Era uma vez, lá na longínqua Alemanha, um casal normal que esperava um filho, pra lá de normal.
Karl von Hobrach e sua esposa Inga moravam confortavelmente em uma espaçosa casa na cidade de München, vivendo de uma pequena cervejaria.
Tudo ia bem até o momento do parto.
Frau Inga acordou de um sonho perturbador, já em trabalho de parto.
Rapidinho eles seguiram para o hospital onde tudo aconteceu.
Mas a cara do médico demonstrava que algo não ia bem.
- Herr Von Hobrach, disse o obstetra com voz grave, sua esposa teve um excelente parto e tudo estaria bem se o seu filho tivesse nascido perfeito, mas não foi isso que aconteceu.
Karl estava pálido, quase desfalecendo, pois não podia imaginar o que estava acontecendo, já que a gravidez de sua esposa fora acompanhada como se deve, e nenhuma anomalia fora detectada durante o pré-natal.
- O que vou te dizer pode ser chocante, e talvez o senhor decida até mesmo por abandonar a criança. Se assim for, faremos bom proveito para estudos científicos.
- Que diabos, homem, diga logo o que é que o garoto tem.
- Ele nasceu com uma anomalia interna, uma inversão no aparelho digestivo, que fez com que sua boca ficasse localizada na região glútea e em seu rosto, ao invés da boca, fica o seu ânus.
Karl von Hobrach não agüentou o choque e desmaiou.
Frau Inga queria ver a criança, que estava no berçário, mas as enfermeiras, obedecendo às ordens do médico, tentavam dissuadi-la da idéia. Ela ficou alerta, e aproveitando-se um momento de distração, seguiu em direção do berçário e encontrou seu pequeno rebento, que tinha uma secreção escura e mal cheirosa sendo expelida pela boca.
Ela o tomou nos braços, limpou-o com um lençol do berço, nauseabunda, e notou que sua boca era pequenina, quase sem lábios, e toda encolhida, com preguinhas rosadas.
Seu filho era lindo, muito embora sua boca fosse bastante esquisita, mas ela o abraçou carinhosamente. Foi quando ele acordou e começou a chorar.
Estranhamente, sua boca não se movia, muito embora o choro fosse forte, estridente mesmo.
Percebendo que o som vinha de baixo, ela o deitou no berço, sob os olhares espantados das enfermeiras que já haviam percebido que sua vigilância falhou.
A criança chorava alto, mas o som parecia estar abafado. Frau Inga retirou a fralda descartável e percebeu que o choro provinha da bundinha da criança. Espantada, ela viu que havia uma boquinha ladeada pelas nádegas do bebê, e deu um terrível grito, cambaleando dentro do berçário, e sendo apoiada pelas assustadas e temerosas enfermeiras.
Daquele momento em diante a vida dos Von Hobrach mudou totalmente.
Piedosos, recusaram os argumentos dos médicos e levaram seu filho anormal para casa. O menino foi batizado em uma cerimônia simples e restrita, recebendo o nome do avô, Joseph von Hobrach.
Eles o amavam desde que fora gerado, e muitas vezes pensaram na possibilidade de um acontecimento trágico alterar as expectativas que tinham para a criança.
Infelizmente o destino foi cruel e definitivo. Teriam que conviver com uma anomalia monstruosa, que impediria a integração da criança com outras pessoas.
A vergonha, entretanto, forçou o casal a se retrair nas suas relações pessoais, e até mesmo entre os parentes, houve um isolamento sempre crescente.
Era constrangedor e até mesmo chocante, ver Frau Inga amamentar o garoto.
Quando Herr Karl adentrou o quarto e deparou com a esposa amamentando o pequeno Joseph, por pouco não deteve uma blasfêmia contra o criador.
Frau Inga estava sentada numa poltrona, segurando o bebê que tinha as pernas voltadas para o ar, enquanto sua cabeça pendia sobre o colo. Ela posicionou as nádegas do bebê junto ao seu peito, para que o mamilo pudesse ser sugado pela boca de Joseph. O que Herr Karl viu foi aterrador, chocante e triste, pois o seio era succionado pela bunda da criança, que se movimentava durante o ato, fazendo as pernas balançarem enquanto os olhos, vidrados, olhavam ao redor, numa face deformada pela presença horripilante de um cu.
Os cuidados eram redobrados, pois Frau Inga não deixava que ninguém chegasse perto do seu rebento. Eles adaptaram uma fralda descartável para usá-la no rosto, sem que encobrisse o nariz, o que impediria a respiração. Entretanto, também tinham que usar outra fralda que retivesse a urina, mas sem “amordaçar” a boca.
O banho era outro tormento, pois sempre havia o risco de afogamento. Para banhá-lo, foi colocada uma prancha sobre a banheira, onde a criança era colocada, e assim banhada, sem que houvesse imersão.
Joseph cresceu, começou a engatinhar, e principiou a balbuciar algumas sílabas.
Herr Karl, sempre emotivo, e agora, sempre bêbado, ficou emocionado quando Joseph proferiu a palavra “papá” pela primeira vez. O fato de falar com a bunda, talvez não tivesse sido notado, não fosse o menino, após proferir a palavra, ter sido carregado pelo pai, e, estando nu, defecado sobre o genitor, no exato momento em que este beijava sua face.
Foi preciso muita abnegação e amor para continuar criando o menino, que crescia forte e alegre, malgrado sua congênita anomalia.
Mas as coisas não seriam tão simples com o passar do tempo, pois logo Joseph percebeu que era diferente, porque seus pais podiam beijá-lo de uma forma que ele não podia. O menino foi ficando retraído e complexado, e se já não saia com freqüência, agora rejeitava qualquer convite para deixar sua casa.
Consultaram um psicólogo e procuraram várias escolas para crianças especiais, mas não encontraram muito apoio e esperança para que o filho pudesse se relacionar com outras crianças sem sofrer escárnio por sua condição fisiológica, sem ser rejeitado e tratado como lixo, por ser diferente, como normalmente acontece entre os seres humanos, mormente na Alemanha, que ainda se ressente dos atos odiosos dos nazistas, para os quais, crianças como Joseph von Hobrach deveriam ser eliminadas por serem consideradas “inferiores”.
Chegara para os Von Hobrach a hora de encarar o seu problema e fazer tudo que fosse possível para que Joseph tivesse uma vida mais normal, o normal possível para alguém que falasse pela bunda e cagasse pela cara.
A família Von Hobrach estava semidestruída pelo infortúnio causado pela presença daquela criança deformada.
Herr Karl bem que queria se aproximar mais do pequeno Joseph, mas sua repugnância aumentava dia após dia, e ele evitava sempre qualquer contato, preferindo chegar em casa bem tarde, quando todos já estivessem dormindo, pois assim não precisaria enfrentar sua provação, nem escutar as palavras de Frau Inga, sempre lhe lembrando da necessidade de abnegação e amor para com o filho.
- Ele dificilmente encontrará amor de outras pessoas, que não nós dois. Dizia ela, amável e terna, tentando aplacar a angústia que dominava o coração de seu marido.
Frau inga era o amor em pessoa, dedicando toda sua afeição ao pequeno rebento, decidira que não teria outros filhos, para não ter que dividir sua atenção e para não ver seu Joseph humilhado ainda mais, com a presença de um irmão, que provavelmente, seria perfeito e normal. Ela sabia que sua deformidade já seria alvo de grande preconceito fora de casa, então queria conservar em seu lar um ambiente de tolerância e aceitação, para reduzir o fardo que o filho carregaria pelo resto da vida.
Sua bondade e ternura faziam Herr Karl sofrer ainda mais, quando sentia que ele próprio devia ao filho uma demonstração visível do amor que ele sentia, mas a repulsa era mais forte e o dominava totalmente.
Apesar de tudo, o garoto crescia saudável e esperto, muito embora sentisse que seu lar não era feliz por causa de sua existência. Estes pensamentos não lhe acorriam com grande clareza, mas uma grande tristeza e melancolia, por vezes o faziam aquietar-se num canto e ficar assim por muito tempo.
Quando sua mãe o encontrava, carregava-o e o punha no colo, olhando-o profundamente nos olhos, tentando a todo custo não ver o ânus que se posicionava logo abaixo do nariz, ela lhe contava histórias infantis, contos de fada, canções alegres e cantigas de ninar, para retirá-lo daquela situação infeliz.
E assim o tempo ia passando, enquanto o garoto ia aprendendo coisas novas a cada dia.
Suas enormes dificuldades não o impediam de alcançar a independência nas tarefas mais corriqueiras, tais como tomar uma mamadeira de mingau.
De gatinhas sobre um colchonete, ele segurava com os dois pés a mamadeira e, equilibrando-a dessa maneira, aproximava-a de suas nádegas, introduzindo na boca, que sugava o mingau com voracidade.
Sua mãe, observando-o da porta da cozinha, deixava correr lágrimas sentidas pelo filho que, apesar de tudo, começava a dar mostras de sua força para adaptar-se às condições adversas que a vida lhe proporcionara.
Ela, num misto de piedade e satisfação, guardava consigo um pensamento: Jamais permitiria que seu filho fosse dependente de ninguém, e faria o possível e o impossível para ajudá-lo a se virar sempre sozinho, naquilo que ele era deficiente, o que lhe seria de grande valia em sua vida, aumentando sua auto-estima, tão frágil.
Na cervejaria da família, Herr Karl tanto vendia quanto se embriagava com a cerveja. Alguns clientes mais próximos procuravam conversa sobre seu filho, mas ele sempre se esquivava.
Quando saia pelas ruas da cidade, ficava todo desconfiado quando as pessoas à sua volta cochichavam e riam.
Revoltando-se, quando estava bêbado, o que era cada dia mais comum, xingava a todos e partia para a briga.
Sua situação emocional estava chegando ao limite, e mais de uma vez ele pensou em abandonar tudo e sumir no mundo, mas quando se dava conta do quando amava sua mulher e seu filho, sentia que jamais poderia abandoná-los, mas que deveria abrir seu coração e deixar o amor que represava no peito envolver seus entes mais queridos.
Uma luz de esperança brilhou no coração de Herr Karl, que abandonou de vez o sofrimento e a auto-piedade a que se entregara desde o nascimento do pequeno Joseph.
Parecia que, tendo chegado ao fundo do poço, ele fora resgatado daquele funesto e deplorável estado de espírito por alguma força misteriosa que jazia dentro de seu coração.
De repente o amor falou mais alto e revestiu seu espírito de uma incrível armadura, encorajando-o a lutar contra tudo e todos que pusessem em risco qualquer possibilidade de felicidade para seu garoto.
Naquele dia ele fechou a cervejaria e dirigiu-se para casa com um caminhar firme e decidido. Seus olhos sorriam para o dia ainda claro, do verão setentrional, enquanto de seus lábios ecoava uma canção que deixava entrever a esperança que se abrigava, firme, dentro de seu coração.
Ao chegar em casa, abraçou ternamente sua esposa, que se manteve calada, embora surpresa. Beijou-a e agradeceu por sua perseverança e confiança em Deus, pois agora ele também podia confiar, tendo abandonado os turbilhões de pensamentos negativos que o assaltavam desde o nascimento de seu filho.
De mãos dadas, seguiram até o quarto onde o menino dormia, e se puseram ao lado do berço, olhando-o demoradamente. As lágrimas correram, copiosas e fáceis, mas não havia em seus corações o travo de dor que amargava suas vidas desde que eles receberam no seio da família aquele menino tão especial. Agora mesmo, uma alegria, ainda acanhada parecia lhes dizer que, se estivessem dispostos a lutar, poderiam transformar seu pequeno rebento num homem realizado, sem que sua deformidade o aprisionasse na vergonha e no medo de ser feliz.
O menino dormia tranqüilo, parecendo mais um anjo, mesmo tendo sua face deformada pela indesejável presença de um ânus. Mesmo assim, aquela criança inspirava em seus pais os mais belos sentimentos, de amor e fraternidade, e eles juravam, interiormente, fazer tudo que estivesse a seu alcance para que ele crescesse feliz e livre de preconceitos, custasse o que custasse.
E assim foi.
Joseph era criado como uma criança normal, mas ciente de sua condição, pois seus pais não escondiam dele que era uma criança diferente, porém que isso não o fazia inferior às demais.
O dia em que o garoto deixou a casa para passear com seus pais pela primeira vez, foi para ele um dia de grande alegria e satisfação.
Herr Karl e Frau Inga seguiam orgulhosos pelas ruas do bairro, empurrando o carrinho, onde o garoto, curioso e entusiasmado com a novidade, empolgava-se a todo instante, vendo coisas que até então desconhecia. Criava-se ali um vínculo de amizade e confiança, entre o garoto e seus pais, que seria de fundamental importância para sua auto-estima.
Seus pais haviam tirado a fralda especial que usavam na face de Joseph, apostando na sorte de que ele não defecaria durante o passeio. Os vizinhos, que conjeturaram todo esse tempo sobre que tipo de aberração teria o filho dos Von Hobrach, pois que eles nunca mostraram a criança para ninguém, espantavam-se agora com a beleza e a placidez do rosto a criança, muito embora achassem sua boca esquisita, ela era rapidamente esquecida, quando miravam os grandes olhos azuis que dominavam aquele rosto rosado e redondo.
Em casa, Joseph se desenvolvia rapidamente, pois seus pais cuidavam para que ele superasse suas restrições fisiológicas, ficando cada dia mais auto-suficiente.
Ele foi ensinado a satisfazer suas necessidades no vaso sanitário, assim que aprendeu a andar. Sua posição ao defecar era a mesma que as pessoas normais usavam para vomitar, muito embora a coisa toda fosse muito constrangedora, com todas aquelas contorções que faziam seu peito arfar, e o volume que se formava em seu pescoço, quando o bolo fecal se aproximava do ânus. Mas havia uma facilidade muito grande para que sua higiene fosse exemplar, pois logo aprendeu a usar o papel higiênico, como seus pais usavam lenços ou guardanapos. O casal sentiu grande satisfação ao perceber este ponto positivo numa ação que é simples para adultos, mas que se mostra sempre difícil para crianças que ainda estão desenvolvendo suas habilidades motoras, e que por isso levam muito tempo para conseguir utilizar o papel higiênico com precisão e eficácia.
- Nosso filho tem chance sim!
Alegravam-se os pais de Joseph com aquela pequena vitória do menino. Um gesto tão comum e sem maiores méritos, converteu-se numa importante e festejada vitória para a família Von Hobrach.
Joseph já andava sem fraldas, pois sabia controlar suas necessidades fisiológicas a ponto de dispensá-las. Seu desenvolvimento era grande para sua idade física. As primeiras palavras que pronunciara, “papá” e “mamã”, que tanto chocaram quanto emocionaram seus pais, agora eram faladas com maior precisão, e até frases inteiras ele podia articular sem grandes erros. O que tornava as coisas mais difíceis era o tom quase inaudível das palavras faladas a partir de suas nádegas, que ficava ainda pior com o uso de indumentária, que abafava o som emitido pela boca glútea da criança.
Mas Herr Karl teve uma idéia que se mostraria útil pelo resto da vida de Joseph.
Ele adaptou um sistema de microfone conectado a um mini amplificador, que aumentava o volume das palavras, e eliminava o espanto das pessoas quando percebiam a anomalia vocal do menino.
O microfone ficava posicionado entre as duas nádegas, imediatamente sobre a boca. Um fio o ligava a um amplificador preso à gola da camisa que Joseph usava, e tudo aquilo era alimentado por pequenas baterias presas a um cinto que ele levava na cintura. Dessa forma as palavras articuladas em sua bunda eram audíveis às pessoas com as quais ele falasse, e melhor, o som era emitido bem próximo ao rosto, o que tornava a conversação um pouco mais normal. O fato de que sua “boca” localizada na face, não se movesse durante a conversa, era explicado como um problema vocal que o impedia de usá-la, mas não era dito a ninguém, em hipótese alguma que aquele orifício era um cu.
Mas as dificuldades existiam. Uma delas eram os gases. Quando Joseph peidava, o fazia, evidentemente, pelo ânus, e os jatos de ar fétido eram expelidos diretamente na cara de seus possíveis interlocutores.
É claro que seus pais o treinavam e orientavam para que controlasse a emissão dos gases, sobretudo para que não o fizesse em público, mas sempre ocorriam aquelas escapadelas silenciosas, que se espalhavam rapidamente no ambiente, causando mal estar nos narizes mais sensíveis.
Sem dúvida, o momento mais traumático para todos era a hora da refeição, que até aquele momento era feita somente entre Joseph e seus pais, excluindo-se a presença de quaisquer outras pessoas à mesa do Von Hobrach, assim como eles não participavam de nenhuma reunião com parentes e amigos que fosse ligada a uma refeição.
Joseph aprendeu a comer sozinho muito cedo, pois tomava sua mamadeira sem grandes dificuldades, apenas com um pouco de contorcionismo. Mas quando as refeições começaram a ficar mais sólidas, a coisa era diferente.
Frau Inga, pacientemente, o alimentava com papinhas de frutas e cereais. As sopas eram mais difíceis de se tomar. Nesses momentos, Joseph não ia à mesa, ficava sobre um colchonete, calças arriadas, a cabeça entre as pernas e a bunda para o ar. Sua mãe ia introduzindo em sua boca as colheradas de alimento, mas o menino já insistia em comer só, usando as mãos. Diversas vezes ele tomou a colher das mãos da mãe, e com certa dificuldade, devido à posição e à insipiencia motora natural da idade, ele introduzia em sua boca as porções de alimento, muito embora algumas vezes deixasse tudo derramar.
Sua mãe foi quem bolou uma maneira de por Joseph à mesa sem o constrangimento de vê-lo nu durante as refeições.
Ela serrou o assento de uma cadeira, de modo que Joseph, ao sentar, posicionasse sua boca diretamente na abertura. É claro que ele precisaria remover as vestes para poder comer, mas suas roupas eram reformadas para que se pusesse uma abertura atrás, fechada com velcro, que facilitaria o ato de comer à mesa, sem que precisasse se despir.
Herr Karl aprovou a idéia, e com satisfação os três sentavam-se juntos para o desjejum e as demais refeições, com alegria e descontração.
Joseph abria o orifício de sua roupa, sentava-se na cadeira furada e introduzia na boca as porções de comida, inicialmente com grande timidez e vergonha, mas depois, já com grande desenvoltura.
Até aquele momento ele se alimentava sozinho, ou ajudado por sua mãe, agora, pelo menos em casa, ele poderia participar das refeições em família com seus amados pais, sem grandes constrangimentos. Karl e Inga procuravam incentivar o filho a agir naturalmente, dando grande importância aos seus progressos, enquanto minimizavam suas naturais dificuldades.
O importante naquela família, tão especial, era não fazer comparações de seu filho com as outras crianças “normais”, pois a cada dia eles aprendiam que a normalidade é um conceito que mais escraviza que liberta, mais separa do que une as pessoas, e que estas são, por obra e graça divinas, infinitamente diferentes umas das outras, e assim é porque deve ser, e só.
A vida seguia seu curso na casa dos Von Hobrach, já perfeitamente adaptados ao defeito de seu filho Joseph.
Os parentes mais próximos, avós, tios, primos e sobrinhos, que por tanto tempo foram mantidos afastados do garoto, em total ignorância dos fatos, e cheios de suspeitas as mais estapafúrdias, depois do choque inicial, conviviam com o garoto de forma relativamente harmoniosa.
Até os vizinhos mais próximos do casal davam seu apoio e minimizavam os traumas do pequeno deformado.
As situações peculiares da vida rotineira de Joseph eram bem toleradas pelos poucos que delas privavam.
O menino chegava à idade pré-escolar, e um dilema causava desconforto aos seus pais. Sabiam que a condição física de Joseph requereria uma escola especial, mas, por outro lado, as opções de escolas especiais em nada serviam ao seu filho, dotado de extraordinária inteligência, sagacidade e esperteza. Era com toda certeza mentalmente superior aos garotos de sua idade, portanto, colocá-lo numa escola especial poderia tolher seu desenvolvimento e ser extremamente danoso para Joseph.
Procuraram conselhos, primeiramente com o pediatra que acompanhava o menino desde o nascimento. Ele foi duro e direto ao dizer que o menino seria rejeitado por crianças normais, num ambiente escolar normal, onde a ausência dos pais permite que elas expressem sua personalidade com mais vigor, além de refletir os pensamentos e atitudes dos pais, livres das dissimulações que imperam nas relações sociais dos adultos.
- As crianças mostram no período pré-escolar, quem são elas e quem são seus pais, de maneira inequívoca, sem nenhum burilamento ou máscara imposta pela convivência forçada do mundo escolar, que está apenas começando. Esta fase é crucial para a aceitação ou rejeição de um membro no grupo, e define a forma de relacionamento entre os indivíduos nos anos vindouros, disse o médico.
Eles saíram do consultório, desanimados e deprimidos, mas numa conversa com amigos, foram aconselhados a procurar um psicólogo infantil, que poderia avaliar a maturidade do pequeno Joseph e aconselhar os pais com base nas observações feitas sobre a criança.
Eles não perderam tempo, indo o mais rápido possível, os três, para uma nova consulta, temendo e desejando uma avaliação que os tranqüilizasse quanto à inserção do menino numa escola normal.
No elevador, os Von Hobrach encontraram outro casal acompanhado de sua filhinha, uma linda menininha com grandes olhos negros e lindos cabelos cacheados. A garotinha era pouco mais velha que Joseph, bastante expansiva e comunicativa, sorriu para Joseph, que também tentou sorrir de volta, mas com os movimentos musculares da face acabou por soltar um pum bem na cara da menininha, que ao perceber o fedor, começou a gritar e choramingar.
- Ele peidou na minha cara, mamãe, papai, ele deu um pum com a boca!
O mau cheiro incomodava os pais da garotinha e envergonhava os pais de Joseph, que, timidamente pediram desculpas pelo mau jeito do filho.
No consultório do psicólogo, o pequeno Joseph chamou logo a atenção de todos, por sua fisionomia ímpar.
Desconfiado, escondia-se atrás da mãe, dizendo baixinho que todos o estavam encarando.
Felizmente aqueles longos segundos na sala de espera acabaram logo, quando eles foram recebidos pelo psicólogo, Dr. Richard Freund.
Ele já sabia da anomalia da criança, por informações prévias dos pais, mas queria conversar com Joseph, para poder avaliar sua condição psicológica em virtude do problema congênito.
Dr. Richard pediu aos pais do menino que esperassem na ante-sala, pois a presença deles inibiria Joseph, não permitindo que expressasse claramente a dimensão que seu problema ocupava em sua forma de relacionar-se com outras pessoas e situações diferentes das domésticas.
Karl e Inga, um pouco preocupados, atenderam ao pedido do especialista, deixando Joseph sozinho com uma pessoa estranha pela primeira vez na vida.
O Dr. Richard olhava para o garoto com simpatia e cumplicidade, tentando de todas as formas tornar aquela conversa o mais natural possível.
Decerto a visão do menino superava muitíssimo todas as expectativas que vislumbrara depois que fora informado de que ele tinha o ânus localizado na face. Ele cumprimentou Joseph e foi prontamente respondido, quando a voz do menino se fez ouvir através do microfone que trazia preso à gola da camisa, e que direcionava para perto do rosto os sons articulados na bunda.
- É bom ver que você se comunica bem, mesmo com estes fios e microfones, disse o Dr. Richard.
- Não é muito bom, mas é melhor que ficar nu, com o bumbum empinado, para poder ser ouvido. Mesmo assim, não tenho boa dicção quando estou sentado.
O homem espantou-se quando ouviu o menino falar.
- Eu estou ouvindo coisas! Não creio que estas palavras foram pronunciadas por um menino em vias de iniciar um curso pré-escolar.
De fato, Joseph respondera com tanta desenvoltura que surpreendeu positivamente seu interlocutor, deixando-o de certa forma maravilhado com uma criança tão pequena, que já demonstrava ser intelectualmente tão bem dotada.
Dr. Richard, que esperava encontrar um acanhado menino-problema, complexado e meio retardado, percebera que estava diante de um mini-gênio, um menino prodígio. Ele decidiu aplicar-lhe diversos testes de QI, e a cada um deles surpreendia-se com os resultados alcançados.
No entanto ele via também que o pequeno Joseph era uma criança como outra qualquer, que deseja ser amado e conviver com outras de sua idade. O fato de o menino ter sido isolado pelos pais de um convívio maior com outras pessoas, sobretudo crianças, deixara-o com alguma resistência aos contatos com outras pessoas.
Estas conclusões foram tiradas dos testes realizados com o menino.
- Sabe Joseph, todos nós temos uma ou outra anomalia, que nos faz conviver com outras pessoas usando máscaras e subterfúgios para não nos tornarmos tão vulneráveis. No fundo nenhum de nós quer ser um fraco ou digno de piedade dos outros, muito menos aceitamos ser diferentes, embora ninguém seja igual a ninguém na face da terra. Você é um garoto especial, diferente, mas nem por isso é inferior às outras crianças de sua idade. Por ter um grau de diferença física tão grande, a natureza o compensou com uma inteligência e maturidade igualmente grandes, como forma de compensação, que vai lhe permitir sobreviver na selva que é a sociedade humana. Boa sorte garoto.
Dr. Richard despediu-se da família Von Hobrach, dizendo aos pais de Joseph o mesmo que lhe dissera em particular, acrescentando que recomendava para que o menino fosse matriculado numa escola convencional, pois ele tinha amplas possibilidades de se desenvolver, convivendo com outras crianças “normais”, assim como ele.
Mas os primeiros anos escolares de Joseph foram de fato muito ruins.
Seus coleguinhas de classe nem chegavam perto dele.
A professora do pré-escolar, ciente do problema dele, tentava manter uma vigilância disfarçada para evitar constrangimentos e ao mesmo tempo minimizar os efeitos da rejeição.
Coisas simples como chupar um pirulito eram terríveis para Joseph, que sempre deixava para mais tarde.
Na hora do lanche ele era levado para uma sala anexa da secretaria da escola, onde fazia sua refeição sozinho.
Aquela situação especial desagradava ainda mais seus coleguinhas, que faziam chacota dele.
Logo implicaram com sua boca “sui generis”, e ele ganhou o apelido de “cada de cu”.
- A senhora não poderia ter feito isso, expor nosso filho ao ridículo diante da classe. Agora chamam-no “cara de cu”. Reclamava Herr Karl para a professora.
- Mas Herr Karl, nada foi dito por ninguém, nunca. As crianças têm maior percepção do que se imagina. Tem sido difícil para o Joseph, mas ele tem se adaptado, e até mesmo por causa desse apelido ele tem se relacionado mais com os outros. Parece mesmo que foi quebrada uma barreira e ele, diante da contundência do nick, se abriu aos demais, rindo pela primeira vez de sua própria anomalia. Veja Herr Karl, os outros querem se aproximar dele, mas isso só vai ser possível se ele também se aproximar dos outros, ou seja, se Joseph se expor tanto quanto os outros ao ridículo da existência.
O fato é que Joseph Cara-de-Cu começou a se integrar mais com os outros colegas da alfabetização, participando das brincadeiras e perdendo gradativamente sua inibição natural.
Joseph passou pelas agruras normais de qualquer criança em desenvolvimento.
Quando seus dentes começaram a nascer, por exemplo, as diarréias eram constantes e naturalmente constrangedoras, e suas mãosinhas vivam a esfregar as gengivas no meio da bunda.
Crescido, seus dentes de leite começaram a cair.
Certa vez Frau Inga amarrou uma linha no dentinho mole de Joseph e a outra ponta na maçaneta da porta, fechando-a abruptamente em seguida, para arrancar o dente do garoto, que, nu, com a linha presa na bunda, ficara na ponta dos pés, morrendo de medo da dor que sentiria com a extração caseira.
Por falar em caseira, às vezes Joseph era acometida por este parasita, o Oxiúrio, que insistia em movimentar-se por entre as pregas de seu cu, causando irritante coceira.
O problema era minorado pelo fato de Joseph não precisar levar a mão à bunda para coçá-la, visto que seu cu ficava na cara, e a ação de coçar era mais educada, mas isso não tirava o fedor de cu que ficava em seus dedinhos.
As famigeradas viroses também traziam à tona a diferença do garoto, que vomitava muito e sempre molhava as calças com os vômitos e gofadas.
Os anos estudantis são de fato os melhores anos na vida das pessoas, no entanto, enquanto estudam, todos anseiam pelo fim da preparação e início da atuação após sua formação, mas é aí que se percebe que se é estudante para sempre, mas aqueles anos de responsabilidade limitada com a segurança do lar paterno ficaram para trás, junto com tantas possibilidades e experimentações despretenciosas.
O tempo foi passando rápido para Joseph, num piscar de olhos ele se viu alfabetizado, algum tempo à frente e já se debruçava sobre as exigências gramaticais da língua e os contares da matemática.
Ciências, história, geografia, artes, o saber se tornara uma benção e uma âncora para Joseph, que se relacionava muito bem com todos na escola, apesar de sua estranha fisionomia e de sua maneira eletrônica de falar.
Simpático, prestativo, amigo, sempre estava disposto a ajudar os demais em seus deveres, uma vez que para ele aprender era um prazer, ensinar e esclarecer dúvidas também lhe satisfazia a alma.
Joseph raramente se metia em encrencas, desde que começou a fazer amigos na escola, especializou-se em cativar as pessoas à sua volta, de forma que raramente trocava tabefes com outrem, mas algumas vezes saiu na mão com garotos mais agressivos que implicavam com sua boca de biquinho.
Poucos amigos de Joseph sabiam o que se passava em seu íntimo. Poucos, contados nos dedos da mão, sabiam onde ficava seu cu e onde ficava sua boca, e não falavam desse assunto para ninguém.
Quando Joseph fazia um lanche, era em reservado.
Nunca tomara um sorvete ou comera pipoca junto com a galera da escola.
Mas aí, quando estava no quinto período, Joseph teve uma grata surpresa em sua vida.
Uma garota nova entrou para a escola, matriculando-se na mesma classe que ele.
Bonita e um tanto tímida, era disputada pelos garanhões novatos, candidatos a namorado da menina que se chamava Helga.
Mas Helga de imediato se apaixonou pelo garoto mais esquisito da escola, que a seus olhos pareceu lindo.
Fazendo amizade com outras meninas que também eram amigas de Joseph, ficou sabendo um pouco mais sobre ele, mas não tanto, graças à discrição e fidelidade delas ao segredo do menino.
Helga, maliciosamente, deixou que Joseph se aproximasse e ensaiasse uma desajeitada corte.
O coração do menino, patinho feio que era, transbordava de alegria, e cada dia que passava, ficava mais e mais apaixonado pela coleguinha de classe.
Seu comportamento mudara, estava nas nuvens, rindo à toa.
Seus pais perceberam sua mudança e o inquiriram, mas ele, reticente, se esquivara das perguntas invasoras e mantinha em segredo o sentimento que brotara em seu peito.
Porém os corações desenhados no caderno, com as iniciais “J” e “H”, denunciavam o que estava acontecendo ao garoto.
Seus pais, risonhos, sentiam-se orgulhosos pelos passos traçados pelo filho, e até mesmo a possibilidade de desilusão amorosa, por si só tão dolorosa, não era considerada por eles, mesmo que viesse, aquela paixão era mais uma vitória para o garoto anormal de cu na cara.
Helga de fato gostara dele e adorava conversar com ele e aquele microfone que trazia sua voz até seus ouvidos.
- Onde fica instalado seu microfone? Na garganta?
Joseph desconversava e continuava a animada conversa com Helga, cada vez mais impressionado com sua beleza e simpatia, até que ela roubou-lhe um beijo.
Paralizado, ele ficou sem palavras.
Ela beijou-o novamente, demoradamente, inclusive tentando introduzir a língua na suposta boca de Joseph, na verdade em seu cu.
Ele afastou-a assustado.
- Não faça isso!
- Por quê? Eu gosto de você e quero ser sua namorada.
- Tudo bem, mas não é hora desses beijos.
- Queria ver se você tem língua. Como pode falar assim sem nem mesmo mexer a boca?
- Você me acha estranho, não é? É por isso que quer me examinar.
- Desculpe, mas as pessoas falam coisas de você.
- E você que saber se eu sou algum tipo de monstro. Não precisa forçar nada, eu te conto.
- Não precisa falar nada não, Joseph, desculpe-me.
Helga saiu apressada, envergonhada pelo que tinha feito, pelo que Joseph estava pensando dela.
Ele por sua vez ficou decepcionado.
Naquela tarde, ele reuniu-se com seus colegas em casa para uma tarefa em grupo, já quase no final Helga bate à porta e Frau Inga vai atender.
- Joseph, tem uma garota querendo falar com você. O nome dela é Helga.
Ele levantou-se rápido e foi atendê-la, deixando seus colegas se entreolhando risonhos.
- Olá Helga, não quer entrar?
- Não Joseph, obrigado, só passei aqui para me desculpar mais uma vez e dizer que você tem toda razão se pensar que eu sou uma pessoa mesquinha e sem sentimentos.
- Não penso isso de você.
- Não quis invadir sua privacidade, sei que você não é como os outros garotos, mas não quero te magoar por isso.
- Não fique magoado, fiquei decepcionado, por você e por mim mesmo, mas tudo bem.
- Eu ainda quero ser tua namorada, se você quiser.
- Acho que devemos ser somente amigos, por enquanto, até você ter certeza onde está me beijando.
Ela fez uma cara de estranheza, acariciou a face de Joseph e partiu.
Ficaram amigos desde então, mas ele nunca lhe disse que ela havia beijado seu cu, e mesmo metido a língua nele.
Joseph gostava de jogar futebol com os garotos da escola e outros meninos do seu bairro.
Nas tardes em quê estava de folga dos deveres da escola, se divertia a valer com o esporte, mas nessas ocasiões não usava o microfone, pois caso caísse, poderia se machucar com aquele aparelho na sua boca-cu.
Sendo assim, ele não poderia proferir nenhum som audível, se quisesse permanecer com sua peculiaridade em segredo.
Aconteceu porém que numa tarde de sábado Joseph fora jogar com seus colegas e outros garotos apareceram para participar da partida. Ao final, como ele se destacara na zaga, fora convidado por meninos do bairro vizinho para jogar na manhã de domingo.
Seu pai o levara, tendo ficado por algum tempo até que seu celular interrompeu-o. Era seu irmão que pedia sua ajuda, pois se carro quebrara na estrada.
Herr Karl avisou a Joseph que iria prestar socorro ao irmão e voltaria em seguida para apanhá-lo ao fim do jogo.
Porém, a partida terminou e três garotos mais velhos que Joseph ficaram fazendo-lhe companhia.
Como pensaram que ele fosse mudo, começaram a importuná-lo, mostrando seus pênis eretos, e ameaçando bater nele se não desse o cu.
Joseph se irritara. Tentando se livrar dos outros garotos, desequilibrou-se e caiu.
Isso foi o bastante para o mais velho gritar:
- Você não quer dar o cu por bem, então vai dar por mal.
Os outros dois seguraram Joseph, enquanto o maior descia-lhe o calção e se preparava para penetrá-lo.
Quando o pênis do menino encostou no suposto cu de Joseph, este desferiu-lhe violenta dentada, prendendo-o e mesmo mastigando-o, com a ira que estava, ele queria arrancar o pênis a força de dentadas.
O menino gritava desesperado, enquanto o sangue começava a jorrar.
Os outros, assustados, perceberam o estrago feito no amigo. Tentaram livrá-lo daquela situação traumática, sem sucesso.
Com a boca ensangüentada, Joseph largou o pau do outro que caiu no chão, contorcendo-se de dor.
- O cu desse desgraçado tem dente!
Enquanto os meninos tarados buscavam socorro para o amigo quase capado, Joseph escapava pelo outro lado, vindo a encontrar seu pai que já retornava para levá-lo para casa.
Apesar de estar esbaforido, Joseph nada falou do que acontecera, mas, daquele dia em diante uma lenda urbana surgiu na cidade: O menino do cu dentado.
A adolescência de Joseph correu sem maiores problemas, e o que poderia ser um tanto traumático, para ele foi até providencial.
Seus pais se preocuparam sobre que tipo de pelos nasceriam em seu rosto e em suas nádegas.
Para sorte de Joseph, este vira surgir, já aos dezesseis anos uma barba fechada e grossa, e um bigode que seria bastante volumoso.
- Se você criar um bigode assim como o de Nietzsche, poderá esconder esse cu de sua cara. Interessante mesmo é que Nietzsche falava tanta merda que talvez ele também tivesse um cu sob o bigode. Brincava Herr Karl.
Mas nas nádegas de Joseph também brotavam pêlos, como os de um cu de uma pessoa normal, mas eles atrapalhavam-no para se alimentar e também faziam cócegas nos lábios do agora rapaz, que tinha que manter os pêlos bem aparados para não irritar sua boca.
Joseph, agora bem formado fisicamente, chamava a atenção das garotas, por seu porte, por seus olhos e por seu pacote. Era bem dotado.
Porém, era romântico, não era dado a bandalheiras e putarias, e se mantinha um tanto afastado das galhofadas próprias dos garotos de sua idade. O isolamento sempre o acompanhara desde o nascimento e não era agora que seria diferente.
Mas a crise existencial própria da adolescência, mesmo de forma mais tranqüila, se fez presente em sua vida.
Ele sentia uma imensa vontade de se afastar daquele lugar, da cidade, da própria Alemanha.
Queria conhecer lugares novos, pessoas novas. Afastar-se dos locais que marcaram sua vida estranha de ser estranho.
Mas tinha seus pais.
Ele os amava profundamente, e também era amado por eles.
Uma vida inteira de cumplicidade não pode ser jogada fora. Seria uma ingratidão muito grande, ele vir a se afastar dos pais justo quando eles começariam a precisar de sua ajuda, na velhice que se avizinhava.
Mas Herr Karl e sua esposa, sabiam o que se passava na cabeça do filho, e não queriam podá-lo, não queriam impedir que ele fosse feliz.
A Alemanha era sua pátria, mas também era a terra em que ele seria sempre um paria, por ter o cu no lugar errado.
Muito embora em todo o planeta as pessoas também tenham o cu no meio da bunda, não haveria, tecnicamente, nenhum lugar em que ele se sentisse melhor, mas ponderavam as condições adversas numa terra prenhe de preconceitos e berço de teorias racistas das mais violentas. Em outros lugares talvez sua estranha anomalia não refletisse tanto em sua vida.
Naquele momento decidiram fazer uma viagem, conhecer outras terras, talvez até o novo lar de Joseph.
Deixaram que o rapaz decidisse.
Passaria dois meses fora, conhecendo o país que ele quisesse.
E Joseph escolheu o Brasil.
- Brasil, mas lá é tão perigoso. Argumentou Frau Inga.
- É meu filho, a violência no Rio de Janeiro é notória. Acrescentou Herr Karl.
- Mas o Brasil não é só Rio de Janeiro. Estive pesquisando na biblioteca e na internet e encontrei lugares muito bonitos por lá, bem longe de grandes centros como o Rio.
Os dias que se seguiram foram de grande euforia para os Von Hobrach.
Preparativos para a viagem absorveram boa parte da rotina de todos, e Joseph pode sentir o quanto era querido pelos seus colegas e professores, que já se sentiam pesarosos com a iminente partida do amigo para terras tão distantes.
Enfim chegou o grande dia.
Os Von Hobrach moravam perto da Praça Effner, nordeste de München. Quando partiram, tomaram um táxi até a Praça Marien, onde seguiriam de metrô até o aeroporto.
No caminho passaram pela dourada figura de anjo no monumento conhecido como Friedensengel, o anjo da paz. Seria essa a mais cara lembrança que Joseph guardaria de sua terra natal.
Por fim chegaram à Praça Marien, no centro histórico da cidade. Praça ampla, dominada pela catedral barroca. Sempre movimentada, a praça tinha em seu subsolo a linha S-Bahn-1, que liga o lado oeste ao leste da cidade, indo até o aeroporto.
Descendo até a estação, tomaram o trem e seguiram em silêncio.
Dali até o aeroporto, do embarque até a conexão em Lisboa e por fim a tão aguardada chegada ao aeroporto Tom Jobim, foram horas de feliz expectativa.
Mas não ficariam no Rio de Janeiro mais que dois dias, somente para conhecer alguns dos famosos ícones turísticos da cidade.
A fama violenta fez Joseph escolher a cidade de Recife como seu destino principal de férias.
Tinha se iniciado na língua portuguesa ainda em solo alemão. Sua estadia no Rio de Janeiro já lhe permitiu algum contato com os nativos, que não estranharam muito o fato de sua voz sair por um microfone. Na verdade, eles não estavam ligando para aquilo.
Depois de conhecer o Cristo Redentor, o Pão de Açúcar e a praia de Copacabana, eles se prepararam para voar até Recife.
Tudo bem até o momento em que a aeronave pousou em Salvador, onde faria escala.
O comandante, no entanto, informou que por problemas técnicos com o aparelho, os passageiros seriam transferidos para outro vôo, que só iria decolar no dia seguinte, portanto a companhia aérea estaria alojando a todos num hotel daquela cidade.
Joseph e seus pais se encantaram com a cidade e decidiram ficar um pouco mais, alterando a reserva que fizeram no hotel de Recife.
Conheceram a cidade, não tão grande quanto o Rio, e nem tão divulgada no exterior, como quem descobre uma cidade perdida dos Maias.
Praias, centro histórico, vias públicas e cercanias foram visitadas sempre com a ajuda de uma jovem e agradável guia turística chamada Paloma.
Paloma era uma mulata brejeira e alegre, bela e encantadora, tinha atrativos físicos típicos da mulher brasileira, um corpo bem torneado e um bumbum arrebitado que chamou a atenção dos alemães, pai e filho.
Herr Karl foi logo intimado pela patroa, Frau Inga, que acabou com a saliência do marido, mostrando quem era a dona daquele pau.
Mas o jovem Joseph ficou derretido que nem manteiga.
Mais novo que Paloma, mas nem tanto assim, ele com dezoito anos e ela com vinte e três, começaram a se conhecer melhor.
Ela de fato achou esquisita aboca do rapaz, mas ele era tão agradável que ela não comentou nada, nem mesmo sobre seu modo especial de se comunicar, via microfone.
Os pais de Joseph, percebendo seu interesse na moça, deixaram-no mais livre para passear com ela pela cidade sem sua companhia, pois assim seria mais fácil para ele se comunicar abertamente sem que a família interferisse ou intimidasse a nascente amizade entre os dois.
Um dia Paloma convidou-o a comer um acarajé.
- O que é acarajé?
- É uma comida típica da Bahia, de origem africana. É uma massa feita de feijão que se frita em azeite de dendê e se come com bastante pimenta e vatapá.
- Você não falou disso para meus pais.
- É que seus pais são meio idosos e comer acarajé com vatapá e pimenta é meio perigoso para eles, pela idade, pode dar um desarranjo intestinal e eu, como guia, tenho que apresentar essas iguarias de acordo com a condição física dos turistas que estão sob minha responsabilidade.
- E quem está falando comigo agora é a guia?
- Não, é a amiga.
- Só amiga?
Paloma sorriu e levou Joseph em seu carro até o bairro do Rio Vermelho, onde se aglomerava uma grande quantidade de pessoas numa pracinha em frente ao mar.
- Esse é um dos melhores acarajés feitos em Salvador. Você vai gostar.
- Paloma, tem uma coisa que preciso te falar.
- Conversamos enquanto comemos, vem.
- Não dá. Ouça, você lembra de ter me visto comer ou beber nestes últimos dias?
- Não. Algum problema com você? Tem úlcera ou gastrite?
- Não é nada disso. Eu tenho uma deformação física que não me permite comer em público. Não percebe que minha voz fica mais abafada quando estou sentado?
- E você não está nem tão sentado assim, fica sempre meio empinado no banco.
- Pois é. Se eu não deixar a bunda um pouco livre do assento, eu não consigo falar. Minha boca não é esse buraco enrugado em meu rosto. Minha boca fica no meio de minha bunda. Isso na minha cara é meu cu. É por aí que eu cago. Não posso comer em público porque teria que tirar as calças e enfiar a comida na boca, no meio da bunda.
Paloma estava de queixo caído. O que fazer diante daquela situação, daquela pessoa que ela tanto prezava e que se dizia um monstro, uma aberração inimaginável nos sonhos mais loucos e impossíveis.
Mas era isso mesmo. Ela por fim respirou profundamente, passou a mão nos cabelos, olhou para o outro lado e encarou Joseph, com um olhar misto de incredulidade e piedade.
- Joseph, eu não sei o que falar. Estou meio envergonhada de te colocar numa situação constrangedora como esta, obrigando você a confessar uma situação que não gostaria de falar para ninguém.
- Nunca falei abertamente sobre isso a ninguém. Mas não tive vergonha de te contar como sou realmente e, quer saber, foi muito bom poder dizer com todas as letras que falo pela bunda e cago pela cara.
Ele sorriu, mas ela não viu.
Ela parecia aliviada, mas estava em tal excitação que só desejava sair dali naquele momento.
Por fim decidiram que seria melhor ir embora. Ela perdera a fome e ele só comeria no quarto do hotel, sozinho.
Joseph queria experimentar o tal acarajé, e quando chegou ao hotel, pediu que lhe enviassem o acepipe ao seu quarto.
Feito.
Ele olhou aquele bolinho marrom, partido ao meio com uma pasta amarela dentro, recheado de tomates e outras coisas, achou muito esquisito, mas era tão cheiroso que lhe abriu o apetite de imediato.
Tirou a calça toda, ficou nu, da maneira que gostava de comer, posicionou-se junto ao prato e partiu com a mão um pedaço do acarajé.
Levou até a boca e ingeriu.
Não demorou muito e ele estava passando mal, com a forte pimenta que fora adicionada ao alimento, ele sentiu sua boca queimar, soluçava bastante até desesperar-se e sair porta afora, nu, gritando por água.
Ninguém entendia nada. Seus gritos de “Wasser, Wasser” não chamavam tanto a atenção quanto ao seu estado de nudez total e ao fato de que ele sentia ardor na bunda depois de comer um acarajé apimentado.
Quando por fim lhe deram um copo d’água, ele abaixou-se na frente de quem fosse e despejou toda a água em sua bunda, bebendo e aliviando seu ardor.
No entanto no hotel todos comentavam que o rapaz alemão enfiara um acarajé no cu.
A coisa ficou tão feia que ele e seus pais tiveram que mudar de hotel para evitar o desconforto e a vergonha que vivenciavam naquele estabelecimento.
Preparando-se para viajar ao Recife, Joseph não mais avistara Paloma, mas naquela manhã, no Mercado Modelo, ele ouviu sua voz e a localizou.
- Olá Paloma, tudo bem?
- Olá Joseph, como vai você?
- Bem, obrigado.
- Te procurei no hotel, mas disseram que você já havia partido com seus pais.
- Eu tive alguns problemas com um acarajé.
Segurando um sorriso, Paloma continuou.
- Eu soube o que aconteceu, sinto muito.
- Você não teve culpa, eu fiquei intrigado com o acarajé e quis prová-lo, mas tinha muita pimenta.
- Escuta Joseph, porque não nos encontramos à noite para bater um papinho?
- Hoje à noite vôo para Recife.
- Que pena.
- Porque você não vai se despedir no aeroporto? O vôo parte às 21:00 horas.
- Vou pensar.
Joseph ficou desapontado, afastou-se e sumiu. Paloma percebeu sua gafe, mas continuou seu trabalho.
Chegando ao aeroporto, Joseph, Herr Karl e Frau Inga, aguardavam no salão de embarque a chamada de seu vôo, quando surge no corredor a figura esguia e deliciosa de Paloma, num esvoaçante vestido branco, chamando a atenção dos marmanjos que viravam tanto o pescoço para olhá-la que quase terminavam em torcicolo.
Joseph sorriu de bunda a bunda, mas ninguém podia notar aquele sorriso escondido nas calças.
Seu cu também sorria, mas era uma bufa que ele soltava.
Ficou apavorado.
Se Paloma chegasse perto dele e sentisse aquele fedor de peido em sua cara seria o fim da picada.
Como seu bigode já estava bem grande, a visão de seu cu facial ficara bem disfarçada, mas quando ele cagava melava o bigode todo de merda, o que lhe obrigava a fazer uma higiene vigorosa na face para não deixar o cheiro de cu dominar seu semblante.
Por isso Joseph trazia sempre consigo, no bolso da calça ou da camisa, uma colônia desodorante sem álcool, com perfume suave, que aplicava em seu cu e bigodes, de modo que não passaria vergonha se alguém se aproximasse muito de sua boca.
Foi o que ele fez quando peidou enquanto se aproximava Paloma.
Discretamente derramou um pouco do perfume na palma de sua mão e aplicou-o disfarçadamente no cu e no bigode.
Todos ficaram contentes com a vinda de Paloma para despedir-se dos Von Hobrach.
Ela, no entanto, surpreendeu a todos beijando Joseph na suposta boca, um beijo demorado e “caliente”.
Joseph que a princípio ficara assustado com a demonstração de carinho anal, abraçou-a fortemente de deixou que ela sugasse seu cu, provocando nele um efeito colateral peniano, na forma de uma ereção abrupta.
Ele, que era virgem, ficou em situação vexatória na frente de todos os outros passageiros do seu vôo.
Frau Inga, que ficara sem voz, recuperou-se e chamou Paloma a atenção.
- Fraulein, você sabe onde foi que beijaste?
- Sei sim, Frau Inga, sei muito bem.
Frau Inga ficou nervosa e cambaleante.
- Pode explicar o quê está acontecendo aqui? Inquiriu a matriarca germânica com veemência.
- É o seguinte, o Joseph já havia me contado de seu problema, e eu achei que o havia magoado, mas o fato é que eu gosto dele, e se ele tem o cu na cara, eu se eu quero beijá-lo em público para mostrar pra ele que não teme nenhum problema que me impeça de gostar dele, então eu devo, como fiz, beijar seu cu.
- A senhorita está louca. Esbravejou Herr Karl. Por favor, desapareça daqui.
- Não papai, não faça isso. Eu e Paloma vamos conversar no bar ali na frente e voltamos logo.
- O vôo já vai sair. Não demore.
Joseph, que ainda estava de pau duro, que escondia com uma mochila, seguiu com Paloma para um ciber café para conversar.
- Sabe Paloma, eu estou surpreso. Não estou acostumado com coisas desse tipo.
- Eu percebi. Falou ela passando a mão sobre seu pênis.
- Sem sacanagem tá. Parece que você está curtindo comigo. Seria melhor se nem tivesse aparecido por aqui.
- Porque você tem tanto medo Joseph? Ta na cara que você... – Ela percebeu a duplicidade de sentido que sua frase levaria - Desculpa, mas me parece que você vive a fugir de quem pode gostar de você. Quantas garotas você já rejeitou?
- Todas.
- Por isso mesmo é que eu beijei seu cu.
- E se saísse merda?
- Quem tem o cu na cara como você deve mantê-lo bem asseado, não é verdade?
- Tem razão. Ninguém tem um cu mais cheiroso que o meu.
- Joseph, o que te digo a pura verdade. Eu estou afim de você. Quero ficar com você. Quero ser tua namorada.
- Você é linda. Tem tanto cara bacana por aí, com a boca no lugar certo. Porque ficar com um esquisitão com o cu na cara?
- Você é meu esquisitão. É isso que gosto em você. O que sua boca não pode dizer, esse olhos lindos falam dez vezes mais. Falam na minha alma.
- Você sabe que eu nunca vou sair pra jantar com você, não sabe?
- Eu como e você olha.
- E quando for alguém jantar em nossa casa?
- Você come antes e diz que está de dieta.
- Paloma, eu amo você, mas não beije meu cu de novo ou meus pais vão ter um treco.
- Seu pai ficou vermelho e sua mão quase me agarra pelos cabelos pra desgrudar minha boca do seu cu.
Conversaram bastante, fazendo planos, rindo e se tocando cariciosamente.
Herr Kalr e sua esposa olhavam todo o movimento, apreensivos.
Nesse momento soa a chamada para o vôo dos três alemães para Recife.
Joseph, abraçado a Paloma, aproxima-se dos pais e os abraça.
- Eu não vou para Recife, vão vocês e divirtam-se. Vocês precisam de uma segunda lua-de-mel.
- Mas e você meu filho? Perguntou Herr Karl. Frau Inga chorava e era consolada por Paloma.
- Vou ficar com Paloma. Quando vocês voltarem, me encontrem aqui no aeroporto.
- Você voltará à Alemanha conosco?
- Não sei dizer pai, ainda é cedo.
- Cuide-se meu filho.
Frau Inga abraçou o filho, sem dizer uma palavra. Depois, segurou sua mão dele e a de Paloma, juntando-as.
- Espero que vocês sejam felizes. Disse ela, sorrindo e deixando rolar lágrimas dos seus olhos.
Os pais de Joseph partiram e ele seguiu seu caminho com Paloma, que o levou para um motel e estreou o rapaz novinho em folha.
- Que importa se seu cu está na cara e sua boca na bunda, disse-lhe ela, se o danado do seu pau está no lugar certo e fazendo tudo direitinho?
Joseph e Paloma se amaram ardentemente.
Ele, sugando-lhe a buceta com fome animal, metendo-lhe a pica de forma impetuosa, buscava com ela todas as posições possíveis e imagináveis, como se tivessem recriando o kama-sutra entre as quatro paredes daquele quarto de motel.
Ela beijou-lhe a boca, a verdadeira, enquanto ele descansava de bruços de sua estréia fudiesca.
A boca daquela mulher insaciável adentrava o vale glúteo do rapaz, encostando seus lábios nos lábios dele, sugando-o, roçando sua língua na dele, de modo sensual e luxurioso, fazendo-o chegar a uma nova ereção.
Virando-o de costas, ela, sempre no comando, aplicou-lhe um caricioso cunilingus de fazer inveja a Messalina.
Joseph estava no céu. Estava na Bahia, e não mais sairia dali.
Seus pais retornaram de Recife meio que já sabendo que o filho não voltaria com eles. Estavam preparados, mas estavam felizes.
Joseph e Paloma se casaram.
Ele passou a trabalhar como tradutor, e, vindo a conhecer a cidade de Salvador como a palma de sua mão, também trabalhava como guia turístico.
Mais tarde ele e Paloma abriram uma agência de viagens, trazendo muitos alemães para passear na Bahia e levando baianos para conhecer a terra da Octoberfest.
O casal teve dois filhos, ambos mutantes como o pai, porém diferentes.
Primeiro nasceu o menino, Fred, anômalo também, ele tinha o pênis no lugar do nariz e este logo acima dos testículos, onde deveria ficar o pênis.
Teria vantagens e desvantagens como todos na vida.
Chuparia cu enquanto meteria na buceta, mas devido ao seu nênis (nariz+pênis), seria conhecido como pinóquio, pois de pau duro ficava com um nariz enorme.
Por outro lado, seu nariz detectaria imediatamente quando era preciso lavar os culhões, mas também ficaria abafado quando soltasse um peido.
Fred não precisaria bater punheta, pois sua masturbação consistiria num auto-boquete.
Três anos após o nascimento de Fred nasceu Vera, a filhinha do casal, também mutante.
A buceta de Vera ficava no lugar da boca e sua boca no lugar da buceta.
Teria sempre uma cara de lingüeta de fora.
O problema maior seria quando menstruasse. Seria um terror.
Sua boca no lugar da buceta chuparia os culhões do parceiro enquanto este estivesse fodendo seu cu, mas o sessenta-e-nove com ela nunca seria algo preliminar.
O jeito foi Vera usar uma máscara hospitalar, como se tivesse problemas com germes, mas de fato quem teria esse problema seria o desavisado que lhe roubasse um beijo quando ela estivesse com corrimento.
Vera gostava de uma siririca, por isso vivia com o dedo na “boca”, massageando o clitóris e penetrando na vagina.
Joseph abaianou seu nome.
No lugar de Joseph von Hobrach, ficou conhecido na Bahia como José de Obrar, ou Zé de Obra, alcunhado pelos mais próximos simplesmente de Seu Cu.