que se alegram, os que admiram, e quem sabe até os que nenhum crédito dão, mas tudo e todos certamente me movem.
Assim carregada de emoção, continuo obedecendo ao imperioso movimento de expressar, traduzir as sensações pelas quais me oriento...
Que fazer com esse movimento que me inquieta?
Ele revolve minha terra, incendeia minhas entranhas, me faz cativa dessa explosão da alma.
Minha mente embaralha, se atrapalha e trabalha!
Já percebo os sinais, ao doer-me a fronte, o tremor das mãos, e assim vão me escorregando os versos, as frases se encontrando em harmonia, então me atiro no espaço em vôo livre sem cansaço, e nessa dança vou sendo o mundo em sua vibrante sinfonia!
A escrever me pus, desprovida de todo pudor, as vestes que antes tinha, hoje não são de maior valor!
O deserto deixei no decorrer do caminho e, comigo assim sozinha encontrei a fonte de meu frescor. Olhar tamanha revelação, toda loucura e nudez da qual sou capaz, hoje soam a mim tal religião.
Ser em plenitude, descobrir que me entregar a toda essa convulsão e aceder ao desejo de buscar a mim com fúria, me levam de encontro à liberdade.
Comigo carreguei meu bem, carreguei meu mal, até perceber que viver compreende tudo!
.Sofremos por aquilo que não sabemos, mas buscamos.
Sofremos o que já perdemos, mas sabemos que vivemos.
E por que vivemos, para sempre teremos.
E isso nos faz serenos, humanos, essa é a ronda que não termina, que sempre fascina,
e àqueles que me leram, não conheçam unicamente a mim, mas sim cada sentido seu, e saboreiem o gosto da felicidade, mitigando toda a sede de sua própria natureza!