Usina de Letras
Usina de Letras
82 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 


Artigos ( 62742 )
Cartas ( 21341)
Contos (13287)
Cordel (10462)
Crônicas (22561)
Discursos (3245)
Ensaios - (10531)
Erótico (13585)
Frases (51128)
Humor (20112)
Infantil (5540)
Infanto Juvenil (4863)
Letras de Música (5465)
Peça de Teatro (1379)
Poesias (141062)
Redação (3339)
Roteiro de Filme ou Novela (1064)
Teses / Monologos (2439)
Textos Jurídicos (1964)
Textos Religiosos/Sermões (6294)

 

LEGENDAS
( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )
( ! )- Texto com Comentários

 

Nossa Proposta
Nota Legal
Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Contos-->A SÍNDROME DA VIDA MODERNA -- 01/12/2008 - 09:51 (Núbia Dutra) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A SÍNDROME DA VIDA MODERNA

Quando entrei no elevador, um homem já estava lá. Olhei para os meus pés, senti as mãos inquietas, juntei os pés, olhei de soslaio pra ele e senti minha cabeça formigar. Meu nariz coçou, eu coçei; minha bochecha coçou, fiquei com vergonha de coçar, respirei. Olhei para cima de mansinho, e com o canto do olho, percebi que ele me observava, corei. Baixei os olhos e pensei: “ele vai me atacar”. Olhei para o painel: ainda estavámos no quarto andar e eu ia para o décimo, mas quando apertei o quinto, ela já havia passado, “dancei”.

O elevador abriu no sexto, e eu não consegui me mexer, fiquei estática olhando o vão da porta... olhei para ele desesperada, que me olhou como se eu fosse louca. Apertei o sétimo: ele me olhou confuso, e sem se mexer, ainda assim eu pensei: “é agora que ele vai me estrangular!”. O elevador parou, desci sem olhar para trás. Quando o elevador se foi, apertei o botãozinho, chamando-o novamente. Meu corpo tremia, mas eu me sentia esperta: “me salvei. Ele vai matar o cão, não eu... com aquela cara de estuprador...” . Eu estava em pânico, mas viva. Em pânico todo mundo fica, o que importa é sair ilesa e eu estava ilesa, quase borrada, é verdade, mas ilesa.

O elevador chegou. Entrei cabis-baixa ainda me recuperando da tremedeira. Vi a porta se fechar e ao levantar a cabeça: me deparei com o mesmo moço! Minha bexiga gritou, lembrei das séries policiais na TV à cabo, pensei nos filhos, nos amigos e até nos inimigos, e fechei os olhos para não ver meu fim. O elevador parou. Eu não sentia dor. Mexi a mão, ainda estava lá; toquei a perna, ainda estava lá; passei a mão na face e senti o sangue escorrer , “não é adocidado igual dizem nos filmes”, abri os olhos devagar e vi que não era sangue, era o meu suor.

Olhei para o painel, que indicava o térreo, e senti as cãibras percorrerem o corpo todo... O moço desceu do elevador olhando para mim, lançando chispas de medo e tudo o que consegui foi forçar um sorriso amarelo para os que pacientemente me esperavam sair do elevador para dar lugar a eles, que, em segundos, sentiriam o que eu havia acabado de sentir mentalmente, afinal tudo não passou do delírio de uma das milhões de loucas que sentem o mesmo medo, cada vez que se defrontam com um estranho em um elevador.

É a síndrome da vida moderna, que acha pouco o número de loucos que já fez e se empenha em fabricar mais. Bem vindo ao clube você também, pois ainda que diga que não, sente sim, o que acabei de passar no elevador.
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui