Andei pensando estes dias todos, isso sempre é um perigo, pois nunca se sabe o que pode acontecer, então quero contar uma estória, e imaginar um pedaço e quem sabe terminar, com o que conheço:
Era uma vez um rapaz jovem, muito jovem, calado, observador, inteligente, sem medo de enfrentar a vida, ambicioso, orgulhoso.
Trabalhou desde cedo e vinha de uma família com princípios rígidos e determinados.
Mas era destemido, era charmoso, educado, sensível e muito, muito carinhoso.
Uma menina, muito jovem também, apaixonou-se por este jovem, que a fazia sentir o quão especial era, pois ele a amava, ensinava-lhe coisas que jamais pensara em aprender ou se interessar, como filosofia, pintura, música clássica. Tinha por ela um carinho especial, no que era correspondido plenamente.
Viveram intensamente, como jovens adolescentes, um amor sem precedentes, chegavam a completar as frases um do outro.
Terminaram o namoro, mas viam-se sempre que era possível, às escondidas, o que era ainda mais gostoso.
Porém a vida, com seus caminhos levou cada um para um lado, ele se casou, e tornou-se pai, imagino que um ótimo pai e marido.
Ela, não se casou, nem teve filhos, mas teve um vida de aventuras e conhecimentos.
Mas sempre pensando no jovem que ficara para trás, porém vivo em sua memória.
Muitos anos se passaram, e cada um viveu a vida que escolheu.....
Eis que, de repente esta jovem, que é agora uma mulher madura, resolveu procurar seu amor, pensando encontrar o jovem destemido, sensível, educado.
Com muita coragem, ela o buscou e o encontrou....começaram a conversar através de e-mails, mas houve um momento que só isso não bastava, teria que haver os olhos nos olhos.....e houve.
Ela sentiu seu amor rejuvenescer e, como se fosse possível, ficar ainda mais intenso, ela sentiu que na sua “envelhecência”, teria como recuperar a felicidade que ficou para trás, que era sua, e que tinha que ser vivida ainda que fosse agora.
E assim conversaram, e ele lhe disse que estava velho demais para se apaixonar novamente, que sua vida estava acomodada, e suas necessidades preenchidas.
Que tola! Não ter percebido que ele havia mudado, não era mais o jovem destemido, mas sim um homem acomodado na sua vida, sem se permitir ou querer viver intensamente. Era apenas um homem, com idade média, onde os sonhos se foram, e não tem mais lugar em sua vida.
Ela demorou a entender, pois não podia acreditar que o jovem que amara toda sua vida, se transformou num homem de vida média, que aceita o médio como bom.
Uma dor profunda se fez em seu coração, pois ela amou alguém que não existia mais, mas o pior é que ela continua a amar este homem, mesmo não sendo o mesmo jovem destemido.
Ela pensou que poderiam viver momentos inesquecíveis, que durante tanto tempo acalentou, mas qual o quê!
Ele, dela se afastou, sem deixar sequer um recado, um bilhete, um adeus.
Talvez tenha sido melhor assim, pois ele mostrou o que se tornou, insensível, egoísta, que quer ter uma vida média, sem problemas, sem preocupações, sem aventuras, nem emoções.
Ela ficou triste, muito triste, pois tinha tanto para falar, fazer, contar, ouvir, partilhar.......
Queria apenas encontrar-se novamente nos seus olhos e no seu sorriso, mas nem isso lhe foi possível.
Agora, ela caiu em si, e viu que os anos passaram, seu amor pode não ter mudado, mas a pessoa sim....e quanto a isso nada há a fazer, apenas lamentar.
E sentir uma tristeza profunda, como se houvesse desperdiçado seu amor, por uma ilusão.
Ela sabe que isso faz parte da vida, mas mesmo assim dói e muito.
Poderia ser muito diferente, não haveria necessidade de opções, apenas haveria o momento único vivido por eles, partilhado, amado, apaixonado, Como um novo ar que nos revigora e nos dá uma chance de sermos melhores.
Talvez este conto não termine aqui (eu espero), pois ela ainda tem esperança que as coisas se modifiquem e ele pense melhor e queira retomar o que deixou.
Por isso, essa é uma estória de amor sem fim......pois de uma forma ou outra haverá uma continuação, pois o amor está ai e é para ser vivido, sentido, amado.