Quando João pegou o filho recém nascido no colo, ficou chocado de felicidade. Sua emoção foi tão forte que fez chover intensamente em Rio dos Véus em plena época de estiagem, a cidade respirou e refestelou-se de alegria debaixo daquele inexplicável aguaceiro.
Quem andava pelas ruas, desprevenidos de guarda-chuvas, se permitiram a um banho das nuvens, refrescaram-se do tórrido calor insuportável do mês de setembro. O chafariz da Praça Central virou uma piscina pública, as pessoas tiraram suas indumentárias e divertiram-se nuas com os esquecidos e marginalizados. Eram todos crianças mais uma vez.
As árvores suspiraram felizes e até os pássaros alçaram vôo em meio à tempestade. Os mais céticos historiadores dizem que aquele foi o dia mais feliz de Rio dos Véus. Quando o sol voltou tudo brilhou, com a ilusão de que as gotas converteram-se em diamantes.
Dos olhinhos do menino, João ouviu: “Não há tempo, distância ou consciência que resista à natureza incontrolável do amor, o suporte da vida”.