Quando conheci meu pai eu era muito pequeno, não sabia que aquele homem ali na minha frente todo bobo era o meu pai. Simpatizei com aquele sujeito na hora. Ele tinha alguma coisa que me chamava a atenção, algo especial que não conseguia definir com clareza. Eu não conseguia falar direito, apenas movimentava os braços e descobri que se chorasse ele vinha falar comigo. Lembro-me da vez que ele tentou me pegar no colo e foi quase um desastre, quase passei desta para outra; ele primeiro não sabia onde me pegar. Depois quando colocou as suas mãos grandes na tentativa de me agarrar, me senti tonto e sem equilíbrio, mas mesmo assim não estava com medo. Achava aquilo tudo a maior graça do mundo, ele me segurava longe do corpo, e tremia todo, pude sentir os calos de seus dedos quando ele fez carinho no meu rosto. Aos poucos ele foi tomando jeito e conseguia me carregar tranquilamente pela casa toda. Lembro da voz grossa dele e do cheiro de creme de barbear e da loção pós barba que passava todos os dias, eu adorava passar minhas pequenas mãos no rosto dele só para sentir a pele dele bem macia e cheirosa.
A melhor parte do dia era quando ele chegava do trabalho e vinha brincar comigo.ele me segurava pela cintura e me fazia chutar a bola de um lado a outro do pátio, depois me empurrava no carrinho pela rua toda e dizia para todo mundo que eu era o seu tesouro, um presente de Deus. Soube depois que a minha mãe havia perdido outros filhos antes de mim e que alguém disse que se colocassem um nome bíblico a gestação vingaria. Dito e feito eu nasci bonito e celerepe. Porque será que os pais são uns carinhas tão legais e especiais em nossas vidas, será que é uma missão divina um homem ser pai, ou é apenas um passatempo.
Eu quero com esta poucas palavras agradecer ao meu pai por tudo de bom que ele me passou, hoje sou um homem honesto, sem vícios e amigo de todas as pessoas.