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Contos-->** O CAIXÃO ** -- 24/04/2007 - 10:10 (Sonia Nogueira - *sogueira*) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
** O CAIXÃO **

- Era um caixão postado na sala, imagine só, na sala de entrada, antes da sala de visitas, defronte da porta da rua, de um pequeno povoado antigo, igreja no centro e as casas em redor ao modelo da polis ”cidade-estado grega.” Lugar das primeiras reminiscências adormecidas que enfeitam uma tela, projetada na mente adormecida da infância.

O caixão lá na sala, portas e janelas escancaradas, desde o sol raiar, no silêncio do povoado pacato até a noite, clareado por lamparina a querosene. Não havia ladrão! Lugar sombrio na escuridão oculta das noites sertanejas, tão cantado por seresteiros à sua amada.

Os habitantes do lugar nunca indagaram o porquê e o que continha naquele caixão na sala. Especialmente nos dias de festa, final de ano. Festa religiosa de São Francisco em outubro e Nossa Senhora da Conceição em dezembro. Épocas que se reuniam as pessoas das redondezas, matutas, gorduchas, desdentadas, comendo pipoca no meio da rua e dando gargalhadas extremadas, usufruindo da liberdade dos que não conhecem os rigores e critérios sociais.

Retornavam também as famílias que já estava há algum tempo na cidade grande, os estudantes, que os pais enviavam para estudar até a quarta série primária. Jovens cheias de empáfia e orgulho dos pais, no colégio das irmãs Salesianas, ranzinzas, conservadoras. Educavam toda juventude tendo o pecado e a purificação da alma como prioridade na formação familiar, dando continuidade aos costumes arraigados das famílias conservadoras.

E todos passavam em frente à porta olhavam para o caixão retangular, um metro e trinta por cinqüenta, na média. A dona da casa, costureira renomada fazia as roupas novas, anuais, com babados e rendas à moda do lugar, cortava os tecidos em cima do caixa.

As crianças da casa, nem por decreto abriam o caixão. Quem ousaria? Criados obedientes, porém sem bons hábitos higiênicos: Mãos sujas, unhas de gato do mato, cabelos ressecados, lavados com sabão de coco do lugar, dentes sem escovação, eram limpos com as folhas do juazeiro e ficavam branquinhos que só vendo! Porém tinham hábitos nos banhos diários no caudaloso rio do lugar, que favorecia o plantio com a agricultura de subsistência.

O caixão... Cheio de farinha branquinha, de mandioca, durava até a próxima farinada. Nem mesmo para pegar os beijús de goma com coco. Mas quando o Sr. Raimundo enterrava lá no fundo, pra não ressecar, o queijo, o decreto ruía de água a baixo..
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