Lá em Minas Gerais, em uma cidadezinha do interior, nasceu Ricardo. Sua mãe chamava-se Tereza e seu pai Antônio José. Eles viviam em uma casa simples, com os cômodos sem forro no teto e com móveis bem antigos comprados já usados na lojinha de seu André. Na sala havia uma pequena televisão de catorze polegadas que pegava somente dois canais e mesmo assim sem nitidez. Na cozinha um fogão de lenha, panelas de barro e um tacho de cobre onde D. Tereza fazia bananada para ser vendida por Julio e Nélio seus dois filhos mais velhos. Essa era a ajuda que ela podia dar para seu marido que trabalhava na roça de mandioca e feijão, lida que dividia com Alfredo seu cunhado.
Mas apesar da vida simples e pobre, os meninos não deixavam de ir para a escola aprender a ler e escrever. O casal, D.Tereza e Sr. Tonico (esse era o apelido de Antônio José) viviam dentro do possível uma vida tranqüila e feliz. Ricardo ou Riquinho como era mais conhecido, cresceu com uma boa educação e formação religiosa. Ele sempre foi diferente de seus irmãos. Ainda pequeno gostava de ler e saber tudo sobre a vida de alguns Santos. Rezava com fervor para Jesus Cristo e Nossa Senhora. Fez primeira comunhão, foi coroinha e mais tarde aceitou o convite do Padre Renzo para ingressar e estudar em um convento de Franciscanos na cidade de Petrópolis (RJ).
Seus irmãos Julio e Nélio ficaram na cidade. Julio assumiu as tarefas do pai e com muito esforço e trabalho comprou o pequeno sitio onde moravam. Sendo o mais velho casou-se com Dora uma moça das redondezas e com ela constituiu família. Nélio conseguiu seguir um pouco mais nos estudos, mas optou pelo comércio. Montou um armarinho, casou-se com Doralice, irmã de Dora sua cunhada e hoje têm duas filhas.
Ricardo continuou na vida religiosa e formou-se sacerdote. Foi ordenado e transferido para a cidade de Londrina no Paraná e mais tarde foi para Salvador onde mora e trabalha atualmente. Desprovido de vaidade e orgulho, Frei Rico (assim ficou conhecido) faz hoje um trabalho dedicado aos moradores de rua. Ali ele procura ouvir e vivenciar os problemas dos mais pobres e necessitados. Descobrindo dia a dia as necessidades dos homens e mulheres que dormem em baixo de marquises ou viadutos, Frei Rico conseguiu recolher e recuperar vários alcoólatras que viviam de esmolas ou coletando papel e latas de alumínio.
Com a ajuda de alguns seguidores de boa vontade, Frei Rico conseguiu montar uma casa de recuperação e fazer com que muitos daqueles necessitados encaminhados, conseguissem voltar a ter motivação e auto-estima suficientes para sair da vida das ruas. Os recuperandos ajudados pela fé e pela gratidão criaram uma mentalidade multiplicadora e o movimento vem crescendo dia a dia. Hoje existem mais duas casas de triagem que avaliam as condições psicológicas dos recolhidos. Eles recebem ainda um tratamento assistencial da irmandade criada por Frei Rico. Infelizmente nem todos podem ser acolhidos, e desses não são muitos os que conseguem vencer as dificuldades. Um número bastante elevado de homens e mulheres volta aos lugares de ativa e continuam preferindo viver nas ruas da cidade.
Mas Frei Rico sempre fala que basta apenas um só homem ou uma só mulher encontrar o caminho da fé, da sobriedade, da paz e felicidade para pagar todo o trabalho de dedicação e amor que ele e seus seguidores procuram fazer.
Essa é apenas uma, entre tantas outras histórias de meninos ou meninas que nascendo em qualquer lugar desse país, filhos de gente pobre ou rica, vêm ao mundo para iluminar os nossos dias através da fé e do amor ao próximo.
Frei Rico, esse é o nome do menino que nasceu e cresceu no interior de Minas Gerais e tornou-se um homem dedicado aos mais pobres e necessitados.
20/05/2008
Paulo M.Bernardo
***Ao finalizar, gostaria de informar aos leitores, que isso é apenas “um conto” uma história não verídica de nomes e lugares, mas pode ser verdadeira para os nossos sentimentos e ações. Tenho certeza, que por esse Brasil afora não existe apenas um “Frei Rico” da imaginação do autor, mas muitos sacerdotes verdadeiros que dedicam as suas vidas para recuperar e ajudar os mais necessitados. Queira Deus que esse “conto” possa se tornar importante para algum jovem que o leia e deseje seguir os caminhos e o designo do Pai.
20/05/2008
Paulo M.Bernardo