A dona de Valderez chegou a estudar medicina por uns tempos, mas um decisivo fato a obrigou a se afastar daquela profissão tão nobre.
Na época em que Valderez alisava literalmente os bancos da faculdade, nem imaginava como tudo aquilo acabaria, nem dava pra imaginar nada diferente da formatura, quando receberia um canudão, até porque vivia sufocada com a fumaça da maconha e sendo atochada por tudo que era pica.
Todas as cores, tamanhos, calibres, formatos e gostos de pica enfiavam na bocuda, melhor dizendo, bocetuda Valderez. Nunca, em nenhuma outra época, passada ou futura, ela praticara tanto esporte.
Era uma atleta sexual que se sobressaia em várias modalidades, sendo que a preferida era o salto com “vara”, mas não dispensava a “ginástica rítmica”(eita ritmo gostoso), o “cavalo”(baita cavalão), as “barras assimétricas”(bota assimetria nisso) e outros mais que pintassem (epa!) pela frente ou por trás.
Mas ela bem que gostava das aulas de medicina, quando tinha que entubar então, ficava toda aflita, com aquele tubão passando tão pertinho.
No entanto, um acontecimento assim meio grotesco marcou os estudos da jovem bucetinha universitária, que deixariam outras bucetas apavoradas e mesmo traumatizadas pelo resto de suas vidas.
A dona da nossa buceta teria aulas naquele semestre no necrotério da cidade, onde faria autópsias, dissecações e estudos anatômicos variados, ou seja, uma carnificina.
Os pensamentos atormentados da fulana abalavam as estruturas emocionais de Valderez, que quando chegava perto do necrotério se mijava toda.
Até seu vizinho Curnélius, tão mão educado e concorrente de Valderez, se abalava e se cagava todo, mas o que fazer. Tudo em nome da ciência.
Aqueles defuntos, por mais frescos que fossem, fediam. Alguns chegaram ali bonitinhos, mortos por um enfarto, um esgasgo ou avc, outros apresentavam perfurações a bala ou facadas fatais no coração, mas quando eram coisas violentas como atropelos, acidentes automobilísticos, estripações, em que os bagaços de corpos tinham que ser autopsiados, a coisa pegava. E quando vinham aqueles indigentes, pedintes na sua maioria, que tinham começado a apodrecer ainda em vida, a dona da buceta assanhada vomitava mais que uma desgraça.
Porém, e sempre há um porém, a turma gostava de uma sacanagem e ficava observando as gostosas mortas ou os carinhas bem dotados que chegavam ali no bandejão. Era uma sacanagem só, tipo, “pega nessa, fulana”, “mete, que ainda está quente” e coisas que tais. Inspirados no que falavam de um funcionário que fazia de tudo com as defuntas que lá chegavam.
Os pensamentos da dona de Valderez vagavam zedocaixonamente por desejos pra lá de fúnebres.
Um dia, todos haviam se retirado para almoçar, menos a dita cuja, que reparara na chegada de um negão, assaltante, morto pela polícia com um tiro na testa e outro no peito.
O negão era do tipo sarado, e tinha uma mala que chamou a atenção da criatura, que passou as vibrações depravadas para Valderez, que ficou toda molhadinha, chorando de medo das maluquices de sua dona.
Todos saíram e não deram por falta dela, que se aproximou do cadáver e começou a passar a mão na casseta preta, uma coca-cola de três litros.
Valderez observava a putaria, imaginando a hora que seria colocada na ação.
“Meu Deus! Uma pica morta! Dessa vez eu entro pro Guinness.” Pensava Valderez aflita.
A mulher passou formol na casseta do negão e deixou tudo pra riba. Já tinha feito o miserê de chupar tudo, e agora tirava a roupa de Valderez, posicionando a bichinha bem na ponta da cabeça preta daquela pica defunta.
E á se foi Valderez engolindo o fumo morto, todinho.
“Parece até picolé de assai, frio e preto” Lamentava Valderez, que já se conformava com a aberração.
O movimento deixou a buceta toda melada, mais aí aconteceu o mais terrível.
O negão morto abriu os olhos, esbugalhados, para espanto da quase gozada dona de Valderez.
Com o grito a buceta caiu na real, sentindo que algo estava errado, quando percebeu que sua dona queria tirar aquela pica morta de dentro dela, mas algo a segurava.
Valverez ouviu uma barulheira terrível, som de metal batendo, enquanto sua dona gritava feito doida.
“Bem feito sua maluca, pica de morto é pra se enterrar no túmulo e não na sua buceta.”
Mas o que acontecia de fato seria direcionado para Valderez, que era arrancada de vez da pica do negão, e colocada escancarada, olhando para traz.
Horrorizada, ela pôde ver o que lhe aguardava.
Os mortos daquele necrotério haviam se reanimado e levantado de suas gavetas ou mesas, do jeito que estava, apodrecendo, estropiados, uma miséria.
Todos de pau duro, ninguém sabe como, se organizavam em fila para meter em Valderez.
A bichinha quase desmaia, queria vomitar mas não sabia como, e tome pica pra dentro daquela gulosa, agora também carniceira.
Um tinha câncer no pau, e meteu aquela pica podre todinha na danada.
O outro tinhas as tripas pra fora da barriga. Quando meteu o pau, parte das tripas foi junto, espirrando merda na buceta desesperada.
Desse terror - ou terrôla? – nem Curnélius escapou, pois o negão, o pivô da putaria, meteu a casseta no buraquinho (força de expressão, pois nessa época não era tão pequeno assim), lascando um pouco mais.
A dona de Valderez terminou por desmaiar, mas os zumbis só queria fuder aquela bucetona, e de quebra o cu também.
Assim como aquela suruba cadavérica começou, também terminou sem qualquer explicação ou lógica.
Todos os mortos voltaram para o lugar de onde vieram, e a dona de Valderez foi encontrada desacordada pelo servente come-frio, que dessa vez comeu uma quentinha, mesmo toda suja e fudida.
Para alívio de Valderez, sua dona abandonou de vez o estudo da medicina, se dedicando à Nutrição, onde podia lidar com coisas mais agradáveis, como cenouras, nabos, mandiocas e inhames, além das fontes de proteína preferida de Valderez, lingüiças, salames e é claro, mortadelas.