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Contos-->...E O NATAL ACONTECEU! (Conto de Natal reeditado) -- 24/12/2008 - 17:12 (Paulo Marcio Bernardo da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Véspera de Natal. Zeca, um menino criado e morando na periferia de São Paulo, filho de Jonildo e Mariana, ambos catadores de papelão e ferro velho, irmão de três meninas e dois meninos, dividiam um barraco apertado e sem as mínimas condições de moradia de uma família, que viviam com doações de uma Igreja próxima, e alguma coisa que seus pais apanhavam no lixão da redondeza.

Ele, quase adolescente, já com quase treze anos de idade, sabia das dificuldades de viver na miséria dependendo das roupas velhas e alimentos que nem sempre eram suficientes para as oito pessoas da família.

Sua irmã mais nova, Clara, de apenas dois anos de idade, estava doente, vitima de uma pneumonia não tratada por falta de atendimento médico e negligência dos pais que habitualmente chegavam embriagados.

Mesmo ardendo em febre e acamada, Clara sabia perfeitamente que o Natal seria no dia seguinte e pedia a Papai Noel que lhe desse de presente uma bonequinha que chorasse e abrisse os olhinhos.

Zeca, que jamais ganhara presentes de Natal, comovido pelos pedidos da irmã doente, saiu de casa e foi até um shopping da região para tentar arranjar a tão sonhada bonequinha que sua irmã queria ganhar no dia de Natal.

Lá chegando, ficou maravilhado com a decoração. O som do ambiente tocava músicas natalinas, lâmpadas coloridas piscando, árvore de Natal com embrulhos em papel de presente brilhavam e ofuscavam os seus olhos. O movimento era intenso. Famílias inteiras iam e vinham com enormes pacotes, e as crianças alegres desfilavam com seus tênis e camisas de marcas famosas. Os pais de mãos dadas com os filhos mostravam no rosto a satisfação das compras que faziam. Era tudo festa! Menos para Zeca. Ele ainda não havia encontrado uma solução para conseguir ganhar a bonequinha tão esperada por Clara.

Andando de um lado para outro, ainda espantado com todo aquele movimento das horas que antecedem o Natal, Zeca é parado e interpelado por um casal de meia idade que oferece ao menino um salgado e um refrigerante. Ele aceita a oferta do casal, que procura saber mais. O que deixava Zeca tão triste naquela noite que antecedia o Natal.

O menino conta parte dos acontecimentos; fala de sua família, das suas dificuldades e diz da vontade que tinha em presentear sua irmãzinha de dois anos com uma bonequinha que chorasse e abrisse e fechasse os olhinhos, pois ela estava doente e acamada. Mas ele não tinha dinheiro e não sabia como voltar para casa sem levar o presente da irmã.

Mas o casal ainda quis saber mais. Questionou o menino, sobre onde ele morava, com quem morava, o que seus pais faziam, quantos eram seus irmãos, se a irmã Clara tinha ido ao Pronto-socorro... E assim foram sabendo em poucos minutos quase tudo a respeito daquele menino de doze anos que se preocupava com toda a sua família.

Corajosamente em um gesto de solidariedade e amor (que muitas vezes só acontecem nessas épocas) o casal resolveu proporcionar um Natal mais feliz para aquela família. O que mais compadeceu o homem foi que ele sendo médico poderia consultar e medicar a menina que estava doente, e a sua esposa pensou pelo lado afetivo e social, em tentar pelo menos minimizar as dificuldades daquela família naquele final de ano.

Juntos, os três começaram a comprar pelo menos o mínimo necessário para fazer feliz uma família na noite de Natal. No supermercado compraram alguns mantimentos básicos, mas não deixaram de incluir dois frangos e alguns refrigerantes. No comércio de brinquedos, adquiriram seis, um para cada criança e em outra loja de presentes uma pequena árvore de Natal, algumas bolas coloridas, um conjunto de lâmpadas pisca-pisca, três capuz vermelhos e uma pequena imagem do menino Jesus. O presente de Clara foi o mais bonito. Apesar de não ser a boneca mais cara, compraram uma do jeitinho que a menina pediu a Papai Noel.

Para completar a missão, o casal colocou tudo em seu carro e junto com Zeca chegaram até o lugar mais próximo onde estacionaram, e caminharam a pé levando tudo o que haviam comprado. Os três (Zeca e o casal) colocam o capuz e chegam à casa de Zeca cantando Noite Feliz.

No barraco da periferia coberto com telhas de amianto e com apenas uma lâmpada acesa e uma televisão velha ligada, Zeca e o casal entraram. Logo o médico foi tratar da menininha adoentada. Consultada e medicada, Clara recebe sua boneca de presente e logo senta na cama e começa a brincar, mesmo estando com muita febre. A família de Zeca recebe com surpresa tudo aquilo que foi comprado e não sabe como agradecer todos aqueles presentes que ganharam.

Jonildo e Mariana, pai e mãe de Zeca, hoje não estavam embriagados, apenas cheiravam a bebida, resultado do dia anterior. Os irmãos todos mais novos, receberam seus presentes com muita alegria. Logo foi montada a árvore de Natal e colocada à imagem do menino Jesus.

A seguir, todos juntos (a família de Zeca) e o casal fizeram uma Oração agradecendo ao Menino Jesus pelo momento maravilhoso que estava acontecendo e o casal partiu sem que ninguém soubesse seus nomes e de onde teriam vindo. Tudo foi feito anonimamente, pela Graça do Espírito de Deus.

A noite de Natal transcorreu com alegria. Clara já estava melhor, os meninos muito contentes, na mesa fartura, e na casa simples e pobre havia felicidade.

29/11/2006
Paulo M.Bernardo

Para pensar:
Teria tudo isso sido uma feliz coincidência? Mais um caso do destino? Ou milagre de Natal?

Concluo:
E ainda tem gente que não acredita em Papai Noel!!!!!
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