Foi tomada pela esperança que um dia me deixei vagar.
Esperança de algo que por certo ainda nem sabia, só sabia que queria...
Ser feliz?
E era tão forte o chamado, apressado o passo ao sentir que o tempo escoa e, a lucidez em continuar viagem me fez corajosa, o coração me impeliu para o encontro, ao grande e esperado encontro, de saber quem eu mesma era.
Percorri tantos caminhos sempre a me perguntar em verdade o que é que estou a procurar, será que vou encontrar?
E o mais longo dia vai chegar?
Juntando toda lembrança, todo cansaço, o embaraço de caminhar sem enxergar, fui muitas vezes desolada a pensar que fazer a estrada é o mistério, e sempre em segredo andei.
Andei só, em silêncio, em alarido, em gemido e cantoria, mas a alegria me serviu de alimento para essa incansável jornada.
Debaixo de todo o tempo, chuva ou sol foi assim nessa toada que vi a vida enriquecer seu enredo, em folguedo e sofrimento...
De exílio era o meu coração, mas com a aventura minha alma tinha uma infinda sintonia!
Solitária trajetória que conduz à própria história.
Percorri cores, verdes, lindas madressilvas, rosas, margaridas todas alegres e majestosas, mangueiras e abacateiros com laranjais perfumados a seduzir e muitas noites de luar a cantar.
Abracei amigos, enterrei meus mortos, pari meus filhos, e plantei flores, amores?
Tive amor, doí de paixão, e lavei meu coração...
Tive desilusões, desencantos, tive o espanto, e muito medo.
Tive dor, tive a peste, mas inconteste dela tirei lição, e assim andando fui vendo a
A contramão!
De teimosa seguindo meu bordão vi aproximar o outono e, a observância de todo conhecimento a reclamar por novos desafios, mais plantios, então novamente enfeitiçada pelo tempo plantei meu chão outra vez, sem mais hesitar.
Sabia que preciso era das minhas uvas cuidar, meu vinho beber com muito prazer, como aquele que escolheu seu trajeto fazer, e de seu destino ser o autor.
Compreender que a magia é,
Dividir a colheita no tempo novo do entardecer...