Acordei sobressaltado no meio da noite; o suor escorria-me das faces, eu ainda tremia misturado aos farrapos do sonho estranho que tivera. Quanto mais me lembrava, tanto mais sentia meu peito arfar e o peso insuportável da não-existência me oprimia de tal forma que pouco restava senão olhar meu rosto ao espelho.
Olhava meu rosto ao espelho e nada restava senão oprimir meu peito, numa não-existência insuportável que fazia meu peito arfar, tanto mais quanto mais me lembrava. Tivera um estranho sonho em farrapos, tremia ainda, minha face banhada em suor, em meio à noite sobressaltada.
Meu sonho esfarrapara, tremeluzente e eu não-existia, consciente de quão opresso é não-sentir, insuportável na Noite do Espelho que me cercava.
Acordei como se acorda num sonho, um reflexo de mim mesmo, opresso e arfando, ainda sonhando que acordara tanto mais quanto mais imaginara o não-existir e medroso, meu peito só fazia resistir.
Sonhando não existir, finalmente, arfei longamente e agarrei com todas as forças o meu peito, já convencido de que os farrapos de mim se soltavam e que não saberia discernir se o Espelho, que me sugava medonho, era eu mesmo ou o último luzir meu na Terra.