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Contos-->ESTRELA CADENTE -- 31/03/2009 - 21:28 (Jose Araujo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Às vezes relembro e um sorriso saudoso invade meu rosto, pois quando tinha 6 anos de idade, eu era doido pelos brinquedos de meu irmão mais velho e não fazia para mim a menor diferença, se eu tinha em meu quarto uma caixa, transbordando de brinquedos que eram só meus.

Mas de qualquer forma, eu tinha 6, ele tinha 13 e as permissões que ele estava conseguindo de meus pais chamavam minha atenção e eu nem mais me preocupava com minha principal atividade, que era capturar joaninhas e vaga lumes no quintal de minha casa.

Isto continuou pelos anos adiante, até chegou a época em que meu irmão fazia cortes modernos em seu cabelo e minha casa vivia cheia de garotas, que praticamente se jogavam no pescoço dele em qualquer lugar que estivessem.

Lembro que às vezes eu ficava irritado, pois elas entravam e circulavam pela casa como se fosse delas, abriam a geladeira e se empanturravam com as guloseimas que minha mãe preparava incansavelmente para nós.

Ele só se vestia na moda e quando não queria mais alguma peça de roupa, minha mãe a reformava para mim e quando as vestia me sentia orgulhoso, pois ele era meu ídolo e na época eu nem sabia disto, só pensava no por que de tantas exceções concedidas a ele e tão poucas a mim.

Ao passo que eu ia tomando mais conhecimento das garotas, eu já as via de maneira realmente diferente, ao ponto de nem me lembrar o quanto eu as achava chatas e asquerosas, com seus beijos melados e abraços exagerados que sempre me sufocaram desde que eu era pequeno.

Todas as meninas que freqüentavam minha casa mal me notavam, só tinham atenção para meu irmão e aquilo me incomodava, eu me sentia excluído de alguma coisa que eu mesmo ainda não sabia ao certo o que era, mas ainda assim, machucava o meu coração.

Aos poucos eu já tinha deixado de lado as amizades que eu tinha com as meninas e meninos que tinham a mesma idade que eu e só queria estar perto e conversar com pessoas mais velhas e do meu jeito, tentava chamar a atenção das amigas de meu irmão mas era em vão.

No meio do batalhão de fãs ardorosas que ele tinha, havia uma em especial que sempre que chegava em nossa casa, estivesse eu onde estivesse, ela fazia questão de me cumprimentar, me abraçando e beijando no rosto ou na testa e eu de alguma forma estava fissurado por ela, até o ponto de ficar contando os minutos, que faltavam para ela chegar quando avisava por telefone que vinha nos visitar.

Assim o tempo foi passando e a cadeia de acontecimentos da vida seguia sua seqüência, eu envelhecia, meu irmão também e principalmente ela, a garota diferente que me dava sempre tanta atenção.

Devagar fui tomando consciência do que significava sentir atração por alguém e não demorou muito já sabia que estava apaixonado por ela, mas nem de longe pensava em dizer isto ela, pois seria demais para mim.

Eu já estava numa fase em que comentava com os amigos o que sentia e eles me diziam que eu não teria nenhuma chance com uma garota seis anos mais velha do que eu.

Ela continuava a freqüentar a nossa casa e quando podíamos, trocávamos algumas idéias sobre diversos assuntos e o que mais me impressionava nela, era sua atenção, carinho e respeito, coisa que para falar a verdade, era um mistério para mim.

O tempo passou, ela já tinha dezenove e eu já tinha completado treze anos, estava ganhando corpo, ficando mais forte a mais alto e ela, mais delicada e atenciosa para comigo e aquilo me fez descobrir aos poucos que eu a amava, mas não tinha coragem de me declarar.

Nossas conversas foram sendo mais constantes, nossos assuntos e interesses em comum foram se mostrando mais evidentes e como não poderia deixar de ser, eu já estava irremediavelmente de quatro por ela.

Por vezes, ela vinha mesmo sabendo que ele não estava em casa, trazia sempre algo para minha mãe, algo feito pela mãe dela e acabava ficando a tarde toda e ai ficávamos sentados nos nossos degraus, aqueles na porta de frente de minha casa, onde nos sentávamos desde que eu era bem pequenininho e o papo era longo e tão agradável que noite chegava e a gente nem percebia.

De vez em quando, eu pensava em dizer a ela o que eu realmente sentia, mas a possibilidade de ser rejeitado me inibia, eu nem podia cogitar nesta hipótese que dava um frio na barriga, pois o medo de passar por ridículo me apavorava.

A esta altura, eu já compreendia meus sentimentos, meu amor próprio, eu já sabia distingui-los, sabia tambem que poderia estar perdendo a chance de dar a ela meu coração ficando calado, mas também sabia que se ela não aceitasse meu coração iria se despedaçar e assim pensando, fiquei em silencio e as emoções foram ficando mais fortes a cada dia, já era difícil esconder o que eu sentia por ela.

Uma noite, antes dela resolver ir embora, estávamos sentados nos nossos degraus, olhando o céu e admirando as estrelas no firmamento em silêncio, como se estivéssemos erguendo aos céus preces silenciosas, em total concentração.

Em determinado momento ela olhou para mim e perguntou se eu acreditava em fazer pedidos a uma estrela cadente e a principio até achei engraçada a pergunta, mas de alguma forma que não sei explicar respondi que sim e que se um dia visse uma eu iria tentar.

De repente, vinda do nada, surgiu lá no céu um rastro de luz, era uma estrela cadente e ela sem relutar me disse para fechar os olhos e fazer meu pedido, com todas as forças de meu coração e assim eu o fiz, fechei meus olhos e fiz um tremendo esforço ao fazer meu pedido.

Quando abri os olhos, ela estava me olhando e sorrindo e então me perguntou o que eu havia pedido com tanta força de concentração, pois estava curiosa com meu empenho, deveria ser mesmo algo muito especial e difícil de ser conseguido.

Antes de responder, engoli a seco, fiquei sem respiração, meu coração batia tão forte que parecia querer sair pela minha garganta e disse a ela que havia pedido coragem à estrela cadente, ela riu e perguntou para que eu queria coragem com tanta força, tanto desejo.

Foi então que num impulso incontrolável, eu respondi que havia pedido coragem para...

Não completei a frase, virei me e a beijei na boca com todo meu amor e por uns instantes, fui levado aos céus, em seus lábios encontrei o meu mel, minha paz, minha luz.

Quando me afastei dela, dei de cara com um olhar espantado, uma expressão atônita em sua face que logo se tornou em um lindo sorriso e então numa risada gostosa e depois de procurar algo para dizermos um ao outro, o que me pareceu uma eternidade, ela me disse com voz meiga e suave:

Bom, imagino que esta noite, nós dois tivemos sorte, porque ambos os nossos desejos, foram realizados num único pedido...

Não podemos esperar que uma estrela cadente apareça nos céus de nossas vidas para que peçamos a ela coragem para tomar uma atitude e descobrir o amor, a escolha é nossa, pois temos duas opções, ou seja, esperar e sofrer a perda em uma possível rejeição quando finalmente criarmos coragem para nos declarar, ou dar um passo à frente, arriscar a expressar nossos sentimentos e quem sabe, sermos aceitos de todo coração.

Porém, se em algum momento de nossas vidas, formos rejeitados pela pessoa por quem nosso coração bate mais forte, nem tudo estará perdido, não é preciso desespero, não devemos desistir, pois apenas ganhamos mais tempo, para encontrar e viver, um novo amor...

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